Rondônia, 24 de novembro de 2024
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Morrer é preciso

Houve uma época, para nos situarmos no tempo, no nascimento de Jesus, que o Papa Gregório iniciou a contagem de nosso calendário como ano zero, isto é pouco mais de dois mil anos, a expectativa de vida era de vinte e um anos. Foram necessários mil e novecentos anos, isto é, há cem anos para essa expectativa ampliar para trinta e dois anos. Hoje, a tecnologia existente, fez a medicina dar um avanço em diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças, e a expectativa salta para setenta e quatro anos. Para entender isso, basta lembrar que embora muitos estejam morrendo cedo, de acidentes, assassinatos, doenças por falta de tratamento adequado, para chegar nessa média, muitas pessoas estão vivendo mais de cem anos.

Li há poucos dias, um artigo de um cientista afirmando que o homem que vai viver mil anos já nasceu. É assustador, mas é factível. É impressionante o que o desenvolvimento da ciência médica, aliada à engenharia genética, estão fazendo. Várias doenças que matavam nossas crianças, já não existem. As vacinas estão acabando com as doenças virais e os antibióticos ficam a cada dia mais letais. As cirurgias estão mais seguras e menos invasivas. Transplantes estão se tornando comuns. Agora, com as células tronco, já se fabricam alguns órgãos e no futuro próximo teremos lojas de vendas de órgãos, tais a que temos de peças de carro.



O aumento da expectativa de vida, não tem retorno. A tecnologia avança assustadoramente. As crianças já nascem conectadas nas redes sociais, com suas fotos postadas no facebook , com babá eletrônica cuidando, deixando os pais mais tranqüilos.

Será isso bom? Pessoalmente creio que não. Entendo que a vida é tão boa, tão querida, exatamente por ser finita. Na medida em que ela não tiver fim, se tornará tediosa, será cansativa, não haverá renovação. Acredito que o melhor é manter a lei da Natureza: Nascer, crescer, reproduzir e morrer.

O aumento da expectativa de vida, não tem retorno. A tecnologia avança assustadoramente. As crianças já nascem conectadas nas redes sociais, com suas fotos postadas no facebook , com babá eletrônica cuidando, deixando os pais mais tranqüilos.

Mas morrer é necessário; a palavra eternidade me amedronta e assusta. Acaba a beleza do instante, daquele momento mágico que você vive uma grande alegria, ou um grande amor com intensidade. Vivemos procurando sempre estar felizes porque sabemos que um dia não estaremos aqui.

Deslumbramos com o nascer do sol e ficamos felizes por estar vivos para presenciá-lo; caso contrário será apenas mais uma tediosa repetição, sem sentido.

A morte nada mais é do que uma passagem necessária, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma, não existe borboleta sem a morte da lagarta, é preciso morrer para que se tenha nova vida.

Mesmo durante nossa curta existência atual morremos todos os dias. É que estamos acostumados a pensar em morte como ausência de vida, e isso é um erro. Existem outros tipos de morte e precisamos morrer todo dia.

A morte nada mais é do que o ponto de partida para o início de algo novo. "É a fronteira entre o passado e o futuro..." Se você quer ser um bom universitário, mate dentro de você o secundarista aéreo que acha que ainda tem muito tempo pela frente. Quer ser um bom profissional? Então mate dentro de você o universitário descomprometido que acha que a vida se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas. Quer ter um bom relacionamento? Então mate dentro de você o jovem inseguro, ciumento, crítico, exigente, imaturo, egoísta ou o solteiro solto que pensa poder fazer plano sozinho, sem ter que dividir espaços, projetos e tempo com mais ninguém.   Quer ter boas amizades?? Então mate dentro de si a pessoa insatisfeita ou descompromissada, que só pensa em si mesmo. Mate a vontade de tentar manipular as pessoas de acordo com a sua conveniência. Respeite seus amigos, colegas de trabalho, vizinhos. Enfim, todo processo de evolução exige que matemos o nosso "eu" passado, inferior. E, qual o risco de não agirmos assim? O risco está em tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo, perdendo o nosso foco, comprometendo essa produtividade, e, por fim, prejudicando nosso sucesso. Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram, não se projetam para o que serão ou desejam ser.Elas querem a nova etapa, sem abrir mão da forma como pensavam ou como agiam.Até nas religiões se ensina que é necessário morrer para renascer, é o  significado batismo.

É preciso entender que o valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.
Nada é eterno, nem mesmo nosso universo como também não é o amor. Ficamos satisfeito que seja eterno enquanto dure.

Pense em algumas coisas, se eternas: rompimento amoroso, dívidas, desafetos, promessas não cumpridas, ex-maridos, ex-mulheres e o pior dos mundos, sogras eternas.
Agora entendeu porque morrer é preciso!

Pensamento da Semana

Não sofra. Nessa vida nem tudo é perfeito. Como há alegrias, há tristezas. Como há montanhas existem as planícies Poderá ter seu coração partido, mas não permita que ele chore. Permita-se a rir e conhecer novos corações. A vida é uma busca, constante e desesperada. Há um forte impulso para a procura e o encontro provoca desilusões, perde o sentido. E o ciclo se repete. Parece que viver é uma eterna busca, e a frustração nosso destino. Acredite a dor em nossa vida é inevitável, mas o sofrimento é opcional.

Então comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama amor-próprio. Desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Isso me mantém no presente, que é onde a vida começa.

E, sobretudo não deixe nada para depois, porque na espera do depois, você pode perder os melhores momentos, as melhores experiências, e os melhores e mais sinceros sentimentos.

O autoe é diretor clínico do Hospital Master Dei

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