Rondônia, 05 de novembro de 2024
Geral

Bolívia: Lula assina acordo para construir rodovia ligando Porto Velho a La Paz

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Evo Morales, da Bolívia, reúnem-se nesta sexta-feira, na cidade boliviana de Riberalta, no norte do país, para assinatura de um acordo para a construção da rodovia Rurrenabaque-Riberalta.



"Chávez foi declarado 'persona non grata' aqui e não nos responsabilizamos pelo que possa acontecer", disse Aguilera.

Segundo o porta-voz de Morales, Iván Canelas, o encontro contará com a presença do líder venezuelano Hugo Chávez. No entanto, o convite de Morales a Chávez gerou polêmica na região de Riberalta. O presidente do Comitê Cívico, Mario Aguilera, chegou a dizer que o desembarque do presidente da Venezuela "não será permitido".

"Chávez foi declarado 'persona non grata' aqui e não nos responsabilizamos pelo que possa acontecer", disse Aguilera.

Em entrevista na quinta-feira, Canelas afirmou que, durante o encontro, os líderes devem assinar ainda um acordo para o "desenvolvimento e proteção" da Amazônia. Mas o porta-voz não deu maiores detalhes sobre o conteúdo do acordo.

Apoio
O encontro promete reunir seguidores de Morales de várias regiões do país, já que a oposição ao líder boliviano no local é bastante ativa. O departamento de Beni, onde fica Riberalta, está entre os quatro dos nove departamentos do país onde, nos últimos tempos, a população votou pelo "sim" à autonomia financeira e política do governo regional em relação ao governo central.

Além de Beni, outros favoráveis à autonomia foram Santa Cruz, o maior e mais rico do país, Tarija, onde estão reservas de gás, e Pando, vizinho a Beni.

Segundo diferentes analistas, os resultados dos plebiscitos revelaram a força da oposição ao governo Morales nestes departamentos.

Em entrevista à BBC Brasil, a cientista política Ximena Costa, professora da Universidade Maior de San Andrés, disse que o encontro entre Morales, Lula e Chávez simbolizará um "apoio público" dos dois presidentes ao colega boliviano, na contagem regressiva para o "referendo revogatório", agendado para o dia 10 de agosto.

"Será um apoio, sem dúvida. Mas a situação aqui não está fácil. Além disso, existem fortes críticas às interferências de Chávez nas questões internas", disse.

O referendo perguntará aos bolivianos se estão de acordo com a permanência de Morales e de seus governadores estaduais nos cargos. Para a revogação dos mandatos, é preciso que o "não" supere a porcentagem de apoio obtida nas eleições de 2005.

Morales, por exemplo, obteve cerca de 54% dos votos no pleito. Por isso, o "não" à permanência dele no cargo precisará superar este percentual para que ele deixe o Palácio presidencial Queimado, em La Paz.

Ximena lembra que, atualmente, Morales tem 48% de apoio popular. No entanto, o apoio do eleitorado é bastante dividido - cerca de 70% vem de lugares como La Paz, mas em departamentos como Tarija, a popularidade do presidente fica em torno de 20%.

No início do mês, durante a reunião do Mercosul, na província argentina de Tucumán, o presidente Lula elogiou a gestão de Morales - primeiro indígena que chega ao poder na história da Bolívia. Na ocasião, o presidente boliviano pediu a presença de observadores dos países do Mercosul durante a votação do referendo.

Parceria
O encontro desta sexta-feira, que deve durar cerca de três horas, marca a formalização do financiamento para a construção da rodovia Rurrenabaque-Riberalta. A obra terá extensão de 510 km e o custo total estimado pelo Palácio do Planalto é de US$230 milhões (R$ 367 mi).

A rodovia será ligada à ponte entre Guajará-Mirim e Guayaramerín, a ser construída pelo governo brasileiro. Dessa forma, o projeto permitirá o acesso rodoviário direto entre Porto Velho e La Paz.

As condições de financiamento da rodovia foram aprovadas pelo Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) em 3 de julho.

O Brasil é o principal parceiro comercial da Bolívia e seu maior investidor externo. De acordo com dados do governo brasileiro, de janeiro a junho de 2008, o fluxo de comércio bilateral atingiu cerca de US$ 2 bilhões, o que representa aumento de quase 70% do valor em relação ao mesmo período de 2007.

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