Rondônia, 25 de dezembro de 2024
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Aquicultura em Rondônia: no rastro do samurai

Por Antônio Almeida (*)

Quando se pretendeu escrever a Coluna ESPINHA NA GARGANTA não se imaginava que naquele momento estaríamos dando início a redigir os primeiros capítulos do Livro AQUICULTURA EM RONDÔNIA: Bases para o desenvolvimento sustentável, e, ao mesmo tempo, documentando um trabalho incipiente, no âmbito da pesca e aquicultura na região, e, em especial, no então Território Federal de Rondônia, tendo como cenário e palco as adversidades de uma região insalubre, em fase de colonização, onde cada trabalho desenvolvido se materializava como um marco histórico e um divisor de água — do antes e do hoje.

Desde o início dos trabalhos pioneiros e na elaboração dos primeiros projetos de piscicultura implementados na região, com vistas ao atual estágio de desenvolvimento desta atividade no estado de Rondônia, que a persistência e a obstinação foram marcas registradas e constantes em todas as fases, passando, necessariamente, pelo planejamento participativo e arrojo no cumprimento de metas, tidos como estratégias e instrumentos complementares à determinação. 

Todo fruto gerado no ventre da necessidade deve ser alimentado no seio da seriedade. ESPINHA NA GARGANTA deve ser interpretada como uma necessidade do uso da palavra para combater os indefesos usuários dos setores pesqueiro e aquícola do estado de Rondônia das garras dos aproveitadores e inescrupulosos malfeitores, fantasiados de salvadores da pátria.

Muitos não conhecem as dificuldades que foram vivenciadas no dia-a-dia por todos estes heróis anônimos, pioneiros e desbravadores que por aqui chegaram, provenientes de todas as regiões do Brasil, com uma única certeza: que dispunham de muita coragem e disposição para explorar à terra prometida pelo Governo Federal — constituindo-se, portanto, naquela ocasião no primeiro e único incentivo governamental que todos receberam, no início da colonização de Rondônia.

A pré-disposição em trabalhar a terra para obter o sustento para a sua família foi a principal ferramenta utilizada pela maioria dos colonos que ocuparam, logo no início da colonização do Novo Eldorado do Brasil, o eixo da principal estrada aberta, depois batizada de BR-364 — no então Território Federal do Guaporé, posteriormente, transformado em Território Federal de Rondônia, e em 1982, instalado e batizado como estado de Rondônia, em memória a Mal. Cândido Mariano Rondon —, e tendo como seus primeiros passos a construção de pequenas, médias e grandes barragens para atender as necessidades de suas pequenas criações de animais, com ênfase especial para o rebanho bovino e, por último, para criação de peixes.

Estas coleções de águas se prestaram durante muito tempo apenas para abastecer as necessidades domésticas, utilizadas para agricultura de subsistência e para a criação de pequenos animais domésticos e, através do incentivo do serviço de extensão rural, através da então ACAR-RO, depois ASTER-RO e, em 1984, transformada em EMATER-RO – Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural, em convênio com o Governo do Estado de Rondônia, e da então SUDEPE, passaram a ser utilizadas para as primeiras criações de peixes.

Em 1987, o governo do estado de Rondônia viabilizou a estruturação da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE – extinta e incorporada para criação do IBAMA, em 1989) que viabilizou a construção da Estação de Piscicultura de Porto Velho, próximo a então Cachoeira do Teotônio, que possibilitou a produção e distribuição de alevinos de espécies de peixes regionais, com prioridade para a espécie tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818), ocorrendo, desta forma, de fato, o início da piscicultura de Rondônia.

Com o advento da construção de uma infraestrutura física para reprodução de espécies de peixes da região – a Estação de Piscicultura de Porto Velho, com capacidade para produção de alevinos suficiente para atender a demanda do Estado, viabilizou-se a capacitação profissional nas áreas de engenharia de pesca e de biologia, que naquela época se ressentiam de tecnologia para a realização de desova artificial, em nível de laboratório e de produtor rural, e, para equacional estas limitações tecnológicas viabilizou-se junto ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Tropicais – CEPTA, na época sob a responsabilidade do IBAMA, na cidade de Pirassununga – SP, como, também, junto à Estação de Piscicultura do Rio Branco-AC, a qualificação técnica para profissionais que estavam começando a trabalhar em Rondônia para, depois, darem início, de fato, os primeiros trabalhos de piscicultura, em níveis de laboratório e de produtores rurais.

Ao longo destes capítulos, aqui apresentados neste estudo, no formato de um verdadeiro resgate da história da piscicultura no estado de Rondônia, algumas passagens são descritas e outras serão apresentadas em citações e narrativas, pois a Coluna ESPINHA NA GARGANTA não teve a preocupação e nem se planejou para se transformar em livro e, sim, se propôs mostrar apenas para o prezado leitor e amigo, que vem tendo acesso à mídia escrita e eletrônica da região, a se inteirarem sobre os trabalhos que vinham sendo desenvolvidos, no âmbito da pesca e da aquicultura no estado de Rondônia e região.

O paradoxo foi necessário e gratificante e, ao mesmo tempo, indigesto, ao ter que encarnar e desempenhar o papel de um Samurai para exercer uma profissão tão digna e nobre, indispensável na produção de alimento, com geração de emprego e renda, inclusão social e segurança alimentar, e que, no dia-a-dia, tem se tornada emblemática e exercida ilegalmente por um ousado contingente de profissionais de outras áreas, mesmo sem qualificação específica, desprovidos de escrúpulos e com ausência de resultados significantes e necessários.

