O Estado de Rondônia sem Valverde, com haitianos, excesso de arrecadação e um "bando de picaretas" - Por Ivonete Gomes
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Não temos vagas...
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E lá se foram Eduardo Valverde e Ely Bezerra. A onda insana que tem levado prestígios de Rondônia nos deixou novamente estarrecidos. Valverde era um dos poucos políticos respeitados dentro e fora do Estado. Tinha adversários, jamais inimigos. Transitava bem no baixo e alto cleros do poder. Primava acima de tudo pela liberdade de expressão e com simpatia e preparo ímpares foi, entre seus pares no Partido dos Trabalhadores de Rondônia, personalidade a se destacar na imprensa. Valverde era também pessoa humilde e corajosa. Reconhecia publicamente falhas que cometia, mas nunca deixava de lutar pelas próprias convicções. Não estou à altura de digna homenagem, mas atendo ao pedido da simpática Mara Regina em fazê-la, embora, creia eu, a melhor de todas as honras seja o reconhecimento que Eduardo Valverde teve em vida e morte. A presidente Dilma Roussef enviou nota de pesar, o ex-presidente Lula coroa de flores e justificava da ausência. Mas, nenhuma dessas homenagens foi mais legítima que a patrocinada pela grande multidão de anônimos que compareceu na despedida da estrela do PT. Não poderia me furtar lembranças do ex-professor de Educação Física do Colégio Dom Bosco, Ely Bezerra, assessor dos mais competentes dentro das hostes petistas. Que a água desse tsunami infeliz que nos massacra desde dezembro retroceda ao mar por longo período. E que pelo bem da democracia deste Estado o Partido dos Trabalhadores de Rondônia consiga se reerguer diante de tanta dor e perdas inestimáveis. Sinceros sentimentos as esposas Mara e Marinês, aos amigos e a todos os correligionários do PT.
Não temos vagas...
Se for correta a filosofia de que a caridade começa dentro de casa, conclui-se ser de certa forma até maléfica a idéia de acolher haitianos por estas bandas. O autor de tal benevolência parece desconhecer as agruras da Porto Velho pós-usinas do Madeira. Faltam profissionais qualificados, há superlotação de hospitais públicos e privados, desemprego, problemas nas vias públicas que se tornaram insuficientes para o tráfego de veículos, além da falta de moradia e o risco diário de desabastecimento em farmácias e supermercados. Longe de qualquer xenofobia e pontuando a atual e cruel realidade classifica-se como altamente correta a decisão do governador Confúcio Moura (PMDB) de exigir providências ao Itamarati. E vale a crítica ao governo acriano. Recebeu os imigrantes, emitiu documentos e tratou de embarcar o grupo em um ônibus rumo a Rondônia. É fácil fazer reverência com chapéu alheio.
...E aqui não cabe
Não há nenhuma justificativa do ponto de vista legal para que o Brasil acolha os haitianos. Eles não são refugiados políticos, apenas vítimas de uma tragédia natural e da pobreza que os assola há décadas. Dos 1.024 haitianos que conseguiram autorização da Polícia Federal para entrar, viver e trabalhar no País, apenas 120 entrou para o mercado. E isso em Manaus que vive o “frevo” dos preparativos da Copa de 2014 e não enfrenta problemas graves de infra-estrutura como Rondônia. A decisão mais acertada seria enviar os haitianos a localidades melhor preparadas para acolhê-los.
Lições da história
A tirar pelo passado de Rondônia, o pior ainda está por vir. A época em que o estado ficou conhecido como Eldorado do Brasil, milhares de imigrantes vieram em busca do ouro, da fortuna rápida. A fonte secou e nossa herança foi o desenvolvimento desordenado e muita violência. Se as autoridades locais não buscarem soluções, a história vai se repetir ao final da construção da usinas hidrelétricas e pode se agravar com a vinda de mais gente. Temos que pegar bons exemplos como o de Santa Catarina. No auge de desenvolvimento do estado, o governo e a prefeitura de Florianópolis implantaram um curioso serviço em aeroportos e rodoviárias. Montaram o que o PT certamente batizaria de “bolsa volta pra casa”. Quem não tinha emprego garantido, recebia pequena quantia em dinheiro e instruções para seguir viagem.
Sem mudanças
Dificilmente o governador Confúcio Moura (PMDB) muda a equipe nestes primeiros quatros meses de administração. Salvo alguma ou outra exceção por problemas de ordem pessoal, o chefe do Executivo deve alterar o quadro de secretários no final do ano para contemplar aliados pouco aproveitados na estrutura governamental. No final de semana, Confúcio esteve em Chupinguaia e prometeu tornar regular as viagens pelo interior nos próximos meses para atender às reivindicações das comunidades rurais.
Pé de ouvido
Os problemas de relacionamento, gestão administrativa e política devem ser resolvidos em caráter interno. A grande crítica dos deputados estaduais é que alguns secretários não atendem os parlamentares, nem mesmo as ligações via celular para falar dos pedidos de suas bases eleitorais. Um dos que mais reclamaram é o deputado estadual Jesualdo Pires (PSB-Ji-Paraná), que topou enfrentar o grupo oposicionista na disputa pela Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. Agora, o parlamentar sofre a discriminação entre seus pares e nem seus pedidos são atendidos pelo Governo.
Excesso de arrecadação
De posse de novos números da receita em fevereiro, o senador Ivo Cassol (PP-RO) foi a rádio Rondônia na tarde desta segunda-feira contrapor o discurso dos secretários do Governo Confúcio Moura sobre as pendências financeiras deixadas pela gestão do ex-governador João Cahulla (PPS). Segundo Cassol, o ICMS cresceu R$ 40 milhões comparado ao mesmo período em 2010 e o mesmo aconteceu com o Fundo de Participação dos Estados (FPE). Somando os meses de janeiro e fevereiro de 2011, houve um acréscimo de R$ 222 milhões na arrecadação, saldo suficiente para bancar as despesas deixadas pelo Governo anterior.
Vender facilidades...
Na realidade, segundo Cassol, as dívidas deixadas são continuadas, a exemplo de água, luz, telefone e outras contas feitas em dezembro cujos pagamentos seriam efetuados em janeiro. Entende que o governador Confúcio Moura (PMDB) não deve estar sabendo do quadro, mas precisa tomar pulso para evitar que um “bando de picaretas”, segundo ele, tente quebrar as empresas dos fornecedores para comprar a “preço de banana”.
Meio sumido
O ex-governador João Cahulla reapareceu, mas para comemorar a folia de Momo ao lado do ex-prefeito Carlinhos Camurça (PP). Explicou que prefere ficar no silêncio, apesar das bordoadas dos secretários do atual Governo. Nos próximos 6 meses, Cahulla disse que vai estudar o cenário político para depois reorganizar seu grupo e discutir a possibilidade de concorrer a Prefeitura de Porto Velho.
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