As provas: William "homem do tempo” produziu verdadeiro documentário autoincriminatório, diz STF

As provas apontadas pelo ministro Alexandre de Moraes no julgamento que condenou William Ferreira da Silva foram amplas e detalhadas, com base em registros visuais, eletrônicos e comportamentais que comprovaram a participação ativa do réu nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A seguir, as provas mencionadas no voto do ministro que serviu de base para a condenação:

1. Vídeos autoincriminatórios gravados pelo próprio William

Foram peças centrais da condenação. Em diversos trechos, o réu aparece incitando violência, comemorando invasões e se posicionando como liderança:

• Vídeo 1 (Praça dos Três Poderes):
  William incita manifestantes contra a polícia com as frases:

“Tem que pegar e jogar de volta essa porra aí. Bora, bora, bora, vamo embora. Uma hora vai acabar essas bombas aí... Aqui é o confronto, viu, gente?”

• Vídeo 2 (invasão em curso):
  Narração detalhada da ocupação, em tom celebratório:

“Aqui a Polícia se retirou... o pessoal já ocupou todo o Congresso aqui... Congresso tá todo ocupado pelos brasileiros patriotas…”

• Vídeo 3 (rampa do Palácio do Planalto):
  Celebra o avanço contra os prédios públicos:

“O Supremo já foi ocupado... O povo vencendo, graças a Deus! Tamo aqui mostrando essa data histórica...”

• Vídeo 4 (interior do Congresso Nacional):
  Proclama com entusiasmo:

“Congresso Nacional ocupado, graças a Deus!”

2. Fotografias feitas pelo réu

• Imagens capturadas por William documentaram:
  • A destruição no interior do Congresso Nacional.
  • O cenário de devastação no Supremo Tribunal Federal.
    Essas imagens foram extraídas do celular apreendido e anexadas aos autos.

3. Informações extraídas do celular

• Geolocalização: Demonstrou que William esteve em Brasília de 3 a 10 de janeiro de 2023, com movimentação intensa na Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.
• Participação em grupos de WhatsApp: Identificado como membro de grupos com conteúdos golpistas e antidemocráticos, indicando envolvimento contínuo e estruturado com o movimento.

4. Relatórios de Polícia Judiciária (IPJs nº 17/2023 e nº 198/2023)

• Esses documentos reuniram e analisaram todo o conteúdo audiovisual produzido por William.
• As conclusões reforçam a autoria, materialidade e protagonismo nos atos de 8 de janeiro.

5. Contradições no depoimento

• Em interrogatório à Polícia Federal, William alegou que estava no local para fazer uma “matéria jornalística” e usava a bandeira do Brasil “por segurança”.
• No entanto, as imagens mostram seu envolvimento ativo, incitação à violência e ausência total de postura jornalística, invalidando sua defesa.

Esses elementos, somados, foram considerados pelo ministro Alexandre de Moraes como provas irrefutáveis da participação consciente e ativa de William Ferreira da Silva. Confira o relatório: