Rondônia, 02 de maio de 2024
Geral

Corpo de moradora de rua está há mais de 2 meses no IML e amigos tentam liberação para enterrá-la

A morte da moradora de rua Sônia Maria de Souza, de 62 anos, deixou várias pessoas surpresas em Porto Velho. No último final de semana, a notícia tornou-se pública através das redes sociais e causou muita comoção para quem era acostumado ver Sônia andando pela região central da Capital com seu cachorrinho de estimação chamado Duque. Apesar de ter um nome, a moradora de rua pode ser enterrada como indigente.

Após ficar sabendo o ocorrido, a fotógrafa Marcela Bonfin, junto com outras pessoas, iniciou as buscas por informações e até mesmo a confirmação da morte da amiga. Foi então que ela recebeu a informação de que Sônia tinha falecido no dia 13 de janeiro e o corpo estava aguardando por reconhecimento no Instituto Médico Legal (IML).

Mas o que Marcela não sabia era que seria difícil conseguir a liberação do corpo de Sônia para que ela e os amigos pudessem fazer o velório e se despedir da amiga. “Eu fui ao IML e me informaram que só quem podia tirar o corpo dela era um familiar, mas ela não tem nenhum parente aqui. Nós estamos lutando para conseguir a liberação do corpo para que possamos fazer o sepultamento digno para ela, porque é um direito que todos temos. O que não vamos deixar é que ela seja enterrada como indigente porque ela tem nome e tem família que somos nós”, disse a amiga emocionada.

Nascida em Patos de Minas, a moradora de rua é dona de uma história de muitas batalhas e sofrimento, sempre foi uma mulher solitária e muito íntegra, segundo relatos de Marcela Bonfin. “Sônia enfrentou todas as violências que não podemos imaginar, mas mesmo com muitas dificuldades foi a maior defensora dos animais dessa cidade principalmente do seu cachorrinho de estimação e companheiro Duque. Ela pedia dinheiro sim, mas o que nem todo mundo sabia era que a maior parte ela utilizava pra comprar comida e remédios para gatos e cachorros até destiná-los a lares seguros”, disse a amiga.

Outra paixão de Sônia era por plantas que cuidava com muito amor desde a preparação da terra e plantação da muda para vender como ambulante. “Toda vez que eu a encontrava a gente conversa muito e, em uma das nossas prosas, ela me contava sobre seu trabalho e disse que não era muito boa na administração das vendas. Minha amiga era uma pessoa fantástica e está fazendo muita falta para quem o conhecia”, contou a fotografa.

Sônia tinha muitas pessoas que tinham um afeto por ela e prestavam todo o apoio. Ela recebia comida e comprava fiado no comércio de uma senhora com o nome de Raimunda porque ela tinha a confiança dos comerciantes que a conheciam. Seu animal de estimação ficava na casa de uma amiga onde era protegido da chuva, do sol e até mesmo de pessoas ruins. “Sônia existia e a história dela não pode ser apagada jamais e essa é a nossa luta”, finalizou Marcia Bonfin.

O local escolhido para fazer o velório de Sônia será no Bairro do Mocambo, onde ela viveu grande parte do seu tempo.

Os casos de pessoas que não possuem identificação ou não há confirmação, são levados pelo IML para a Justiça, que deve decidir se a pessoa será enterrada como indigente. No caso de Sônia, a assessoria da Polícia Civil informou que a moradora de rua foi identificada com dois nomes, além de Sônia, também há a identificação de Vanda Oliveira da Silva, e o caso foi levado à Justiça. O IML também fez o pedido à Justiça para que o corpo seja liberado para um conhecido, já que ela não tem parentes na cidade. Após o juiz autorizar, a direção do IML irá entrar em contato com a pessoa que ficará responsável em fazer o reconhecimento e retirada do corpo.

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