Hildebrando Pascoal se considera preso político
Após três horas e meia de manifestação, o Ministério Público chegou a cobrar do juiz Leandro Leri Gross, da Vara do Tribunal do Júri, que tomasse uma decisão no sentido de forçar Pascoal a encerrar a sua defesa.
No começo do depoimento, Pascoal se reservou ao direito de não responder quando o juiz perguntou-lhe sobre quem havia torturado e assassinado o mecânico. O réu disse que faria revelações sobre a autoria ao término de seu depoimento e avocou o direito de fazer a própria defesa
Após três horas e meia de manifestação, o Ministério Público chegou a cobrar do juiz Leandro Leri Gross, da Vara do Tribunal do Júri, que tomasse uma decisão no sentido de forçar Pascoal a encerrar a sua defesa.
- Ele está tergiversando em relação às acusações que lhe são impostas e que o trouxeram ao banco dos réus - afirmou o promotor de Justiça Álvaro Maia.
Leandro Gross reconheceu que Hildebrando Pascoal não estava se atendo ao “crime da motosserra”, mas ponderou que não poderia cercear o direito dele de se defender como bem entendesse sob pena de ser arguida futuramente a nulidadade do julgamento.
- O senhor pode continuar a autodefesa, mas precisa compreender que a maneira como está procedendo não contribui para o convencimento dos jurados Aqui o senhor precisa explicar aos jurados sobre quem levou a vítima para o galpão onde foi torturada, quem a retirou de lá e quem a torturou e assassinou - advertiu o juiz.
O bispo dom Moacyr Grechi, que esteve à frente da diocese de Rio Branco (AC) durante 27 anos, participou como testemunha de acusação. Ele se reportou a vários episódios para reforçar o envolvimento de Hildebrando Pascoal como líder do esquadrão da morte no Acre.
- Quando sequestrou a mulher e os filhos de José Hugo, assassino de seu irmão, várias autoridades se reuniram na sede do Tribunal de Justiça. Ele chutou a porta e invadiu a sala e ameaçou a todos. Quem me contou no mesmo dia foi o desembargador Arquilau Melo [atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Acre]. Na ocasião, o Arquilau disse: “Somos reféns de um bandido” - relatou o bispo.
Porém, Grechi fez questão de assinalar que Hildebrando Pascoal jamais o ameaçou. Ele disse que uma fonte teria lhe revelado que ex-coronel o mantinha numa lista de adversários em relação aos quais não alimentava ódio.
- Meus sentimento em relação ao senhor não mudou em nada, bispo - afirmou Pascoal quando Grechi passou por ele o cumprimentou com um aperto de mão no banco dos réus.
- A iniciativa do cumprimento foi minha, mas também dele - disse o bispo ao deixar a sala do júri.
Veja Também
Desembargador suspende decisão de soltura do ex-coronel Hildebrando Pascoal
O prejuízo do acordo com deságio em precatórios
O valor da independência da OAB para a Justiça e para a Sociedade
Liderança que acolhe e fortalece: O compromisso de Márcio Nogueira com a Advocacia e com as Mulheres