Rondônia, 23 de novembro de 2024
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Agropecuária – É a hora e a vez de Rondônia

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No início tudo era difícil, estradas de terras quase intransitáveis, nenhuma infraestrutura, não existia energia elétrica, as doenças tropicais eram endêmicas, faltava tudo. Enfrentaram o sol tórrido dos trópicos, a umidade escaldante e animais selvagens. Assim, construíram nas linhas e dentro das matas suas choupanas, com as traias nas costas, uma leva de filhos e a companheira dando força e apoio.

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O Estado de Rondônia tem no setor agropecuário a base de sustentação de sua economia. Levas de brasileiros dos mais diversos estados da federação para cá vieram na esperança de adquirir seu pedaço de terra para implantar a produção agropecuária. Foram incentivados pelo governo federal, ante a necessidade de preservar novas fronteiras, que utilizava o lema “integrar para não entregar”.

O INCRA teve um papel importante no assentamento destas famílias, tanto nas linhas como nos NUARES, além de estabelecer licitações públicas para as áreas maiores, principalmente nas localidades de  Corumbiara, Chupinguaia, Ji-Paraná, Ariquemes, etc.

No início tudo era difícil, estradas de terras quase intransitáveis, nenhuma infraestrutura, não existia energia elétrica, as doenças tropicais eram endêmicas, faltava tudo. Enfrentaram o sol tórrido dos trópicos, a umidade escaldante e animais selvagens. Assim, construíram nas linhas e dentro das matas suas choupanas, com as traias nas costas, uma leva de filhos e a companheira dando força e apoio.

Rondônia é fruto destes bandeirantes e pioneiros que construíram este pujante Estado e a eles devemos quase tudo. É hora de erguermos um monumento como tributo e reconhecimento pelos seus heróicos feitos e pelo alto espírito de aventura e esperança que aqui plantaram, prevendo um novo eldorado, como de fato hoje é, já estando na terceira geração e dela muito se espera.

O mundo caminha para a valorização dos preços das commodities agrícolas e pecuárias, produtos que o governo brasileiro, desde 1994, na conferência de Bretton Woods, tem se dedicado para melhor valorização no mercado internacional, tendo obtido poucos avanços. Nossas exportações são  taxadas, principalmente pela França que é campeã dos subsídios e do protecionismo, não ficando, atrás dos Estados Unidos da América, fazendo com que nossos lucros sejam menores. Sem contar com o enorme custo Brasil, estradas e escoamento péssimo, impostos exagerados e a falta de cilos de armazenamento. Portos sucateados, poucas ferrovias, financiamento agrícola insuficiente. A preferência pela produção automotiva é tanta que só no mês de janeiro/2011 foram industrializados 250 mil veículos, um aumento de 15% em relação ao ano anterior (dados da ANFAVEA). Haja etanol para tanto veículo flex. A solução é importar o combustível do milho dos EUA.

Rondônia deve ter uma política agrícola de alto nível e aproveitar o momento único em que estes produtos estão em alta. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café,  seu preço chegará muito maior no bolso do brasileiro. A alta será em consequência do aumento superior a 80% no campo.

O preço do algodão já ultrapassa 180% de aumento, o maior em 160 anos, batendo record em Nova York, vendido a 2 dólares por libra peso, dado pelo fato de o estoque mundial estar a níveis baixíssimos. O milho teve alta de 287%, sem contar com o aumento considerável do feijão e da soja.

Por estarmos na Amazônia, em Rondônia não há grandes plantações de cana-de-açúcar, mas sentimos que o litro do etanol já quase ultrapassa o da gasolina tendo em vista o número elevado de veículos, além dos produtores estarem direcionando suas produções para o açúcar que chegou a níveis estratosféricos no mercado mundial.
O New York Times publicou uma matéria com o título: “Precisamos de proteína, não de biocombustível”. Acontece que o aumento da demanda mundial e o dólar baixo estão dando vantagem para os americanos sobre o mercado brasileiro. Os EUA buscam mercados externos e nós não estamos dando conta de suprir o mercado interno, dado o apetite doméstico.

O plantio de milho pelas empresas Archer Daniels Midland Co. e Naaoyuki Shinohara, nos EUA, tem proporcionado um aumento considerável de sua produção naquele país. O Brasil perde mercado por falta de uma política mais agressiva de plantio em novas áreas e sua pouca produtividade. Basta dizer que os ianques estão exportando 13,2 milhões de hectolitros de etanol, sendo que em 2009 exportaram somente 4,3 milhões de hectolitros, e um dos caminhos da exportação é o próprio Brasil.

Registramos que o Brasil produziu 19 milhões de hectolitros no ano passado, uma queda de 61% em relação a 2009, segundo a própria associação americana, sendo que o dólar caiu 39% em relação ao real,  desde o início de 2009. A maioria dos produtores imigrou do etanol para o açúcar que tem preço mais elevado.

A oferta de etanol hidratado aos consumidores será cada vez menor, caso a produção da cana não acompanhe o aumento da demanda gerada pelo crescimento da frota de veículos flex no Brasil (União Brasileira de Cana-de-açúcar).

