A ÉTICA NA DISPUTA PELA OAB: FAÇA O QUE DIGO, MAS ESQUEÇA O QUE FIZ - Por Ivonete Gomes
Eles não se enquadram nos programas sociais dos governos e seus estômagos não lhes pesam nas decisões. Não são - parafraseando Thomas Moore - crianças abandonadas aos “estragos de uma educação viciosa e imoral”, vítimas de um governo que fabrica ladrões para depois ter o prazer de enforcá-los. Eles não são ignorantes. Eles, senhores, são advogados, profissionais forjados ao longo de cinco anos (ou mais) de estudos das leis que regem a sociedade brasileira.
Perdidos numa surreal fogueira de vaidades, as duas chapas de oposição que concorrem à presidência da seccional rondoniense da OAB desconsideram apresentação de propostas e novas ideais para dedicarem-se a ataques odiosos baseados no julgamento de que advogado é tão massa de manobra quanto o eleitor comum que vota no PT por medo de perder o Bolsa Família.
Assim sendo, é temerosa para sociedade a escolha de uma estratégia de campanha que passa a imagem de uma categoria formada por profissionais ignorantes e, portanto, manipuláveis.
Perdidos numa surreal fogueira de vaidades, as duas chapas de oposição que concorrem à presidência da seccional rondoniense da OAB desconsideram apresentação de propostas e novas ideais para dedicarem-se a ataques odiosos baseados no julgamento de que advogado é tão massa de manobra quanto o eleitor comum que vota no PT por medo de perder o Bolsa Família.
A sequiosa vontade pelo alto comando da Ordem dos Advogados do Brasil descambou para a mais pura hipocrisia e exposição da advocacia rondoniense. Senão, vejamos.
HIPOCRISIA I
A dupla militância e o segundo mandato de quem se diz contra a reeleição
Aliás, as palavras moral e ética, tônica das campanhas da oposição, remetem ao acalorado debate que chegou ao fim no STF com aprovação de alteração da proposta do novo Estatuto da Magistratura. O novo texto proíbe o exercício da advocacia para juízes eleitorais indicados pelo quinto constitucional porque, segundo o ministro relator, Gilmar Mendes, “estamos com escândalos sendo gestados. Os comentários são os piores possíveis”.
Em outra ocasião, o ex-ministro Joaquim Barbosa declarou que "ele (o advogado) cuida de seus clientes durante o dia, tem seus honorários e à noite ele se transforma em juiz. Ele julga, às vezes, causas que têm interesses entrecortados e de partes sobre cujos interesses ele vai tomar decisões à noite".
Havia um debate silencioso entre juristas desde a decisão do Conselho da OAB Nacional que vetou conselheiros do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) de exercer a advocacia. A questão ética passou a ser amplamente debatida: como pode haver segurança nas decisões de alguém que advoga para clientes privados e ocupa um cargo de juiz?
Até decisão no Congresso é permitido ao juiz eleitoral indicado através do quinto constitucional advogar nas áreas cíveis e criminais, mas o novo texto superado no Supremo surge para impedir certos constrangimentos ao Judiciário. Caso recente de Juacy Loura que, por motivos a serem abordados em ocasião melhor pertinente, não se declarou suspeito em julgamento de cassação do diploma do governador Confúcio Moura. Aparentemente, não vivenciou conflito moral e ético que impõe à Andrey Cavalcante por ter, simplesmente, aceitado o convite de outros advogados para continuar o trabalho à frente da OAB. Mais uma vez, dois pesos e duas medidas.
Outra questão a ser analisada: obtendo êxito no propósito de comandar a seccional Rondônia, Juacy será juiz e presidente da OAB/RO? Assim sendo, e levando ainda em consideração o fato dos candidatos a secretário-geral, tesoureiro e dois conselheiros federais na chapa atuarem na área eleitoral, como ficam os demais advogados que porventura cruzarem o caminho do quarteto nas eleições de 2016? Confortáveis e completamente confiantes nas decisões da corte eleitoral?
Além das palavras ética e moral, Juacy também tem usado como mote de campanha o termo DISSIMULAÇÃO. Como diz o aforismo popular: é um dedo apontado para alguém e três apontados para si mesmo.
Hipocrisia II
Um bom cobrador sempre é mau pagador?
O candidato fazia parte da gestão que adquiriu a tal dívida não quitada, mas, atualmente questionada na Justiça pelo valor cobrado. Seria até cômico se a entidade representante dos advogados não defendesse a si mesma.
Seja pela falta de atualização profissional ou puro fato de subestimar a inteligência e conhecimento dos demais advogados, Segismundo ignorou em matérias distribuídas para a imprensa as regras do Processo Civil, mais especificamente as que tratam de Embargos à Execução. Não deveria. Teve oportunidade de conhecer profundamente a matéria em julgamento de ação impetrada por ex-sócio.
Mas tudo é válido quando se trata de uma campanha voltada para ignorantes. Certo?
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