Acre incentiva serviços ambientais para redução de emissões de carbono
O anúncio foi feito pelo secretário de Meio Ambiente, Eufran Amaral, durante o seminário REDD e Povos da Floresta organizado pelo Fórum Amazônia Sustentável e governo estadual.
A meta é estimular extrativistas, indígenas, pequenos, médios e grandes produtores a reduzirem as emissões de gases do efeito estufa com ações que evitem o desmatamento.
O anúncio foi feito pelo secretário de Meio Ambiente, Eufran Amaral, durante o seminário REDD e Povos da Floresta organizado pelo Fórum Amazônia Sustentável e governo estadual.
- Os incentivos do Projeto de Pagamento por Serviço Ambiental se darão na forma do custeio, total ou parcial, de ações que favoreçam o aumento da produtividade, o uso sustentável, a proteção de florestas e a recuperação de áreas degradadas - disse Amaral.
O objetivo é aumentar renda familiar e diminuir pressão sobre a floresta, valorizando o ativo ambiental do estado. O projeto começará por áreas mais suscetíveis ao desmatamento, entre elas o entorno da BR 364, que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul, no oeste do estado.
- A assistência técnica para a produção sustentável nas propriedades será o principal incentivo do projeto. O recurso financeiro não é o fator de maior peso na repartição de benefícios com os produtores - assinalou Amaral.
A vertente da assistência técnica no projeto agrada aos líderes extrativistas do Acre.
- Somente com a capacitação e a profissionalização do produtor é que as unidades rurais produtivas vão se tornar viáveis economicamente, fazendo com que a gente permaneça na floresta - disse Julio Barbosa, do Conselho Nacional dos Seringueiros e membro da executiva do Fórum Amazônia Sustentável.
O secretário Eufram Amaral disse que o projeto garantirá no longo prazo a manutenção contínua dos serviços ambientais pelas comunidades. No entanto, ele ressalta que o objetivo inicial não é criar um mecanismo de pagamentos por tais serviços.
- Os pagamentos estarão atrelados ao mercado de carbono - explicou.
Dande Tavares, do WWF, que ajudou na elaboração do projeto, a proposta que o governo estadual está pondo em consulta pública poderá incorporar futuramente recursos financeiros provenientes de vários mercados, tornando-se um modelo para outros estados amazônicos.
e n t r e v i s t a - BENKI ASHANINKA
Benki Ashaninka, da aldeia Apiwtxa
Qual a sua expectativa em relação aos programas de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação?
A avaliação das queimadas e desmatamentos é algo que deve ser avaliado por todos, especialmente por nós que moramos em comunidades que sobrevivem da floresta e que temos todo um equilíbrio de sustentabilidade em relação a tudo o que a natureza nos oferece. Nós, das comunidades indígenas, estamos conscientes de que os grandes problemas, sobretudo os impactos de emissão de gases, não vem da gente. Mas sabemos que esse é um problema que nos afeta direta e indiretamente.
O que sua comunidade, na fronteira com o Peru, está fazendo para se contrapor à degradação ambiental do planeta?
Nós temos 99% de floresta protegida em nossa reserva indígena, mas estamos fazendo reflorestamento lá. Não estamos apenas dizendo que reduzir é plantar, mas nos orientando outras pessoas do entorno sobre como tirar da própria floresta a nossa sustentação. Vejo que a sustentabilidade está muito ligada ao equlíbrio e ao entendimento. Nós sabemos que, se estamos reduzindo a emissão de uma grande empresa que está emitindo o tempo todo a sua poluição, vamos dar para ela um suporte? Acho que temos que trabalhar a consciência dessas indústrias que estão por aí poluindo o tempo. Os do - um lados são importantes - um visualiza a economia e o outro a proteção ambiental.
Já existe algum retorno financeiro resultante desse esforço em sua comunidade?
Qual a sua expectativa em relação ao fato de o governo estadual incentivar serviços ambientais para redução de emissões de carbono?
A importante que tenha tornado público par que possamos o que está sendo debatido no âmbito do governo. Venho acompanhando essa discussão desde o Banco Mundial e Nações Unidas e isso tem servido para nortear alguns programas que tenho desenvolvido em nossa comunidade.
SERVIÇOS AMBIENTAIS DO ACRE
Sequ¨estro e captura do carbono
Estudos atmosféricos sugerem que florestas tropicais intactas atuam como sumidouros de carbono, absorvendo CO2 da atmosfera e armazenando-o a uma taxa de cerca de 1 tonelada de carbono por hectare por ano (Baker et al 2004). Isto soma um sumidouro global de aproximados 1,2 bilhão de toneladas de carbono por ano.
Resfriamento do ar
A floresta amazônica libera aproximados 8 trilhões de toneladas de vapor de água para a atmosfera a cada ano. Como resultado, florestas tropicais úmidas arrefecem a superfície do planeta em adição ao seu papel de remover os gases de efeito estufa da atmosfera.
Reciclagem de chuva
Até 40% da precipitação na Amazônia deriva da evapotranspiração local. Foi sugerido que expansões contínuas de florestas como a Amazônia atuam como bombas bióticas de água, trazendo umidade do ar dos oceanos e a reciclando a longas distâncias no continente. Se a hipótese de bomba biótica está correta, desmatamentos poderiam ter imensos impactos no clima regional e global. O serviço de transpiração dá suporte a outras funções e serviços da floresta e envia unidade para o sul do Brasil. Umidade é também transportada por fluxos de baixo nível atmosféricos, ou ‘rios aéreos’, milhares de quilômetros ao sul para a bacia do rio da Plata, onde agricultura, hidroelétrica e indústria geram ao redor de US$ 1 trilhão para 5 países que dividem a bacia.
Biodiversidade
Os números para a biodiversidade do Acre impressionam. O Estado conta com 30% das espécies de sapos ocorrentes no Brasil, 50% das aves, 40% para mamíferos e 10% para peixes. Para a flora 70% da diversidade de palmeiras da Amazônia pode ser encontrada no Acre, dados Zoneamento Ecológico-Econômico apontam que a cada mês no uma espécie nova e descoberta. O Vale do Juruá conta com a maior diversidade de borboletas do planeta, foram registradas 1.620 espécies para um único local. O potencial de utilização dessas espécies pelo planeta é de suma importância para as mais diversas áreas e para humanidade, uma vez que a agricultura, apenas 20 espécies diferentes de plantas são responsáveis diretas por 80% de toda alimentação dos humanos no planeta. Na medicina, 43% das drogas utilizadas são derivadas de espécies selvagens.
Disponibilidade de água pura
A rede hidrográfica do Estado do Acre faz parte da Região Hidrográfica do rio Amazonas/ Solimões, todas conformadas por rios de domínio da União, que atravessam o Estado paralelamente no sentido Sudoeste-Nordeste. Ainda, considerando que grande parte dos seus recursos hídricos é compartilhada com os países vizinhos, Peru e Bolívia, e com outros estados (Amazonas e Rondônia).
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