SEM FISCALIZAÇÃO, FLORESTA DO BOM FUTURO É DEVASTADA
Na Floresta Nacional de Bom Futuro, em Rondônia, as grandes árvores já quase não existem. Em uma das áreas protegidas mais problemáticas do Brasil, a ocupação ilegal, as queimadas e a retirada clandestina de madeira já consumiram pelo menos 25% do território, e levaram embora grande parte do potencial econômico que poderia ser explorado de forma sustentável. O último relatório sobre o desmatamento da Amazônia divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indica que, apenas no mês de setembro, 11,9 quilômetros quadrados de mata foram degradadas na Bom Futuro.
Poucas árvores de grande porte permanecem em pé dentro da unidade de conservação. (Foto: ICMbio / Divulgação)Segundo a analista ambiental Cristine Suemasu, umas das pessoas responsáveis pela floresta, a equipe consegue visitar o local apenas duas ou três vezes por mês. Na última vez em que fui para lá, fomos com um carro descaracterizado, para não termos problemas, relata.
Hoje, a floresta conta com quatro servidores, que trabalham em um escritório em Rondônia, para cuidar de uma área de 2,8 mil quilômetros quadrados área equivalente a duas vezes o município do Rio de Janeiro. No interior da área protegida, vivem pelo menos 1.500 pessoas, além de dezenas de milhares de cabeças de gado. Como a ocupação é ilegal, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), responsável pela manutenção do local, não consegue obter números precisos.
Poucas árvores de grande porte permanecem em pé dentro da unidade de conservação. (Foto: ICMbio / Divulgação)Segundo a analista ambiental Cristine Suemasu, umas das pessoas responsáveis pela floresta, a equipe consegue visitar o local apenas duas ou três vezes por mês. Na última vez em que fui para lá, fomos com um carro descaracterizado, para não termos problemas, relata.
Não bastassem as queimadas e a ocupação irregular, a floresta, criada em 1988, ainda tem outro problema: cerca de 350 km² de sua área estão sobrepostos à terra indígena de Karitiana. De acordo com Suemasu, o que poderia ser motivo de conflitos acaba se transformando em solução, no caso da Bom Futuro. Para a gente, é uma forma de resguardar essa área. Os locais mais protegidos são os vizinhos às terras indígenas. Invasores têm receio de entrar no local, revela.
Saídas complicadas
Acabar com os problemas da Bom Futuro não é tarefa das mais simples. Dentro da área que deveria ser protegida já há duas vilas, escolas, igreja e até um posto de gasolina. Uma linha de ônibus, ligando a cidade de Buritis a Porto Velho, também já transita nas estradas abertas irregularmente na floresta, segundo a analista ambiental.
Uma das formas encontradas pelo Ministério do Meio Ambiente para proteger florestas nacionais é realizar uma licitação e concedê-las para a exploração madeireira por meio de manejo sustentável. Na Bom Futuro, essa não é uma boa alternativa, já que as árvores mais valiosas já foram quase todas cortadas.
No início de outubro, o Ibama anunciou que faria uma operação na região, instalando portarias de acesso nos quatro principais acessos do local, e monitorando o fluxo de entrada e saída de moradores e mercadorias por meio de um banco de dados conectado à internet. Prevista para o final de outubro, a operação ainda não aconteceu.
Enquanto a situação permanece sem controle, os quatro servidores do ICMBio responsáveis pela área ficam de mãos atadas. Hoje, estamos elaborando uma forma de fazer o plano de manejo. Trabalhamos mais no planejamento, mas não conseguimos colocar muita coisa em prática, lamenta Suemasu.
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