A produção de etanol hidratado neste ano atenderá, segundo previsões técnicas,  apenas 45% da frota de veículos flex, caso haja estoque para os próximos doze meses, considerando a produção de 632 milhões de toneladas de cana de todo o país e mantido o ritmo de crescimento atual, com previsão para 2015 de 778 milhões de toneladas, 44% da frota flex.

Até dezembro de 2010 o Brasil tinha 12,2 milhões de veículos bicombustíveis. O cenário para 2020 é de 974 milhões de toneladas e atenderá somente 37% da frota de veículos flex, conforme dados do diretor da UNICA (União da Indústria da Cana-de-açúcar), Antônio de Paula Rodrigues, obrigando a maioria migrar para a gasolina.
O aumento desenfreado do consumo de alimentos está agitando a cabeça dos economistas e políticos em todo o mundo, tendo o próprio Banco Mundial advertido que esta elevação de valores conduziu 44 milhões de pessoas para a linha da pobreza. Deve haver uma imediata reunião do G-20 para entender o momento em que o mundo vive, garantindo a segurança alimentar.

Nem tudo é só especulação, temos que admitir que o aumento da produção passa pela flexibilização de culturas geneticamente modificadas, os chamados trânsgênicos, além da diminuição dos alimentos que são transferidos para a produção de biocombustível. Basta dizer que os EUA direcionam 100 milhões de toneladas de milho para o etanol.

Sem falar que o preço do cacau nunca esteve tão aquecido e o governo estadual tem a obrigação de dar sustentação para o aumento da nossa produção. O próprio governo da Bahia baixou o Decreto 7430, através do Instituto de Cacau da Bahia, visando a autonomia sobre sua produção, não aceitando mais a intervenção do órgão federal.

A recuperação da oferta de produtos agropecuários passa por uma política de eliminação dos subsídios das nações ricas, que desestimulam a produção dos países pobres. O Brasil há muito tempo deveria ter adotado uma política de produção de fertilizantes, nitrato, fósforo e amônia (NPK), em razão da quase totalidade de importação. Temos que explorar nossas potencialidades nas fontes de produção, principalmente das reservas que se encontram na Amazônia, razão que encarece os custos de produção.

Dito isso chegamos a nítida conclusão que o estado de Rondônia, por ser um dos principais produtores agropecuários, tem o dever de aproveitar este boom que o mercado mundial está oferecendo, utilizando maior quantidade de fertilizantes orgânicos. O futuro da agricultura vai ser muito acelerado e a curva da produtividade deve aumentar. 

Por estarmos encravados na Amazônia somos impedidos de expandir a nossa área de produção, restando agilizar uma maior produtividade em nossas lavouras e pecuária. Escolhendo a melhor opção para o plantio, com novas tecnologias e sementes transgênicas, certamente cairemos na Monsanto (multinacional produtora de sementes), entre outros.

Apreender melhor a utilização da biotecnologia, o controle dos insetos e plantas daninhas, implantando culturas mais resistentes, procurar a época certa para o plantio e o espaçamento de sementes, no caso do milho 90 centímetros entre linhas, contando sempre com o aconselhamento de um bom agrônomo. Teremos assim uma maior produtividade com menor custo.

O governo de Rondônia tem que fazer a sua parte com maior competência e agilidade, mapeando o Estado e aconselhando o plantio correto por regiões. Devemos investir em órgãos técnicos para a montagem de um banco genético e campos experimentais, já que a EMBRAPA em Porto Velho é pouco aproveitada e falta um incentivo maior do governo federal.

Deveríamos ter um banco de fomento com juros menores para os pequenos produtores, constituindo um corpo técnico de nível que planeje e coordene o desenvolvimento, incentivando as áreas já plantadas com ampliação da produtividade.

A Secretaria da Agricultura de Rondônia deve instalar escritórios regionais, monitorando com eficiência o apoiamento das zonas produtoras. As estradas são de suma importância, principalmente as vicinais, se possível, asfaltando algumas ligações que facilitarão o escoamento da produção, fixando com melhor qualidade o homem no campo e incentivando o aumento das cooperativas.

O crescimento mundial acelerado de proteína, tanto vegetal como animal, parece inexorável à medida que cresce muito a população nos países emergentes. No Brasil a inclusão social para uma faixa de consumidores com maior poder aquisitivo é muito grande. Desapareceram as montanhas de trigo e de manteiga nos países ricos, pois estes preferem produtos mais saudáveis, e nós, em Rondônia, temos tudo a oferecer. Não podemos continuar com uma infraestrutura e custos predatórios, tributos altíssimos e falta de incentivo dos órgãos públicos que desestimula  os heróis do campo.

O governo de Rondônia tem o dever de entender o excelente momento que passa a agropecuária mundial, gerenciando com mais inteligência a capacitação de seus órgãos para que tenhamos duplicada nossa oferta de grãos e produtos animais para o Brasil e o mundo.

Temos terras férteis, clima excelente, água e sol no tempo certo para planejar o plantio e a colheita, além de uma população de imigrantes de elevada qualidade que está pronta para tornar este Estado um dos principais fornecedores de alimentos do Brasil.

Importante lembrar sempre que as cidades não subsistem sem o homem do campo, ao contrário, eles viverão muito bem se as cidades não mais existirem, não esquecendo que a melhor propriedade rural e o melhor adubo são frutos das pegadas do dono.

O autor é advogado

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