Rondônia, 23 de novembro de 2024
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Falsa polêmica portuária

Independentemente das avaliações político-ideológicas, há que se reconhecer o ousado caminho trilhado pelo Brasil na ocupação de espaços dentro do cenário político e econômico mundial. Saímos da posição passiva de sermos o país do futuro e passamos a ser o país do presente. O crescimento impõe ações de governo com autoridade e credibilidade. Ocupar espaços externos não pode ser colocado numa falsa relação dicotômica do tipo “fazer isso ou aquilo”. Precisamos fazer tudo... e rápido, para ter o direito de ocupar. Não cabe, para os que pensam estratégica e necessariamente em um país maior, desprezar a presença física do Brasil de modo mais global. Precisamos do mercado externo ou não? Entre 2006 e 2012, por exemplo, nossa relação comercial com a África aumentou 85%. Por que isso aconteceu? Foi fruto do acaso e da intervenção divina? Por qual motivo não foi feito antes? É suficiente ou queremos e precisamos de mais? Como faremos isso?



1º- Estados Unidos – PIB de 16,72 trilhões de dólares;

Ao final de 2013, o Brasil se consolidou como a sétima economia do mundo. Mesmo com a desvalorização do Real (essa mensuração é feita em dólares), o país mostra força e capacidade econômica de crescimento sustentável de longo prazo. Vejamos nossos coleguinhas dos BRICs e outros:

1º- Estados Unidos – PIB de 16,72 trilhões de dólares;

2º- China – PIB de 8,93 trilhões de dólares;

7º- Brasil – BIB de 2,19 trilhões de dólares;

8º- Rússia – PIB de 2,11 trilhões de dólares;

11º- Índia – PIB de 1,75 trilhões de dólares;

33º - África do Sul – PIB de 353 bilhões de dólares.

Nossos “hermanos” argentinos ocupam a honrosa 26º posição, com um PIB de 484 bilhões de dólares, Venezuela em 32º, com PIB de 367 bilhões de dólares e o pequeno Portugal a 49º, com 219 bilhões. Lembremos que esses números brutos escondem outros detalhes importantes como população, níveis de formação, riquezas naturais,... simpatia, entre outros.

3.  Visão estratégica para nossa economia

A polêmica absurda levantada por alguns sobre o Porto de Mariel, em Cuba, cujo financiamento foi estrategicamente articulado pelo Brasil, além de recheado de desinformação, traz em si visão deturpada e limitada diante do papel que nosso país deve exercer, não só na América Latina, mas, principalmente, no cenário mundial. Os bilhões de dólares gastos em Cuba, na realidade, são US 957 milhões de dólares. Desse total financiado, US 802 milhões estavam condicionados à compra de materiais e serviços dentro do Brasil, ou seja, serviu também para financiar a economia tupiniquim. Essa mobilização financeira do BNDES incrementou, dentro do nosso país, um pouco mais de 155 mil empregos diretos, indiretos e os chamados empregos induzidos. Cuba é uma imensa fronteira econômica a ser desenvolvida rapidamente com o paulatino fim do absurdo “embargo econômico” imposto pelos Estados Unidos. Por qual motivo o Brasil não deveria ocupá-lo? Por que deixar isso para os chineses ou canadenses?

4.  Visão estratégica continental

A inauguração do Complexo Portuário de Mariel no contexto da reunião da II CELAC (Comunidade dos Estados Latinos Americanos e Caribe) acontecida em Havana, no final de janeiro deste ano, tem dois fatores significativos. Na prática, fere mortalmente a política de isolamento econômico imposto pelos Iankes aos sofrido povo Cubano e, por outro, com a participação de 33 países e do Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Mon, consolida a CELAC como organismo alternativo à OEA, hoje esvaziada e vergonhosamente controlada pelos EUA. Qual a dificuldade em se entender o quanto essas relações e participação política são importantes para o Brasil crescer? Colocar argumentos contra os investimentos estratégicos do Brasil no exterior como sendo política de abandono das infra-estruturas do país é, no mínimo, má fé, já que burrice nesse patamar só é possível em desenhos animados de fundo de quintal...

5.  Os cachorros latem (muito)

No mais, como não poderia deixar de ser, o empréstimo está sendo pago em dia pelo Governo Cubano. O Porto, na baía de Mariel, Província de Artenisa, e a 40 km de Havana, terá capacidade de operar com 1 milhão de containers por ano, abrirá espaço para empresas brasileiras se instalarem, incrementará o comércio dos produtos produzidos aqui no Brasil e, consequentemente, ocuparemos um espaço privilegiado na estratégica região do Caribe desde sempre dominada por americanos, canadenses e espanhóis. Querer transformar ações como essa em bandeira político - eleitoral negativa não é só um equívoco. Trata-se de despreparo total para a condução do Brasil num momento de afirmação continental na qual a busca da diversificação de mercados é vital para a robustez de nossa base econômica. Neste nível, jamais teremos a dicotomia do tipo “Mariel ou nossos 37 Portos em modernização”... alguém vê lógica nisso? Sempre será um conjunto. Por mais inacreditável que pareça, não somos mais uma rebubliqueta de bananas abandonada lá no cantinho do hemisfério Sul. Independentemente de partidos, esse é o caminho da nação.

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