Rondônia, 16 de novembro de 2024
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Medicina em Rondônia. De Oswaldo Cruz a José Adelino da Silva

O médico não deixa de ser um enviado de Deus com a sublime missão de dominar a dor do corpo e da alma do ser humano, que prolonga e salva vidas. É a mão divina presente nos momentos de sofrimento. Por isso deve ter plena consciência da responsabilidade maior de exercer a mais nobre profissão entre tantas outras. (Tadeu Fernandes)



Dentre os pioneiros da Medicina em nosso Estado lembramos o Dr. Carlos Sampaio, representante da estrada de ferro Madeira Mamoré, que recebeu na Candelária, em Santo Antônio, o médico sanitarista Osvaldo Cruz que veio até aqui para realizar estudos para sanear os canteiros de obras em relação às doenças tropicais, principalmente a malária. Osvaldo Cruz foi o primeiro Diretor do Instituto Federal Soroterápico para a produção de soros e vacinas, criado no Rio de Janeiro em 1900.

Os profissionais de outras áreas que prestam serviços ao poder público recebem o justo e o merecido ganho quando prestam seus serviços, não acontecendo o mesmo com os médicos. Por razões desconhecidas seus vencimentos são menores, inexistindo o reconhecimento da sua vital importância para toda a sociedade, devendo suas forças representativas, sindicatos, etc., lutarem com mais ênfase para obter isonomicamente o mesmo tratamento.

Dentre os pioneiros da Medicina em nosso Estado lembramos o Dr. Carlos Sampaio, representante da estrada de ferro Madeira Mamoré, que recebeu na Candelária, em Santo Antônio, o médico sanitarista Osvaldo Cruz que veio até aqui para realizar estudos para sanear os canteiros de obras em relação às doenças tropicais, principalmente a malária. Osvaldo Cruz foi o primeiro Diretor do Instituto Federal Soroterápico para a produção de soros e vacinas, criado no Rio de Janeiro em 1900.

Na época não havia, com raras exceções, médicos especialistas em determinadas áreas. Eram, na maioria, clínicos gerais, verdadeiros sacerdotes da medicina que, mesmo com escassos recursos de equipamentos e ineficiência dos laboratórios de análises clínicas, utilizaram de seus aprendizados para oferecer bons serviços à população.

Lembro do Dr. José Adelino da Silva, pessoa de hábitos simples e que vivia intensamente a vida, inteligente, fazia amizade com facilidade, tratava a todos com  simplicidade, sempre pronto para servir a qualquer dia e a qualquer hora. Podíamos contar com ele, um filantropo por convicção.

José Adelino era um estudioso das doenças tropicais, principalmente a malária.  Viajou por vários países para estudá-las e compreendê-las com o fito de encontrar uma medicação eficiente. Meus filhos, ainda crianças, por ele eram tratados. Quantas madrugadas permaneceu sem dormir, e só saía quando o quadro clínico se estabilizava.

Nos seus momentos de lazer gostava de espairecer no Bangalô do Macalé e no Jangadeiro. Alegrava-me com ele sentar à mesa nesses ambientes. Deixou uma história e exemplo como médico, tendo inclusive exercido o cargo de Secretário de Estado da Saúde, não se omitindo quando defendia os interesses de Rondônia. Era apaixonado por esta terra.

Assim era o Dr. José Adelino, o bom amigo que procurava fazer o bem. Na sua alma não havia espaço para maldades.

A classe médica era constituída à época por poucos profissionais e com muita dificuldade deixaram um legado no sentido de que com dedicação e muito trabalho é possível assistir aos doentes e necessitados mesmo quando desprovidos de bons instrumentos de trabalho e tecnologia moderna. Os chamados médicos da família prestavam trabalho desde um pequeno problema de verme até as operações mais complicadas, cada um procurando contribuir com o outro para salvar vidas, com ética e disciplina médica.

O decano da Medicina em Rondônia, Dr. Jacob de Freitas Atala é outro bom exemplo a ser seguido. Muitos ainda o procuram para ouvir seus conselhos e sábios conhecimentos de sua vasta experiência. Minha esposa trabalhou com ele na Secretaria de Educação, implantando o ensino especial no antigo Território em 1980. É um homem de bem e de vida simples, referência de dignidade e portador de inequívoca ética profissional.

O Dr. Hamilton Gondim deixou a marca do bom exemplo através da simplicidade e da eficiência como prestava seus serviços médicos. Não se incomodava com o tempo que o paciente ficava consigo relatando seus problemas de saúde. Deixou seu competente filho médico Paulo Gondim e seu genro Viriato Moura que continuam seguindo seus exemplos e dando continuidade a nobre obra por ele iniciada.

