Além de bolas, uniformes e troféus, programa Talentos do Futuro leva esperança para as crianças de Porto Velho
No final de semana, acompanhamos a implantação das escolinhas de iniciação esportiva no Baixo Madeira. A secretária Ivonete Gomes e seus técnicos percorreram os distritos de São Carlos, Nazaré e Calama, matriculando mais de 160 alunos no programa Talentos do Futuro. A logística para a área ribeirinha não é fácil.
Além dos obstáculos naturais, como as escadas íngremes, o rio Madeira é assustador com o banzeiro e a ventania anunciando tempestades. Mas no fim da jornada, o sorriso no rosto da criançada e o orgulho dos pais pela inclusão no programa esportivo com toda indumentária e apetrechos obrigatórios para o treinamento é recompensador. Esse é o Talentos do Futuro, projeto criado em 2017, rumo à fase ambiciosa de profissionalização dos jovens atletas com a inauguração do complexo da primeira vila olímpica de Porto Velho.
Transformado em programa de Governo, o Talentos do Futuro hoje é a joia da Semes. O projeto descobriu verdadeiros talentos, como os ginastas William, convocado para a seleção brasileira transitória de Ginástica Aeróbica, e Maria Eduarda, selecionada para o torneio internacional na Colômbia, além do jovem Nícollas Marques Brito de 15 anos, contratado para o sub-15 do Atlético Goianiense. São meninos e meninas, a exemplo de tantos outros, escondidos no Baixo Madeira, nos distritos ao longo da BR-364 e nas periferias da Capital, sem a oportunidade de mostrar suas destrezas nos esportes coletivos. No Brasil de tantos abismos sociais e econômicos, o programa é um exemplo de inclusão, oferecendo uma chance aos jovens e adolescentes, alijados de qualquer oportunidade na área privada.
Na área ribeirinha, onde as pessoas lutam para sobreviver sob a ameaça constante das cheias implacáveis do Madeira e o abismo social é agravado com a escassez de políticas públicas, os pais reconhecem o esforço dos professores voluntários e elogiam a disponibilidade de tempo para ajudar seus filhos. Em São Carlos, o professor Francisco de Assis Leite é um exemplo de abnegação. Ele treina a garotada, roça o campo dos treinos, aconselha os meninos a melhorar na escola e sonha em levar seus talentos para competições fora do distrito. Assis e outros voluntários de Calama, Cuniã e Nazaré agarraram a oportunidade da Semes, que levou junto com as bolas, uniformes, trófeus e medalhas, a esperança de dias melhores para os futuros cidadãos de Porto Velho.
Como dito acima, o Talentos do Futuro entra na sua fase mais ambiciosa. Os melhores de todas as escolinhas poderão em 2022 integrar uma equipe de jovens atletas que terá acompanhamento profissional de alta performance. A Semes, agora um clube profissional, promete prepará-los na vila olímpica para integrar qualquer equipe Brasil afora. Não será tarefa fácil, mas com a boa vontade dos servidores, uma gestão responsável e o esforço dos alunos, com certeza Porto Velho logo se tornará um celeiro de atletas.
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