Rondônia, 21 de novembro de 2024
Gustavo Volpato Serbino

Passos da produção Pecuária – Bovinocultura de corte

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Gustavo Volpato Serbino

Estima-se que, no país todo, em 20 anos, até 40% dos pecuaristas deixem a bovinocultura de corte porque não conseguirão tornar a produção rentável e concorrer com os lucros de outras criações e culturas. Mesmo havendo previsão de aumento do rebanho no Brasil, só os mais eficientes continuarão.

Em Rondônia, a Bovinocultura de corte tem para si papel de vitrine quando analisamos importância econômica, produção e exportação.

Mais de 18 (dezoito) milhões de cabeças são criadas em nosso Estado, conferindo, anualmente, aproximadamente U$ 1 bilhão em exportações.

Os números trazem a 4ª posição em exportações do país e a 1ª posição da Região Norte.

Claro que o sucesso na produção se deve aos produtores, mas muito também se deve ao ótimo trabalho desenvolvido pelo IDARON, que baseado na sanidade incrementa a qualidade da carne produzida em Rondônia. E qualidade, produção e exportação andam de mãos dadas.

Porém, e sempre há um porém, a produção agropecuária na região Amazônica passa neste momento por um divisor de águas.

A expansão das lavouras de grãos vem alterando, paulatinamente, a realidade da produção pecuária.  Em média, os produtores de grãos são mais profissionais e utilizam melhor a tecnologia de ponta existente para produção, alcançando melhores resultados financeiros. São grande modelo para qualquer outra produção agropecuária. E a produção de grãos é parceira da produção pecuária, pois seus produtos e subprodutos ajudam na alimentação do gado.

O pecuarista que não se profissionalizar e não buscar otimizar sua produção acabará forçado a deixar a produção, pois as contas não fecharão.

Acompanhando a produção da bovinocultura de corte no Estado, que segue um modelo próprio, algo como misto entre o modelo neozelandês e o modelo americano (pasto e suplemento), podemos concluir que a maioria dos grandes produtores já se atentou à necessidade de otimizar a produção e colher melhores frutos. Para os médios e pequenos que ainda não conseguiram, algumas dicas por onde começar:

Neste ano, com a união de vários fatores (seca severa, número pequeno de brigadistas, greve dos órgãos de fiscalização ambiental federais, atentados criminosos, ...) o fogo e a fumaça tomaram conta do País. Não foi apenas Rondônia que ficou esfumaçada. Mas já podemos prever que doravante haverá maior rigor nas fiscalizações.

Mesmo quem não tem plena consciência ambiental terá que cumprir o que se é preconizado como um bem comum. Ou sofrerá as sansões previstas.

Afirmo que a esmagadora maioria dos pecuaristas que conheço é contra o fogo, até porque os prejuízos que este causa são enormes, mas, mesmo tendo as precauções de aceiro e demais cuidados, quando um vizinho sem escrúpulos ateia fogo em sua propriedade, é quase impossível contê-lo. Nada segura fogo na seca e este pode vir de perto ou de longe. E o prejuízo é certo, pois falta alimento ao gado, cercas precisam ser refeitas e muitas outras mazelas.

Temos a mais rígida Lei Ambiental do planeta, mas em muitas propriedades rurais não são cumpridas. Podemos não gostar ou concordar com a Lei, mas enquanto for esta a lei existente devemos cumpri-la. Não há forma diversa.

Seja por consciência ecológica, por pressões internacionais, por força econômica, por ideologia político-partidária ou por qualquer outra razão que possamos pensar, fato é que o cerco está se fechando na Região Amazônica e quem não cumprir a legislação ambiental será penalizado.

Por vez, também há saída que pode ser rentável. Entendo que o proprietário rural que mantem floresta em pé deve receber por fazê-lo. Se é para o bem comum, que receba valor de produção pela área de reserva. Mas, enquanto essa renda não se torna realidade, devemos buscar outras maneiras de rentabilizar a floresta em pé e já há outras formas. Créditos de captação de carbono, ILPF (Integração Lavoura, Pecuária e Floresta) são formas já acessíveis de obter alguma renda buscando atender a legislação e o bem estar comum.

Frigoríficos já sofrem controle externo para rastrear o gado que irá abater, para saber se é oriundo de área de desmatamento ilegal, se é de propriedade sem o devido CAR (Cadastro Ambiental Rural). E são estes mesmos frigoríficos que dão saída ao produto final da pecuária de corte, ou seja, a carne. Se não tivermos para quem vender, não adianta produzir.

E nossos pulmões agradecem.

Mãos a obra. O futuro é hoje.

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