São boas as lembranças dos pioneiros da medicina em Rondônia. Foram os que plantaram as primeiras sementes dos serviços médicos e criaram o Conselho Regional de Medicina em 1963, tendo como primeiro presidente o Dr. Ary Pinheiro. Dentre eles cito Dr. Rachid Jaudy, cirurgião que, com sua habilidade, salvou muitas vidas no antigo Hospital São José, desativado em 1983, após a inauguração do Hospital de Base, o qual foi construído na administração do Governador Jorge Teixeira, na época um dos mais modernos da região.

Destaco ainda o Dr. Antonio de Jesus Cantenhede, Dr. Lourenço Pereira Lima, Dr. Osvaldo Piana, Dr. Ary Tupinambá Penna Ribeiro, Dr. Ernesto Laudelino de Almeida, Dr. Rubens Brito, Dr. Juscelino Leocádio da Rosa, Dr. Dalto Schwartz, Dra. Graça Guedes que cuidou de meus filhos, o médico Joaquim Augusto Tanajura, Dr. Ivan Carlos Garcia Caramori, de Rolim de Moura, Dr. Samuel Castiel, Dr. Joviano Alves de Macedo, exemplo de retidão e abnegado profissional que atendia seus pacientes com respeito, homem sincero e justo. Há ainda tantos outros que devem ser relembrados e condecorados pela classe médica.

Em 1984 convidei o Dr. Sérgio Carvalho, Médico Urologista que clinicava em Paranavaí, no Paraná, para vir à Rondônia, pois já era amigo do seu pai José Vaz de Carvalho que foi Prefeito três vezes e Deputado Federal. Veio juntamente com seu irmão, o Médico Pediatra Dr. João Carvalho que se encontra até hoje em Porto Velho.

Quando o Dr. Sérgio Carvalho chegou tive o privilégio de hospedá-lo em minha casa até que o Dr. Adelino, Secretário da Saúde o contratou para trabalhar no Hospital de Base. Fomos com o Chiquilito Erse, que era Secretário da Administração para ultimar sua documentação. Em seguida o Dr. Viriato Moura e Dr. Iran Galo, diretor e vice do Hospital, lhe deram posse. Foi um bom Médico Urologista e como Político desempenhou com dignidade seu mandato. Tinha um futuro brilhante, mas prematuramente nos deixou.

Lembro que o Dr. Sérgio Carvalho, o Dr. Victor Sadeck e o Dr. Valter Coelho se uniram para construir uma clínica médica especializada em Urologia em um prédio próximo ao Hotel Vila Rica. Tal sociedade era constituída de três médicos de excepcional competência.

Voltando ao Dr. José Adelino, eis uma pessoa que representou com muita propriedade o espírito de solidariedade e de entrega como ser humano que exerceu a Medicina com paixão, sem distinção de pacientes, que a todos atendia com paciência independentemente da sua condição financeira.

A árdua tarefa de exercer a Medicina exige muita paciência, resignação e vontade de servir. A recompensa financeira e o sucesso profissional é o resultado da eficiência e conhecimento de cada um, além do necessário e constante aperfeiçoamento  em cursos e congressos médicos. Assim serão lembrados por seus pacientes e pela sociedade, atentos ao princípio da ética e respeito perante seus pares.

Os pioneiros da medicina em Rondônia merecem uma página especial e o nosso reconhecimento. Viveram um período difícil e com poucos recursos, o que não os impediu de irem à luta, abrandarem sofrimentos e salvar vidas mesmo com os meios precários de que dispunham.

Rondônia e Porto Velho especialmente vivem outro momento em que são construídos prédios de atendimento médico dos mais modernos, com implantação de equipamentos novos que nada devem aos grandes centros urbanos do Brasil e que conta com uma classe médica que se atualiza dentro e fora do Brasil, buscando conhecimentos e evolução da Medicina para prestar bons serviços. De se destacar também a criação de várias Faculdades de Medicina, o que não havia há poucos anos.

Os centros médicos existentes já são dotados de equipamento de última geração e a maioria dos profissionais estão se atualizando e investindo em conhecimento.

Termino prestando minhas homenagens a todos aqueles que atuaram e atuam na área médica, abrandaram e abrandam angústias, salvaram e salvam vidas. Souberam e sabem dignificar a profissão que escolheram, amenizando o sofrimento de uma população que muito depende dos bons e imediatos serviços médicos.

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