Rondônia, 25 de dezembro de 2024
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Sou quase um Deus!

Eu acho as vacinas uma prova viva de que somos divinos (ou quase). Pelo conhecimento, o Homem brinca com a vida, aproxima-se da eternidade e, ousadamente, confunde-se com Deus. Pensa só, meia dúzia de loucos olhando para microscópios, nem tão potentes assim, descobrem caminhos e misturas capazes de realização de milagres. De repente, depois do contato com soluções mágicas, pessoas normais passam a sersuper-humanas, imunes a doenças gravíssimas, capazes de dizimar milhões de vidas e semear sofrimentos incomensuráveis. Você consegue imaginar o tamanho da dor espalhada pela Peste Negra na Europa, em pleno século XIV, dizimando mais de sessenta milhões de pessoas? Como a sociedade e as famílias viviam naquele inferno? Ou o sofrimento da chamada Gripe Espanhola, que ceifou a vida de mais de 40 milhões de pessoas, em todo o mundo, no início do século XIX?


 
 3.      Imperdível!

Por uma sorte do destino a ser conferida mais tarde, nascemos e vivemos em um país preocupado com a imunização de sua gente. Assim, cada vez que nos deslocamos a um Posto de Saúde para uma picada “celestial”, experimentamos um pouco da tal divindade. É um processo quase automático. Dessa forma, nem sempre nos damos conta do quanto nos tornamos especialíssimos. Alteramos nosso corpo, transformamo-lo em fortaleza segura contra ataques invisíveis de seres minúsculos e desprezíveis que, cá entre nós, eu não tenho a mínima noção sobre a sua utilidade para a vida e deleite de nossa maravilhosa espécie.
 
 3.      Imperdível!

O Ministério da Saúde lançou, no último dia 29 de janeiro, a campanha nacional de vacinação contra quatro tipos do Vírus Papiloma Humano (HPV). Depois do dia 10 de março, meninas com idade compreendida entre 11 e 13 anos poderão ser vacinadas, gratuitamente, na rede pública de saúde de todo o Brasil. Não se trata de algo simples, pois esse parasita saliente, enxerido e assintomático é o responsável pelo desenvolvimento de 95% dos cânceres de útero no Brasil. Dá para conceber ou mensurar em sua mente a quantidade de sofrimento a ser evitada no futuro na vida dessas meninas (e de suas famílias), imunizadas hoje, com a não existência de um Câncer de Útero? Isso sem falar em qualidade de vida e economia hospitalar para o Sistema de Saúde do país.
 
4.      Notícias de um mundo louco

No meio dessas reflexões, deparo-me com a leitura de uma notícia, publicada em um jornal do Espírito Santo (... amém!), dando conta da intenção de “mães conservadoras” em não levar suas filhas para serem vacinadas, sob a alegação de que isso “seria um incentivo ao desejo do novo e ao pecado”, ou seja, um incentivo à iniciação de vida sexual ativa. Segundo elas (as mães), o caminho seguro para a imunização é a fidelidade canina e santificada de seus corpos. Desconsiderando a vontade descontrolada das ditas mães em preservar a castidade das donzelas para a noite de matrimônio, a contaminação pelo HPV não se dá apenas e tão somente, por relações sexuais, embora seja o principal veículo.
 
5.      Não vivemos na idade média!!!!

Conforme a reportagem com as mães evangélicas, ficou claro não houve uma orientação dos líderes das igrejas nesse sentido, pelo contrário. Alguns destacavam a importância das vacinas e da orientação familiar. O fato de relevo desse assunto é que os pais decididos a não vacinarem suas filhas deverão assinar um termo de responsabilidade com o Poder Público. Infelizmente, num futuro qualquer, algumas dessas mães se defrontarão com a notícia de um câncer de útero em sua filha... aquele papel assinado no passado, nesse momento, terá um peso incomensurável para si e, a partir daí, e por um tempo, a dor abraçará a todos indistintamente.
O Poder Público, temos que reconhecer, está fazendo sua parte. Mais do que justo fazermos a nossa. Afinal... todas as filhas são divinas...

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