De imediato se buscou a elevação do padrão de ética profissional de todos que atuam nestes setores e se dar um basta em situações suspeitas, comprovadas e abusivas de corrupção ativa e passiva, minimizar os desperdícios de recursos públicos, para se evitarem a improbidade administrativa, maximizar o aproveitamento racional das coleções de águas disponíveis no Brasil para criação de organismos aquáticos para promoverem o aumento da produção e da produtividade — através da geração e do aperfeiçoamento de tecnologias pesqueira, aquícola e gerencial.

Quando se definiu escrever ESPINHA NA GARGANTA se buscou atender a uma imposição da realidade brasileira, no âmbito da pesca e aquicultura, a fim de se contribuir com a melhoria da qualidade da produção de pescado, desde a reprodução, recria e engorda — passando por todas as fases, desde a higienização ao mercado consumidor.

Ao se fazerem um resgate histórico, com a inversão na equação, hoje, utilizada pela equipe econômica do Governo, o setor pesqueiro nacional por si só pode promover uma mudança brusca na balança comercial e, assim, passar de maior importador de pescado da América Latina para maior pólo produtor e exportador de pescado das Américas, de acordo com as potencialidades dos recursos naturais e de coleções de águas represadas improdutivas ou com baixas produtividades de pescado e passar a ocupar o merecido lugar de destaque, dentre os países maiores produtores mundiais de pescado.

Na ótica lógica da ética, justifica-se a necessidade da ESPINHA NA GARGANTA, no âmbito do setor pesqueiro e aquícola, para se fazer um desagravo diante da insatisfação em todos os quadrantes deste painel de uma profissão nova, com o exercício milenar, até então desconhecida por muitos e exercida ilegalmente por vários leigos, curiosos, aficionados e optantes pelo exercício ilegal da profissão, atribuição exclusiva do engenheiro de pesca e sem fiscalização do exercício profissional.

Tudo que tem forma, tom e cheiro de críticas se tornam ácidos, cortantes e não cicatrizantes, mesmo em doses homeopáticas, ao contrário das chagas que são abertas no peito de todos que se omitem e desperdiçam oportunidades em colocar atrás das grades  os verdadeiros corruptos, em se cortar o mal pela raiz e se evitar que as ervas daninhas se enraízem, se proliferem e passem a brotar e a semear em torceras, em áreas contíguas.

 Todos que necessitam atuar no Rastro do Samurai têm que reafirmar o cumprimento do código de honra, denominado “bushidô” como caminho do guerreiro, de cabeça erguida, sem ter medo e sem se acovardar, diante de quaisquer circunstâncias e buscar, custe o que custar, a revelação da verdade, a concepção da prática do bem a fim de promover a elevação do padrão social — através da promoção econômica da população — lutar contra a proliferação do mal, combater de frente a corrupção e a execução do desserviço público, nos mais diversos níveis.  

Neste sentido, venho aqui através de ESPINHA NA GARGANTA agradecer de público a iniciativa e a prova de amizade do colega engenheiro Nélio Alencar, explicitado através do seguinte texto, que relata na página inicial do mencionado livro AQUICULTURA EM RONDÔNIA, no prelo e fase de publicação, com lançamento previsto para o mês de setembro próximo.

Quero através deste espaço agradecer a generosidade e a amizade do presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Rondônia, engenheiro Nélio Alzenir Afonso Alencar em prefaciar este trabalho, transformando-o em livro, sob o título de AQUICULTURA EM RONDÔNIA: Bases para o Desenvolvimento Sustentável e, ao mesmo tempo, materializar um sonho de uma verdadeira saga na implementação de ideias em realidade, através deste documentário.

“Agradecer” pela viabilização da publicação deste documentário, no formato de livro  AQUICULTURA EM RONDÔNIA seria um termo um tanto quanto vago, portanto, vou tentar transformar este vocábulo por um “muito obrigado”, acompanhado de um grande abraço e lhe desejar que Deus retribua este gesto e suas palavras em bênçãos celestiais exponenciais.

(*) Antônio de Almeida Sobrinho nasceu na cidade de Jaguaruana-CE e estudou o curso primário em sua cidade natal e o secundário em Fortaleza, capital do estado do Ceará. Lecionou Matemática nos principais “Cursinhos” de Pré-Vestibular de Fortaleza, de 1970 a 1977, conciliou tempo e determinação, e, em 1977, graduou-se em Engenharia de Pesca pela Universidade Federal do Ceará -UFC.Em 1978 se transferiu para a Região Amazônica, fixando residência em Porto Velho, capital do Território Federal de Rondônia, hoje, estado de Rondônia. Atuou como extensionista na ASTER-RO, hoje EMATER, de agosto de 1978 a julho de 1996 e, ao mesmo tempo, assumiu cargos relevantes como o de Coordenador Regional da SUDEPE do Estado de Rondônia, consultor do CNPq — Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e consultor do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, através do IBAMA/CNPT, de janeiro de 2000 a dezembro de 2001. Através da Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR, em 2006, concluiu o Pós-Graduação (Stricto sensu) em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, em nível de Mestrado.

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