Rondônia, 17 de novembro de 2024
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O xerife de Vilhena e a oligarquia da corrupção - Por Ivonete Gomes

Uma inimaginável cena deixou a pacata população de Vilhena perplexa. Ensandecido, o condenado da Justiça Melki Donadon e mais de 30 capangas invadiram a sede do jornal Folha do Sul, onde também está o parque gráfico, para tirar de lá exemplares do jornal impresso Rondoniagora. Entraram em salas e iniciaram o roubo sem o menor pudor. Enquanto o próprio Melki carregava as caixas,  na rua um pastor possuído ameaçava atear fogo no prédio. O circo estava armado. 

Já seria bastante grave o fato do marido da candidata à prefeita pelo PMDB, Rosani Donadon, cometer os crimes de invasão e cerceamento à liberdade de imprensa. Mas, diz o ditado, nada é tão ruim que não possa piorar. No meio da confusão, com a Polícia Militar presente para conter os ânimos, e exorcizar o pastor, surge a chefe do cartório de Vilhena e, pasmem, ordena o recolhimento dos exemplares impressos e chapas. 

Ocorre que não existiu nenhum Mandado de Busca e Apreensão. Se existe agora, certeza de que foi elaborado posteriormente ao ato e sequer chegou às mãos dos envolvidos. Ninguém da gráfica foi notificado, tampouco os representantes do Rondoniagora que estiveram pessoalmente no cartório. Esse mandamento judicial de natureza cautelar, ou satisfativa, está previsto nos artigos 839 a 843 do Código de Processo Civil que tratam, principalmente, dos requisitos para tal medida. Não existe busca e apreensão verbal. Pelo menos, até então não existia. 

Tudo isso aconteceu e acontece em um dos mais prósperos municípios de Rondônia porque lá tem um xerife, e é ele quem manda. Um xerife que responde a dezenas de processos, tem condenação na Justiça, um irmão foragido e uma ficha tão suja que precisa usar a mulher como laranja para voltar ao poder. Um xerife que intimida jornalistas, ameaça adversários e trata os cidadãos da cidade como seus meros vassalos. 

Vilhena deveria ser pauta para imprensa nacional porque vive uma realidade surreal da mais pura oligarquia da corrupção. Os maridos, condenados por saques aos cofres públicos, empurram as esposas, filhos, sobrinhos, papagaios e periquitos para a política. Marcos Donadon, procurado pela polícia, elegeu a mulher Rosângela Donadon, deputada estadual, diga-se de passagem, com uma pífia atuação na Assembleia Legislativa. O mesmo tenta fazer agora o xerife Melki com sua Rosani. É uma assombrosa e vergonhosa prática de uma família que escolheu a política como profissão e nela quer construir a aposentadoria. 

A amada, aprazível e rica Vilhena não merece ter um xerife. 

Em tempo: o grupo Rondoniagora de Comunicação impetrou Mandado de Segurança do Tribunal Regional Eleitoral, através de seus advogados Diego Vasconcelos e Márcio Nogueira, e espera reaver em breve o material recolhido indevidamente.

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