Fiscalização ambiental no Guaporé é suspensa por falta de pagamento de diárias; Sedam garante retornar na sexta
A comunidade ribeirinha do distrito de Porto Rolim, a 700 quilômetros de Porto Velho, pediu apoio do governador Confúcio Moura (PMDB) para garantir o policiamento ostensivo no rio Guaporé, evitando a pesca predatória e a matança de animais silvestres. Na última segunda-feira, o destacamento do Batalhão da Polícia Ambiental abandonou o posto de fiscalização no porto que dá acesso ao Guaporé via distrito, alegando a suspensão do pagamento das diárias que é feito pela Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam). Há cerca de uma semana, o prefeito de Alta Floresta, Vantuil do Posto (PMDB), se reuniu com representantes do batalhão e da Sedam falando da necessidade da permanência da barreira policial. As autoridades estaduais se comprometeram com a comunidade ribeirinha, mas quatro dias depois, os policiais deixaram o posto.
O ribeirinho Claudionor José Dias (foto), o “Fumaça”, que cuida do porto de entrada dos turistas e moradores, explica que pelo menos 200 pessoas circulam por semana no distrito atrás de pescaria esportiva, turismo e atividades desenvolvidas pelas pousadas locais. “Simplesmente retiraram a fiscalização na segunda”, disse ele, lamentando porque os maiores prejudicados são os trabalhadores locais que vivem da exploração da pesca esportiva e o turismo ecológico. “O rio baixou e sem a devida fiscalização muita gente vai matar os peixes com zagaia e arpão”, explicou. De fato, o morador tem razão. A equipe do Rondoniagora flagrou no meio do rio Guaporé armadilhas para capturar tartarugas. 70% dos mais de 700 habitantes de Porto Rolim vivem do turismo, seja como piloteiro, dono de pousada, cozinheira ou guias.
Em contato com a reportagem, o comandante da Polícia Ambiental, coronel Aróstenes Viana de Azevedo, confirmou que os policiais de Alta Floresta foram retirados da base de Porto Rolim de Moura. Segundo ele, a vontade era mandar até 10 policiais para cobrir toda extensão do Guaporé, mas as diárias foram suspensas pela Sedam. “Estamos aguardando um posicionamento da Sedam”, explicou o comandante.
O presidente da Organização Ecológica Comunitária de Conservadores do Rio Guaporé e seus Afluentes (Ecomeg), Marclay Bolsoni Coutinho, enviou ofício ao tenente coronel Vilson Salles de Machado pedindo explicações para a suspensão da fiscalização da polícia ambiental na região. “Se ficar tudo liberado a matança indiscriminada será grande e o prejuízo ao meio ambiente será incalculável”, afirmou o dirigente da ONG.
Carteira de pescador amador
Pela legislação em vigor estadual e federal, o pescador amador precisa retirar uma carteira no Ministério da Pesca via internet para pescaria embarcada e pagar uma taxa de R$ 60,00. Com esse documento provisório, o cidadão está autorizado a pescar no Guaporé e só poderá levar 1 espécie ou 5 quilos de peixe. Com a saída da barreira, a retirada de peixe do que já foi o maior santuário ecológico do estado será indiscriminada.
O que diz a Sedam
O secretário estadual de Desenvolvimento Ambiental, Vilson de Salles Machado, informou através da sua assessoria que a fiscalização no Guaporé será retomada e permanecerá por tempo indeterminado mas a partir da próxima sexta-feira, 8. A suspensão dos serviços da Polícia Ambiental ocorreu por conta de ajustes financeiros, segundo ele.
Veja Também
Prato Fácil do governo inicia atendimento em Jaru e Rolim de Moura
Sistema Diretivo do Sindsef se reúne na última atividade de 2024
Operação da CGU e PF mira corrupção em licitações no Governo do Acre