Rondônia, 24 de novembro de 2024
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150 anos de Rondon, por Andrey Cavalcante

Tive a honra de ser convidado para a inauguração da exposição itinerante relativa ao sesquicentenário de nascimento da pessoa de quem nosso estado tomou emprestado o nome. A organização do evento, realizado em Ji-Paraná, pelo Museu das Comunicações, me permitiu o uso da palavra em nome da OAB Rondônia. São considerações que considero de grande importância para nós, rondonienses, pelo que as reproduzo aqui.


Não se pode dizer que seus ensinamentos tenham sido seguidos à risca, posto que o relacionamento dos colonizadores com os povos indígenas não se pode dizer terem sido rigorosamente pacíficos no país. Mas é preciso cuidado e atenção para perceber a existência de interesses pouco ortodoxos a fomentar conflitos. Um exemplo é o que aconteceu com os arrozeiros de Roraima, em Raposa Serra do Sol, onde a Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra), aponta que a demarcação e expulsão dos fazendeiros foi um desastre para a economia do Estado, para os fazendeiros e para os indígenas.

Essas informações integram o excelente trabalho de Mário Cesar Marques na página da Exposição permanente “Rondon – o marechal da paz” montada no espaço cultural da Vila Miliar, no Rio de Janeiro. Para nós e nosso filhos, contudo, o trabalho de maior fôlego que talvez deva ser creditado exclusivamente a Rondon foi a ocupação bem-sucedida desta nossa fronteira amazônica, apontada como a provavelmente única reforma agrária que deu certo no Brasil. Desnecessário dizer que deu tão certo que nosso desempenho econômico é surpreendente num cenário nacional absolutamente pessimista. Rondon não previu isso, mas sinalizou: “devemos penetrar pela paz nos sertões”.

Não se pode dizer que seus ensinamentos tenham sido seguidos à risca, posto que o relacionamento dos colonizadores com os povos indígenas não se pode dizer terem sido rigorosamente pacíficos no país. Mas é preciso cuidado e atenção para perceber a existência de interesses pouco ortodoxos a fomentar conflitos. Um exemplo é o que aconteceu com os arrozeiros de Roraima, em Raposa Serra do Sol, onde a Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra), aponta que a demarcação e expulsão dos fazendeiros foi um desastre para a economia do Estado, para os fazendeiros e para os indígenas.

Ou o que está acontecendo agora mesmo no Mato Grosso do Sul, onde todos os indicativos apontam para conflitos de extrema gravidade entre fazendeiros e índios que dizem inclusive estar sendo arregimentados até no Paraguai. É preciso atenção, mas especialmente serenidade para que a eventualidade de incidentes como os já registrados aqui, no garimpo de diamantes da reserva Cinta Larga, não se repitam. Sem esquecer, contudo, o que os mais antigos sabiam: pescadores de bagre gostam de águas turvas.

Mas não se pode esquecer que nossa região foi habitada, em tempos imemoriais, por indígenas das etnias Aruás, Cintas-largas, Gavião, Jabutis, Canoês, Karipunas, Amondauas, Caritianas, Araras, Kaxarari, Kwazá, Ñambiquaras, Macurap, Sakurabiat, Oro-uins, Paiter e Tuparis. Quantas dessas etnias subsistiram? Quantas foram aculturadas e quantas simplesmente desapareceram? A lembrança é pertinente. Especialmente quando comemoramos o centésimo quinquagésimo aniversário de nascimento do Marechal Cândido Rondon e o sucesso do esforço de cada cidadão rondoniense na consolidação da forte economia de nosso estado, não podemos perder de vista que nossa terra é habitada também pelos índios.

Podemos assegurar que a OAB está pronta a contribuir com a realização de estudos e avaliações da realidade rondoniense, na busca de orientação sobre os caminhos a serem seguidos para garantir a continuidade de nosso desenvolvimento. E para que, absolutamente dentro da legalidade e sem se desviar daquilo que estabelece a Constituição da República, os benefícios desse desenvolvimento possam estar presentes à mesa de cada cidadão.

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