Rondônia, 17 de novembro de 2024
Geral

CPI do Leite tem reunião em Curitiba para implantar Conseleite

Os deputados que compõem a CPI do Leite, Jesualdo Pires (presidente) e Ribamar Araújo (vice-presidente) e o técnico da Seagri, médico veterinário José Lima Aragão participaram na Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), em Curitiba (PR), de uma reunião com a diretoria do Conseleite Paraná, para saber sobre o seu funcionamento e como implantá-lo em Rondônia.



Dificuldades e soluções

Participaram da reunião o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Paraná (Sindileite) e presidente do Conseleite Paraná, Wilson Thiesen; o presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Faep e vice-presidente do Conseleite, Ronei Volpi; os professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadores técnicos do Conseleite, Vania di Addario Guimarães e José Roberto Canziani; e, a assessora da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Faep e secretária do Conseleite Paraná, Maria Sílvia Digiovani. A diretoria do Conseleite explicou que o Conselho não substitui a lei de oferta e procura, apenas é utilizado como referência de preço.

Dificuldades e soluções

Ronei Volpi falou que quando se entrega um monte de queijo mussarela de Rondônia em São Paulo, a preços baixos, o Paraná é prejudicado. “Ajudar Rondônia não é nem uma questão filantrópica. Queremos ajudar por uma questão econômica também. Hoje o Brasil exporta 60% de produtos lácteos para a Venezuela. Vocês têm uma oportunidade enorme em função de sua posição geográfica. Também tem o México que hoje é o maior importador mundial de leite”, avaliou.

Para o vice-presidente do Conseleite, o que precisa haver para resolver a questão econômica do leite é a pré-disposição para a transparência. “O Paraná tem 399 municípios. Todos eles e mais o Governo do Estado tem programa de incentivo ao leite. A perna da produção primária foi crescendo e a colocação desse produto não teve o mesmo tratamento. O mercado ficou manco hoje. Vocês em Rondônia terão mais oportunidades de crescer sem que isso aconteça. O Governo não participa em nada aqui no Conseleite, mas não quer dizer que vocês não precisem, já que o custo para implantar o Conselho é alto.

Aqui quem banca 50% do Conseleite é a Faep e os outros 50%
são os sindicatos e indústrias. O custo é com a universidade que hoje sai em torno de R$ 14 mil por mês. Se levarem modelos iguais ou semelhantes, fica mais fácil para interagir. Se não tiverem técnicos para isso, podem contratar a UFPR”, observou. Jesualdo Pires falou que é viável essa implantação em Rondônia, que pode iniciar através do Pró-Leite e utilizar a experiência da UFPR.
Histórico

Wilson Thiezen informou que o Sindileite vai completar 70 anos e é ligado à Faep, inclusive sendo um de seus fundadores. “A questão da guerra entre produtores e indústrias é histórica não só no Brasil. Na Argentina também querem implantar o Conseleite. Mesmo antes das CPIs, nossos sindicatos já discutiam como harmonizar o relacionamento entre indústrias e produtores. A primeira coisa que fizemos foi fazer reuniões conjuntas inclusive chamando pessoas para conversar sobre o leite. Corremos todo o estado. Defendíamos que precisava mudar a questão indústria para um desenvolvimento pró-ativo. Depois surgiram as CPIs na qual tivemos uma participação efetiva. Foi importante para verificar alguns pontos, onde foi comprovado que a indústria é tão vítima quanto os produtores e que a grande vilã foi à concentração das grandes redes de distribuição. Tem que formar a pirâmide – produtores, indústria e universidade. Se não ocorrer isso não vai funcionar. A indústria é obrigada a se conveniar com as universidades – é um organismo neutro. Ela é nossa fiel guardiã de informações – essa é a credibilidade total que dá a confiabilidade aos produtores. As informações são de domínio público, não os dados. Existe uma cláusula de sigilo – a UFPR é guardiã e responsável pelas informações das indústrias. Levamos alguns anos para conseguir trazer as indústrias e produtores”, ressaltou.
Resultado

De acordo com o professor Canziani, o Brasil produz 25 bilhões de litro por ano. “O Conseleite é um modelo de auto-gestão, paritário e é uma associação civil, composta por 21 empresas. Busca de forma pró-ativa definir preços de referência, com credibilidade técnica. Os preços variam conforme o produto e volume e tanto o lucro quanto prejuízo é divido entre laticínios e produtores. A Câmara setorial deve continuar a existir porque ela busca o melhoramento genético. A Universidade não trabalha se baseando na nota fiscal da indústria. Monitoramos o volume para que o cálculo seja real. Foi difícil convencer as indústrias a participar, hoje acontece o contrário, eles querem entrar no Conseleite”, explicou.

Ronei Volpi disse que depois do Conseleite, o Paraná passou de nove indústrias em 2003 para 20 em 2008. Passou de 30 para 100 mil produtores. O Conseleite passou a ser referência. O Paraná passou de 4° para 2° produtor nacional e está viabilizando a exportação. “O projeto permite o ensino, pesquisa e extensão. Os grandes beneficiados foram os produtores, porque o preço do pequeno subiu”, complementa a coordenadora Vânia Guimarães da UFPR.

Para Jesualdo Pires, o objetivo da CPI foi encontrar soluções e não punir. “A Câmara Setorial está bem como órgão indutor, mas não no negócio, que creio que o Governo deve ficar fora depois. “As indústrias são razoavelmente organizadas em Rondônia. O problema é que os produtores não têm representação, é muito pulverizado. Hoje os produtores não têm voz. É outro caminho paralelo que teremos que enfrentar”, encerrou. Ribamar Araújo os parabenizou o Conseleite por colocar a universidade nesse projeto. A diretoria do Conseleite se prontificou a ir em Rondônia ministrar palestras.

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