Apenados trabalham na reforma da Diretoria de Ensino da PM e custo cai cerca de 80%
Uma obra que poderia custar aos cofres estaduais mais de R$ 1 milhão está em plena construção apenas pelo valor de R$ 198 mil, através de emenda parlamentar, destinada para a compra dos materiais. Mas a redução do custo só foi possível por conta da utilização da mão de obra de apenados do sistema prisional de Rondônia. O projeto continuou o mesmo e estão sendo reformadas 10 salas de aula da Diretoria de Ensino da Polícia Militar, que servirão para comportar todos os cursos de formação de soldados e oficiais da instituição.
Segundo o capitão Paulo Maia, coordenador da obra, o projeto foi feito pelo Departamento Estadual de Estradas e Rodagens (DER), mas a construção só foi possível graças ao convênio utilizando mão de obra apenada, que atualmente conta com 12 reeducandos para o serviço. Em todo o estado, são 936 apenados trabalhando.
“Temos pedreiros, carpinteiros, eletricista e mestre de obra. Todos apenados, quase todos monitorados pelo sistema eletrônico da Sejus e que, já no próximo, passam a receber um salário mínimo, além da remissão de um dia da pena a cada três dias trabalhados. A obra já vem desde setembro de 2016, teve uma parada de aproximadamente 45 dias, e a previsão de entrega é até setembro deste ano”, conta capitão Paulo.
O custo benefício é uma via de mão dupla para ambas as partes. Para os apenados, todos do regime semiaberto, a oportunidade de ocupar o tempo com um trabalho é uma das vantagens. “Já passaram por aqui cerca de 50 a 60 apenados até formarmos essa equipe. Só estão aqui os que realmente demonstram interesse em mudar de vida ao retornarem à sociedade, todos são excelentes profissionais, tem bom comportamento, além de estarmos dentro de um quartel da Polícia Militar”, declara o oficial.
Para o capitão da PM, a ressocialização só funciona se houver interesse da parte dos reeducandos em busca uma mudança. “Mas se houvesse mais parcerias, inclusive de empresas privadas, para adotar o projeto de ressocialização através do trabalho utilizando a mão de obra apenada, certamente mais chances eles teriam de mudar de vida, de saírem prontos para encarar a vida ressocializados, pois dessa forma se sentem mais úteis, mais seguros, e prontos para o trabalho”.
Odacir Ferreira dos Santos, 46 anos, é o mestre de obras que comanda a equipe de apenados. Há quatro está no sistema prisional. Desde os 17 anos, Odair trabalhava com construção civil, antes de se envolver com tráfico de drogas. “Eu tinha uma pequena empresa de construção civil. Tanto que logo que entrei já fui logo encaixado no projeto Liberdade Construída. Há três anos trabalho pelo projeto com os detentos. Temos 18 frentes de trabalho”, conta.
O trabalho com construção civil ocupa maior parte do tempo de Odacir e, atualmente, quando pensa no que fazer ao sair do sistema prisional, tem apenas uma certeza. “Eu quero continuar trabalhando com detentos. Não sei de que forma ainda, mas já tenho uma ideia e a vontade. Esse trabalho pode sim libertar os apenados da vida pregressa”, conclui.
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