Rondônia, 03 de maio de 2024
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A educação nos tempos da palmatória - Por Ivonete Gomes

"Não bastasse o salário baixo e um ambiente de trabalho por vezes insalubre, os educadores ainda lidam com uma sociedade contemporânea repleta de sérios problemas de desordem moral."


Aqueles “algozes” do passado formaram médicos, juízes, jornalistas, advogados, promotores, filósofos, antropólogos e, acima de tudo, gente com valores morais, em especial, o respeito.

Havia regras naquele não longínquo passado: nada de ir com uniforme sujo; meninos de meias e com os sapatos engraxados, meninas com saias de pregas até dois dedos acima do joelho. Namoro na escola? Nem pensar. Dona Serrate profetizava: “se ligar em cima, esquenta em baixo”. Sábia senhora.
Que suador terrível nos causava a exposição daquela palmatória trabalhada artesanalmente, com superfície lisa, de extremos arredondados sobre a mesa do professor. Havia a régua para o bel-prazer da escolha. Quanta saudade daqueles tempos da Educação na escola!
Aqueles “algozes” do passado formaram médicos, juízes, jornalistas, advogados, promotores, filósofos, antropólogos e, acima de tudo, gente com valores morais, em especial, o respeito.

Havia regras naquele não longínquo passado: nada de ir com uniforme sujo; meninos de meias e com os sapatos engraxados, meninas com saias de pregas até dois dedos acima do joelho. Namoro na escola? Nem pensar. Dona Serrate profetizava: “se ligar em cima, esquenta em baixo”. Sábia senhora.

Bendita imagem a daqueles estudantes com uniformes diferenciados. Chamavam a atenção de uma comunidade protetora disposta a delatar os gazeteiros. Sabia-se pelo fardamento em que escola os faltosos deveriam estar. Era um trabalho em equipe. Família, escola e sociedade juntas pela formação das crianças e jovens. Havia, de fato, a preocupação com o futuro do Brasil. Não era um clichê.

Na época áurea da palmatória, os professores eram chamados de mestres, inspiravam e incentivavam. Tinham plena liberdade de expressão. Podiam falar em sala o que hoje não podem mais, sob pena de incorrerem em discriminação, preconceito e outras tantas imbecilidades criadas pela ditadura do tal “politicamente correto”.

Inspirados por esses homens e mulheres, alunos de ontem que seguiram os mesmos passos sofrem agora da dolorosa desilusão. Aquele mestre respeitado até pela condição econômica é hoje um servidor público mal remunerado. Vive entre duas escolhas: lecionar porque ama ou sobreviver com a dignidade econômica de que precisa.

Não bastasse o salário baixo e um ambiente de trabalho por vezes insalubre, os educadores ainda lidam com uma sociedade contemporânea repleta de sérios problemas de desordem moral. Nossas meninas estão vulgares e violentas; nossos meninos tão perdidos quanto elas. As leis de “estado-babá” implantadas no Brasil reforçam a omissão de pais e o silêncios dos educadores. Tudo agora é assédio, preconceito e discriminação.

Chegamos ao ridículo de considerarmos a competitividade tão nociva que a média escolar foi reduzida e as provas quase extintas para garantir a um “governo democrático” o discurso de que não há mais reprovação nas escolas.

“A educação tem como função essencial preparar os indivíduos para uma vida ética, uma vida dentro de uma comunidade que precisa de sujeitos com papéis e funções sociais estabelecidas e claro, com autonomia de pensamento.” Eis a filosofia macintyreana indo para o ralo - pelo menos nas bandas da nossa Pátria Mãe Gentil cujo futuro é repleto de analfabetos funcionais.

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