A INCOERÊNCIA DO PT DE RONDÔNIA
Dias atrás escrevi artigo a respeito da guerra silenciosa travada nos bastidores entre os grupos dominantes do Partido dos Trabalhadores. A batalha deve chegar ao fim no próximo sábado, quando ocorre uma das daquelas famosas plenárias em Ji-Paraná para tratar do comando da legenda petista, vacante desde a morte prematura do ex-deputado Eduardo Valverde. Em ligeira vantagem, o prefeito Roberto Sobrinho está fortemente ameaçado pela ex-senadora Fátima Cleide Rodrigues da Silva.
Mas o objetivo do presente artigo não é falar sobre a disputa interna, mas o que uniu esses dois grupos dissonantes. Um dos itens da pauta é o “enquadramento” do deputado estadual Ribamar Araújo (Porto Velho), personagem polêmico e antipático à nova cartilha dos petistas, sobretudo da Capital. Entende-se por “enquadramento”, salvo melhor juízo, a recolocação no trilho ideológico ou da razoabilidade determinado membro ou cidadão, discordante do pensamento comum ou código vigente.
No caso do deputado estadual Ribamar Araújo, ex-vereador de Porto Velho e eleito para o segundo mandato na Assembléia Legislativa, o PT deverá puni-lo, talvez chegando as raias da temida comissão de ética partidária, porque ousou a não comungar da decisão dos petistas de alto coturno e votar no deputado estadual Valter Araújo para presidência da Assembléia Legislativa de Rondônia. Como bom petista, Ribamar não pôde concordar com tal pensamento por causa do histórico do colega parlamentar em relação à legenda e a ex-senadora Fátima Cleide.
Durante a última campanha eleitoral, Valter, aliado do grupo ligado ao ex-governador João Cahulla, não poupou críticas a atuação da ex-senadora Fátima Cleide e também ao próprio PT, principalmente a gestão do prefeito Roberto Sobrinho. Na disputa pela presidência da Mesa Diretora, com as bênçãos da executiva, a bancada petista foi orientada a votar no atual presidente da Casa. Não se sabe o acordo firmado nos bastidores, mas passou por várias benesses, inclusive nomeações de cargos comissionados de pessoas desempregadas com o fim do mandato de Fátima Cleide no Senado. E claro, a participação de parlamentares do PT na composição da Mesa Diretora. O prefeito Roberto Sobrinho, alvo preferido de Ribamar pelo que considera a inoperância administrativa em Porto Velho, nunca teve uma oportunidade tão ímpar como essa para punir o companheiro e ainda com apoio do grupo rival.
Palavras não vão mudar o que vai acontecer no sábado. Já é certo “enquadramento” de Ribamar Araújo por não concordar com a incoerência do seu partido, bem diferente das épocas de lutas de petistas históricos como Odair Cordeiro, Jorge Streit, José Neumar e Manoel Comunista, quando partilhavam poucos trocados por esse interior afora em busca de apoio da população.
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