Rondônia, 23 de dezembro de 2024
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Se votar, volta?

(Análise sobre o voto a favor na 1ª Reforma da Previdência e eleição de deputados em 1998).



Afinal, na reforma da Previdência de 1998, aprovada às vésperas das eleições, o voto favorável ou contrário à reforma afetou significativamente as chances eleitorais dos deputados?

A principal votação da reforma da Previdência (PEC 22/95) do governo Fernando Henrique Cardoso aconteceu poucos meses para as eleições gerais de 1998, cenário análogo com o momento atual da política brasileira, na qual, o Presidente Temer está traçando junto com o Presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, diversas estratégias para que a nova reforma seja aprovada o mais breve possível.

Afinal, na reforma da Previdência de 1998, aprovada às vésperas das eleições, o voto favorável ou contrário à reforma afetou significativamente as chances eleitorais dos deputados?

De particular interesse para esta análise é o trabalho do economista Fernando Nery, de acordo com ele, o texto da reforma da Previdência fora aprovado com 345 votos favoráveis, 152 contrários e 3 abstenções, totalizando 500 votos. Destes 500 parlamentares, 434 se candidataram nas eleições de 1998. Logo, nota-se que a proporção de eleitos foi maior entre os que votaram a favor da reforma do que entre os que votaram contra. Dentre os que votaram a favor, 69% se elegeram (para deputado ou para outro cargo, como senador ou governador), taxa superior à dos que votaram contra, de apenas 50%.

Gastos de campanha, recursos de emenda executada pelo governo, fazer parte do partido de base do governo, participação em cargo da Mesa Diretora e quantidade de votos do parlamentar na eleição anterior, são os principais efeitos positivos relevantes, de acordo com Adriano Nery, para que os deputados que votaram favoravelmente à proposta tiveram maior sucesso do que os que votaram contra a reforma.

“Os dados apresentados acima entre voto a favor da reforma da Previdência e eleição em 1998 não dizem nada a respeito de causalidade entre estar variáveis. Isto é, afirmar que mais deputados que votaram a favor da reforma se elegeram do que deputados que não votaram a favor não é evidentemente o mesmo que dizer que estes parlamentares foram eleitos porque votaram pela reforma” (Nery, 2018, p. 5). Vale ressaltar ainda, que o momento atual do mundo político brasileiro é totalmente anômalo com o cenário das eleições de 1998.

Destarte, o estudo indicou que, naquele ano, não houve evidências de que o voto a favor da reforma da Previdência tenha afetado positiva ou negativamente o desempenho eleitoral dos deputados, contrariando a ideia de que “quem votar não volta”


¹ Raildo Sales é graduando em matemática pela UNIR, foi representante discente do Conselho Superior da instituição, foi coordenador Geral do DCE da UNIR, e foi diretor de Políticas Públicas para a Juventude da Prefeitura de Porto Velho.

REFERÊNCIAS:

NERY, P.F. Se votar, volta? Voto a favor da reforma da Previdência e eleição de deputados de 1998. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisa/CONLEG/Senado, Julho/2017.
PEREIRA, C.; RENNÓ, L. O que é que o reeleito tem? O retorno: o esboço de uma teoria da reeleição no Brasil. Rev. Econ. Polit. vol.27, n.4, pp.664-683, 2007

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