Escola identifica problemas e melhora rendimento dos alunos em Jaci-Paraná

Divulgado na última semana pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) revelaram que o Colégio Tiradentes da Polícia Militar (CTPM II) – unidade de Jaci-Paraná, conseguiu superar problemas como prostituição e drogas que atrapalhavam a educação na comunidade. Para a capitã da PM Erika Josiani Ossuci, a nota de 5,5 superou a meta planejada pelo estado e é o resultado de grande trabalho e dedicação da direção, professores, alunos e toda a comunidade.
“Eu fiquei muito feliz de saber que o resultado, que foi além do esperado e confesso que já esperava essa nota, porque trabalhamos muito. Os professores se esforçaram ao máximo com vários planejamentos para fazer com que os alunos pegassem gosto pelo estudo e eles abraçaram isso, se dedicaram e trouxeram essa nota merecida por cada um deles”, destaca Ossuci.
A militar lembra o processo que a escola passou, as dificuldades enfrentadas no início de sua gestão.
“Eu cheguei à escola quando estava se concluindo o processo de finalização das usinas. Enfrentamos um problema relacionado à prostituição infantil e uso de drogas naquela comunidade. O colégio surgiu como uma alternativa para a prevenção e combate aos males que estavam acontecendo lá e foi isso que aconteceu quando chegou à escola militar”, relembra a ex-diretora, que agora assumiu a gestão da CPTM I, em Porto Velho.
O Ideb foi criado em 2007 e está entre os principais indicadores de qualidade do ensino básico no Brasil, sintetizando dois conceitos, numa escala de 0 a 10: o fluxo escolar – que inclui a taxa de aprovação, reprovação e abandono - e o desempenho de estudantes em avaliações que medem o conhecimento em português e matemática, considerados base para as demais disciplinas do currículo escolar. Divulgado a cada dois anos, o Ideb é obtido por meio da nota da Prova Brasil e da taxa de aprovação.
O conhecimento em português foi outro desafio enfrentado pela escola. A equipe pedagógica percebeu o baixo rendimento na leitura e iniciou um processo de nivelamento logo no primeiro bimestre. “Os alunos tinham aula normal e, no contra-turno, faziam o nivelamento nas disciplinas de português e matemática. Uma vez por semana, nós sorteávamos um dos alunos que participavam desse processo para ler porque isso fazia parte da nossa avaliação”, diz a ex-diretora.
Diferente de outras escolas públicas, a escola militar segue algumas normativas exclusivas do ambiente militar, como civismo, hierarquia e disciplina. Por conta disso, a capitã, antes de assumir a direção da unidade, recebeu um treinamento em Brasília e, ao retornar, iniciou a estruturação da parte pedagógica e disciplinar.
Inicialmente, segundo a diretora era dar um ritmo diferente e levar um ensino de qualidade para as crianças e adolescentes utilizando a educação como uma ferramenta para o resgate e combate a vulnerabilidade social. “Logo de início, nós mostramos para os alunos que eles tinham um grande potencial e que poderiam alcançar resultados positivos. À época, em conversa com eles, percebi que não tinham sonhos. Mas, nós lutamos e conseguimos mudar os pensamentos dos alunos”, pontua a ex-diretora.
A escola é considerada urbana, mas fica localizada em Jaci-Paraná, distrito distante cerca de 100 quilômetros de Porto Velho. Dentre as dificuldades para os alunos chegarem à escola estão o transporte. Cerca de 60% dos estudantes moram na área rural dos distritos e o serviço prestado pela prefeitura da Capital tem sofrido constantes problemas, principalmente com interrupção. “Eu estabeleci uma meta de não deixar a escola parar um dia sequer, e seguimos o calendário escolar estabelecido pela Seduc. Quando paralisava o transporte escolar, os pais dos alunos arrumavam meios e traziam seus filhos para estudar porque todos estavam com um só objetivo que era dar um ensino de qualidade que era esse meu planejamento”, diz.
Emocionada e com lágrimas nos olhos, Ossuci relembra todo o esforço por parte dos alunos, professores e comunidade.
"Eu me emociono quando falo sobre aquela escola porque lá eu vivi momentos de dificuldades e de alegria ao ver os alunos se dedicando aos estudos. Todo o nosso trabalho foi recompensado com essa nota que eu vou comemorar fazendo uma visita na escola para agradecer a todos. Não posso esquecer de agradecer a comunidade de Jaci-Paraná que abraçou nosso planejamento juntos com nossos professores pare que todos os alunos tivessem um bom rendimento", finaliza.
Públicas x Privadas
A diferença do desempenho escolar entre as escolas públicas e privadas se manteve estável em Rondônia. Em 2015, a rede pública estadual alcançou a nota 5,7 e subiu para 6,1, em 2017. Já a rede privada teve um avanço maior no ensino passando de 6,8 em 2015 para 7,2 em 2017. O município saltou de 4,8 em 2015 para 5,1 em 2017, segundo dados do Ideb, faltando um ponto para chegar à meta estabelecida.
Segundo o Inep, no ensino fundamental o estado atingiu 4.9, quando a média projetada era 4.0. Já no ensino médio o índice esperado era 3.3 e foram atingidos 3.8. Com este resultado, em nível nacional, Rondônia ficou em 7º lugar na avaliação das séries inicias, em 2º lugar no ensino fundamental e em 5º no ensino médio.
De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), o estado se aproxima cada vez mais da média adequada, com resultados satisfatórios em relação aos indicadores educacionais, o que significa que o caminho percorrido está dando certo.
A prefeitura de Porto Velho também comemorou a conquista de 58% das escolas da rede municipal de ensino que atingiram a meta estipulada.
O Ideb é considerado uma vitrine nacional e internacional, com indicadores educacionais que apontam o ranking dos estados com ambientes favoráveis para negócios. Os dados da trajetória (fluxo escolar – indicador de rendimento) são verificados a partir do Censo Escolar realizado anualmente.
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