Rondônia, 21 de novembro de 2024
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Marcos Rocha diz que Rondônia precisa de mudança e anuncia filiação em partido que não existe no TSE

A pretexto de explicar as mudanças estatutárias e organizacionais do União Brasil, futuro partido criado com o anúncio da fusão do PSL e Democratas, o chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, promoveu um grande comício antecipado em uma igreja evangélica de Porto Velho para o governador Marcos Rocha. Prefeitos e deputados estaduais alinhados com o Governo trouxeram caravanas do interior para aplaudir o discurso do governador, que assumiu a condição de candidato a reeleição prometendo “mudar o Estado” através de “novos caminhos”. Marcos Rocha saiu carregado nos braços dos apoiadores crentes na tal mudança que ele prometeu aos gritos sob os olhares de uma plateia enfeitiçada pelos “poderes milagrosos” de seu mandrake.

Dias atrás, Gonçalves armou outro palco para seu chefe. Criou um encontro de prefeitos e vereadores justificando o gasto público como a forma encontrada para “alinhar” os pedidos dos prefeitos às políticas governamentais. Na verdade, o fórum serviu para os dirigentes municipais conhecerem o secretariado de Marcos Rocha, que vive trancado nas salas do CPA e, a exemplo do governador, não tem agenda para prefeito e muito menos para vereador. Às vésperas da eleição, foi feita a promessa de um “saco de bondades” no valor de R$ 600 milhões para investimentos em projetos de infraestrutura. Como os recursos são públicos e sua aplicação sujeita a fiscalização dos órgãos de controle, foi prometido o rateio idêntico aos municípios, desde que apresentem seus projetos, mas por trás a realidade é bem diferente. Apenas os prefeitos “alinhados” com o Governo e dispostos a apoiar a reeleição de Marcos Rocha terão acesso a esse dinheiro. Prova foi o encontro na igreja no sábado, quando o próprio governador anunciou a filiação de 18 prefeitos: “...Em MENOS de quatro horas afiliamos 18 prefeitos e milhares de pessoas, tornando o União Brasil (atual PSL) o maior partido de Rondônia!” (texto extraído do Facebook).

Embora tenha feito barulho e mostrado força aos eventuais predadores, o discurso do governador destoou da realidade. Quando ele fala em mudar Rondônia, reforçando a frase “mudar de verdade”, Marcos Rocha se comporta como não fosse governador há 2 anos e 11 meses, como não tivesse o poder de investir na recuperação das estradas, amenizar o sofrimento daqueles que procuram o João Paulo II e são obrigados a receber atendimento no chão, ofertar investimentos para reduzir o desemprego e a miséria, enfim mudar verdadeiramente o Estado de Rondônia e não apenas em suas retóricas antecipadas de campanha.

Outro fato que chamou atenção do megaencontro foi a “filiação de 18 prefeitos e milhares de pessoas” ao União Brasil. O novo partido não existe no mundo jurídico. Há apenas uma intenção de fusão entre o Democratas e o PSL e sua criação é apenas simbólica. No último dia 16 de novembro, dirigentes das duas siglas apresentaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o pedido de registro do União Brasil e o relator é o ministro Edson Fachin, que ainda não deu provimento no processo. Veja a matéria no link ( https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/uniao-brasil-apresenta-pedido-de-registro-ao-tse-moraes-e-o-relator). Portanto, o União Brasil não existe de fato e nem poderia receber filiação alguma. Não acompanhei o evento, mas duvido que algum dirigente do PSL tenha orientando os futuros filiados sobre as normas do novo partido, que estão disponíveis na internet (https://dem.org.br/uniaobrasil/) para leitura, sem a necessidade de grandes eventos patrocinados pelos amigos do governador.

Sob o olhar holístico, esses dois encontros (prefeitos, vereadores e dos militantes) serviram para mostrar que o governador mudou de postura. Ele saiu da clausura do CPA, fala com as pessoas, ouve pedidos e distribui sorrisos para o povão. Durante boa parte de sua gestão, ele não recebia prefeitos, deputados e nem senadores. O senador Confúcio Moura não foi recebido por Marcos Rocha em determinada ocasião e saiu reclamando que seu ex-auxiliar estava picado pela mosca azul do poder. Quem sabe essa bondade toda transforme a Agricultura, onde falta planejamento e programa de incentivo ao produtor, a Saúde, Educação e traga a tão sonhada regularização fundiária às famílias rurais. Se realmente ele é a ferramenta de Deus, como ele mesmo deixou claro nas redes sociais, então terá mais compaixão pelo próximo, principalmente aqueles que foram obrigados a ficar em casa na pandemia e perderam seus empregos ou àquelas pessoas enfermas deitadas no chão frio do João Paulo II.

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