Chico Mendes é anistiado após 20 anos do assassinato - Por Altino Machado
A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça aprovará hoje, em Rio Branco (AC), a condição de anistiado político post-mortem do líder sindical e ecologista Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, cujo assassinato completará 20 anos no próximo dia 22. A viúva Ilzamar Mendes protocolou o pedido de anistia há três anos e, a partir de agora, a família do seringueiro terá direito a receber indenização pelo fato de ele ter sido perseguido pela ditadura militar.
Outros cinco processos de perseguidos políticos da região serão julgados durante reunião no Teatro Plácido de Castro, com a presença do ministro da Justiça, Tarso Genro, e do governador do Acre, Binho Marques (PT), que ajudou Chico Mendes na organização dos seringueiros de Xapuri.
O julgamento do processo do seringueiro faz parte da extensa programação, no Acre e em outras regiões do país, para marcar os 20 anos do assassinato de Chico Mendes, que começou a atuar no movimento sindical nos anos 70 e ajudou a fundar o PT no Estado.
Chico Mendes foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional (LSN), em 1980, juntamente com os sindicalistas Lula, Jacó Bittar, João Maia e José Francisco, por incitação à desordem e ao crime. Foram acusados de envolvimento na morte do capataz Nilo Sérgio. Nilão, como era conhecido, foi emboscado por trabalhadores e assassinado a tiros de espingarda, após o assassinato de Wilson Pinheiro, então presidente do Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, dentro da sede da entidade.
Chico Mendes e seus companheiros participaram, em Brasiléia, de um ato de protesto contra o assassinato de Wilson Pinheiro. Na ocasião, diante de centenas de trabalhadores rurais, Lula usou durante o discurso a expressão está na hora da onça beber água, o que teria, na avaliação da ditadura, sido o sinal para que os seringueiros assassinassem Nilão como vingança.
Em 1983, os cinco sindicalistas foram julgados e absolvidos pelo Tribunal Militar de Manaus.
A sessão em Rio Branco é a 17ª edição (última deste ano) da Caravana da Anistia. Desde abril, quando foi lançada, passou por onze estados. A análise dos requerimentos tem ocorrido nos locais onde se deram os fatos, a pretexto de contribuir para a divulgação da história do país, para o fortalecimento da democracia e para uma maior transparência dos trabalhos da Comissão de Anistia, que já apreciou mais de 40 mil pedidos em oito anos.
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