Pesquisa encontra genótipo da hepatite B em indígenas de RO: capital tem a 3ª maior taxa de detecção da doença
Uma pesquisa inédita da Fundação Oswaldo Cruz em Rondônia (Fiocruz-RO) identificou pela primeira vez um genótipo da hepatite B (HBV) na população indígena no estado. O genótipo D, que é mais predominante na Região Sul do país, foi encontrado em maior quantidade nesses povos, com 40,7%.
O estudo da Fiocruz Rondônia, tem como objetivo esclarecer os genótipos e subgenótipos do vírus da hepatie B. A pesquisa foi realizada em indígenas voluntários, em Guajará-Mirim (RO) e Nova Mamoré (RO), na região de fronteira do Brasil com a Bolívia.
O levantamento mostra que os 41 participantes eram de ambos os sexos e todos tinham mais de 18 anos.
Segundo o estudo, 49% dos voluntários tinham algum histórico familiar de contaminação por hepatite B.
O levantamento revela ainda que entre os participantes voluntários, mais da metade dos contaminados eram do sexo masculino com 66% e 34% do sexo feminino. A média de contaminação nesses indígenas era de mais de 12 anos.
Na caracterização genotípica, segundo a pesquisa, foram encontrados os genótipos A, D e F, sendo a frequência de 40,7% para o genótipo D (HBV-D), 33,3% genótipo F (HBV-F) e 25,9% A (HBV-A).
Os genótipos são características do vírus. No caso da hepatite B, eles são divididos em oito tipos, o D, que foi encontrado, de forma inédita, na população indígena do Estado tem uma predominância forte na Europa.
“Aqui nós encontramos esses três genótipos (A, D e F) da hepatite B. Essa pesquisa é uma forma de entender como os vírus se movimentam no mundo”, disse o médico infectologista e pesquisador, Juan Miguel.
Incidência da HBV em Rondônia
A hepatite B é o tipo mais letal entre as outras hepatites virais. Segundo a pesquisa, Rondônia é o segundo do Brasil com mais casos de hepatites B.
Para se ter uma ideia da dimensão dos casos, separamos uma amostra da realidade no estado. No Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem), referência no atendimento aos pacientes em Porto Velho, atualmente, mais de oito mil pessoas estão cadastradas para doenças crônicas, desses, mais da metade por hepatite B.
Dados do último boletim epidemiológico divulgados pelo Ministério da Saúde em 2022, revelam que a taxa de detecção da hepatite B em Rondônia é de 13,0 casos por 100 mil habitantes, sendo quatro vezes maior que a média nacional, que é de 3,4.
O boletim epidemiológico destaca também que Porto Velho tem a terceira maior taxa de detecção da HBV, com 13,5 casos por 100 mil habitantes. Perdendo apenas para Goiânia, com 14,0 casos por 100 mil habitantes; e Boa Vista, com taxa de 15,3 casos por 100 mil habitantes, respectivamente.
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