Rondônia, 23 de dezembro de 2024
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7 de Setembro, o que comemorar?

Em dias de pandemia, certamente não teremos os tradicionais desfiles militares, assim como não teve o famoso “4 de julho” dos americanos, aqui não será diferente. Tudo pelo bem da nação. Mas afinal, o que representa o 7 de setembro e, temos algo a comemorar?

Um dos fatos históricos mais importantes do país, a independência do Brasil marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política brasileira. O grito de D. Pedro I dado às margens do rio Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, é a ilustração desta mudança, muito embora a luta pela liberdade viesse de décadas anteriores e os reflexos sociais advindos pelo fim da opressão portuguesa só seriam sentidos a partir do fim do século, principalmente após a proclamação da República.

A falta de percepção sobre fatos históricos do país impede reflexões que podem mudar o modo como enxergamos a própria realidade. De acordo com o historiador Dilney Cunha, toda comemoração de algum marco ou acontecimento tem importância desde que estimule uma reflexão crítica e que coloque os fatos sob um viés histórico. “Não comemorar apenas por comemorar, mas sempre levantar questionamentos. É preciso ter uma leitura crítica desses eventos e do que eles representam pois cada grupo, em cada época, cria sua versão dos fatos”, comentou.

Voltando ao fato histórico, Dom Pedro estava sob forte pressão das cortes portuguesas e elite brasileira para que uma posição fosse tomada. Os primeiros queriam que o príncipe regente voltasse à Portugal, para que a corte pudesse recolonizar o Brasil e eliminar por aqui os focos de resistência que a metrópole começava a enfrentar com relação ao controle econômico e político.

O segundo grupo, por outro lado, cobrava de Dom Pedro sua permanência na colônia e que lutasse contra Portugal para que o Brasil tivesse a chance de se tornar uma nação independente. Sob pressão, “decidiu” ficar.

Desde 1822, onde em dezembro D. Pedro I foi coroado imperador do Brasil, vários regimes se sucederam, até chegar ao Presidencialismo, em que a população pode escolher por meio do voto direto, o seu governante. No meio disso tudo o País passou por guerras, mundiais e guerras internas, passou por um duro golpe militar, e muitas pessoas inocentes morreram pela Pátria Brasil

Atualmente o País e o mundo passam por uma crise sem precedentes ou registro na História: Pandemia, enfrentamento racial, desestruturação familiar, sem falar no campo da política. Mas imagina se naquela época, em 1822, D. Pedro I tivesse perdido as esperanças e tivesse voltado a Portugal como queriam, e o Brasil tivesse retornado à condição de colônia de Portugal? Com toda certeza a situação seria muito pior do que a que se encontra hoje.

Então, muitos podem olhar hoje para a situação de nosso País e pensar que não se tenha nada a comemorar. Mas na contramão deste pensamento, o momento demonstra que o Brasil está sendo sacudido como se estivesse num grande terremoto e a transformação está a caminho, cremos nisso.

Porém, essa transformação não deve ser somente dos dirigentes, a transformação tem que acontecer em toda população, precisa se difundir entre todos de nosso território nacional a consciência de que o bem público é de todos. Tudo que é público é de todos os brasileiros, e todos tem a obrigação de zelar pelo bem público. A prática de corrupção, tão atacada e perseguida atualmente está encrustada dentro da mente da maioria dos dirigentes, de seus funcionários, nas empresas que aceitam participar de esquemas de propinas e desvios de verbas e tantas outras ações que dilapidam o bem público e prejudica a toda a população brasileira, e também está presente na própria população que vende seu voto, que busca favores aos dirigentes públicos.

O cuidado ao patrimônio público, ao bem público, ao dinheiro público é obrigação de toda a população brasileira. No momento em que toda a população tiver essa consciência clara e fixa, o país iniciará uma nova fase.

Em 1822 quando Dom Pedro declarou a Independência, não conhecia as dificuldades do futuro, mas com certeza, tinha em mente uma nação independente e próspera. Pela evolução política, hoje a população tem nas mãos o poder de escolher os dirigentes e cobra-los compromisso, dedicação e honestidade. E tem o poder de influenciar nas decisões a serem tomadas por esses mesmos dirigentes.

Eles estão lá para cuidar do que é de todos os brasileiros, cuidar dos interesses da coletividade, não a serviço de interesses pessoais. Brasileiros, aprendamos a votar, aprendamos a cobrar daqueles que estarão no poder por meio do voto. Agigantemos-nos! Não durmamos em berço esplêndido! (texto adaptado de Kelma Carrenho)

* Célio Leandro é mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul e doutorando em História pela Universidade Federal do Paraná,, escritor e membro da Academia Rondoniense de Letras

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