Rondônia, 04 de dezembro de 2024
Especiais

Na reserva e longe da farda, bombeiros se dedicam a outras atividades e formas de viver

Seja no fogo, na água ou em acidentes, lá estão eles para ajudar e resgatar, enquanto a maioria corre do perigo, eles o encaram. Após tantos anos na ativa, os bombeiros na reserva atualmente fazem parte dos segurados do Instituto de Previdência de Rondônia (Iperon)

O subtenente França está na reserva há três anos e trabalha com gestão ambiental, também se formou em direito. “Depois da aposentadoria, consegui no ano de 2018, concluir o curso de direito, sou bacharel, agora estudo pra passar na OAB”, conta.

Segundo a diretora de previdência Universa Lagos, “os militares que estão na reserva só voltam a ativa caso o Estado necessite de uma força tarefa desses militares. Nesse caso eles podem ser convocados para o cumprimento de uma missão”, explica. Ainda segundo a diretora, enquanto estão nessa categoria, estão aptos para desenvolver qualquer outro tipo de função.

Já o sargento Filho pertence a reserva há nove anos, o que lhe proporciona mais tempo com a família “Como na época que eu trabalhava a família ficava um pouco a desejar, depois que fui pra reserva, tento suprir essas lacunas. Tenho uma mãe em Pernambuco, sempre estou por lá para dar uma força. Tenho um quintal também, como um bom nordestino eu gosto de plantas, vivo plantando algumas coisinhas”, detalha.


De acordo com a psicóloga do Iperon Enilsa Januário, “a reserva para muitos bombeiros pode ser encarada como um momento muito recompensador e gratificante, pois o trabalhador olha para toda sua trajetória profissional e relembra toda a sua história de luta e superação que desenvolveu em prol da sociedade”.

Há nove anos na reserva, o 1°sargento Antonio de Oliveira Filho relata que bate aquela saudade de estar na ativa, principalmente quando vê nos noticiários ocorrências grandes como desmoronamentos. “Quando acontece essas tragédias, catástrofes, a gente sente no dever de ajudar o próximo, mas já tem os mais novos que fazem esse trabalho por nós e a gente torce pelo sucesso deles”.

“Bate aquela vontade de tentar ajudar o próximo que é a missão principal do nosso Corpo de Bombeiros”, afirma o Sargento Filho.

O Subtenente Maurício Luiz de França de 49 anos está na reserva desde 2016, para ele o que mais faz falta são os amigos e a rotina. “No início a gente pensa que não vai sentir falta da rotina do trabalho, mas depois de um tempo, um ano, dois anos, sente falta”, diz.

Oriundo da Polícia Militar, o subtenente escolheu a profissão após uma tragédia familiar, o afogamento de uma sobrinha, que infelizmente veio a óbito. “Quando foram fazer o resgate, localizar o corpo dela, eu achei isso bonito, o trabalho, e optei na hora do desmembramento da Polícia Militar, achei melhor fazer essa opção para o Corpo de Bombeiros”, lembra.

Histórias

Conhecida por ser uma profissão heroica, os militares estão sempre em alerta. Para o sargento Filho, o bombeiro tem várias opções de setores para atuar. “O resgate mais marcante foi há aproximadamente 16 anos, na BR-364, um acidente envolvendo um carro e uma carreta, vieram a óbito os quatro passageiros do carro, dois homens e duas crianças. Aquele resgate foi o mais marcante, porque todos estavam sem vida. Ainda mais pelo fato de ter duas crianças, isso toca muito a gente, esse tipo de atendimento”.

Mas não acontecem apenas ocorrências tristes, o sargento conta de um parto que pode participar. “Era duas horas da manhã, tivemos que fazer o parto porque até a médica chegar, a criança já havia nascido, fiquei muito emocionado”, recorda.

Para a psicóloga Enilsa, “A profissão de bombeiro demanda uma imensa sobrecarga mental e física do trabalhador, visto ser uma profissão de risco, estando o trabalhador sempre em um estado de alerta no intuito de salvar vidas das mais variadas formas. Isso exige capacidade física, controle e equilíbrio emocional, assertividade, resiliência. Nos momentos de infortúnios da sociedade quem está lá para enfrentar as adversidades são eles: os bombeiros. E o seu intuito é sempre salvar vidas.

Foram 17 anos de comprometimento com a farda, em uma profissão que ama segundo ele o que mais marcou foi uma frase: “lá na corporação tem uma frase que foi colocada por um ex comandante que diz o seguinte: “Por uma vida, qualquer sacrifício é um dever” aquilo ficou cunhado na minha cabeça, marcado pra sempre”.

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