Rondônia, 24 de novembro de 2024
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O seu dinheiro é um andarilho?

Estava eu num descontraído papo matinal, quando uma despretensiosa historinha surgiu do nada. Era mais ou menos assim: Já reparou como o dinheiro é algo engraçado em sua circulação? Confessei minha ignorância e aguardei os detalhes... Certa vez, o pacato dono de um pequeno hotel em uma cidadezinha (lá no interior gaúcho, entre Bento Gonçalves e Garibaldi) recebeu a visita de um viajante em busca de aposentos para pernoitar.


 
3.    A nota de R0,00... passeou!

Era um portovelhense habituado aos luxos de sua cidade. Após receber a confirmação de que havia quarto, indagou se poderia dar uma verificada no recinto. O dono do hotel achou estranho, mas concordou. Entretanto, o possível hóspede deveria deixar uma caução de 100 reais. O portovelhense entregou uma nota de “garoupa” ao gerente de plantão e saiu vistoriando o local.
 
3.    A nota de R$100,00... passeou!

Logo em seguida à tal caução, o verdureiro passa pelo hotel e cobra do gerente as dívidas pendentes pelo fornecimento de diferentes legumes e verduras. O rapaz pega os cem reais da caução e faz o pagamento. O verdureiro, um enorme alemão chamado Schultz, caminha até a farmácia e quita uma dívida feita semana anterior com laxantes. O alegre farmacêutico, Vitório Pretti, fitou o dinheiro por alguns instantes e deixou escapar um pequeno sorriso. A nota azul já ia a caminho de seu bolso quando Valleska Flex, travesti da região, adentrou de modo efusivo na farmácia. Usando um tom de voz acima da média, cobrava o arrebatador programa feito no último final de semana, lá pelas bandas de Bento Gonçalves, depois de uma cachaçada ao entardecer. Acometido de imagens impublicáveis, Vitório sacou rapidamente os cem reais e os entregou à dadivosa Valleska... saltitante como uma gazela, a nobre profissional retornou às ruas fazendo planos para gastar a  suada bufunfa. Sua alegria, entretanto, não durou. Ao passar em frente ao Hotel, o Manuel estava à porta e não teve dúvidas: - Escuta cá, ó  menina Valleska, quando é que vais me pagar a grana por ocupar meu principal quarto com teus barulhentos “amigos”? Valleska, sem alternativa, entregou timidamente os cem reais ao bigodudo lusitano. Partiu lisa... outra vez. O dono do hotel, satisfeito com o sucesso de sua ofensiva, colocou os cem reais sobre o balcão da recepção. Nisso, vem saindo o portovelhense que fora vistoriar as acomodações. Não satisfeito com o que viu, sem pestanejar, pegou os rodados cem reais de cima do balcão e partiu.
 
4.    Constatação

Esse caso simplório é algo realmente muito complexo, assustador, e, normalmente, revelador de mistérios! Se levarmos essa situação microscópica para o macro universo da economia de um país, veremos como é intrigante a circulação do dinheiro. Em um intervalo de 30 minutos, a mesma nota de cem reais resolveu quatro situações pendentes e em desequilíbrio sem que o seu verdadeiro dono tivesse conhecimento disso. Ao deixar o dinheiro parado em um local (balcão do hotel), a economia do contexto fê-lo andar, gerou riqueza, estabilizou situações e retornou à origem para seguir outros destinos.
 
5.    Já pensou?

Com isso, podemos especular algumas coisas. Onde houver maior concentração de dinheiro, haverá maior capacidade de se gerar desequilíbrios a serem superados. Haverá mais viabilidade de produção de riqueza e maior capacidade de concentração de “moedas”. Ou seja, bufunfa gera bufunfa. Se esse pensamento for correto, podemos imaginar como o sistema bancário de um país gera riqueza a partir de desequilíbrios produzidos pela própria instituição bancária. Um eficiente sistema financeiro representa um poderoso veículo voltado a fomentar o desenvolvimento de um país, estado ou região, porém, também é um gerador de desequilíbrios. Esses desequilíbrios que geram “grana” precisam ser rigidamente fiscalizados pelo Estado e seus lucros direcionados para o benefício coletivo... Simples... mas nem tanto!

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