Escolher o curso superior pode ser um desafio para jovens em reta final do Enem
A segunda etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acontece no próximo dia 28, com 45 questões de matemática e 45 questões de ciências da natureza (biologia, física e química), e mais de 2 milhões de alunos de todo o país que fizeram a primeira etapa no último domingo, devem comparecer para a realização do exame.
Devido a substituição dos vestibulares pelo Enem em várias universidades públicas ou particulares, os estudantes não precisam realizar outras provas com o curso superior em mente.
Um dos sistemas mais concorridos de ingresso é o Sisu - Sistema de Seleção Unificada, uma das políticas de ingresso ao ensino superior do Ministério da Educação (MEC).
No Sisu, as universidades públicas disponibilizam vagas a estudantes que tiverem pontuação necessária no Enem. A seleção ocorre duas vezes por ano, sendo uma no início do primeiro semestre e a outra no início do segundo semestre.
Mas, mesmo diante dessa fase da vida acadêmica, ainda existem dúvidas sobre qual caminho seguir ao escolher uma formação, pois nem todos os candidatos à universidade têm vivências relevantes na profissão antes do ingresso.
De acordo com pesquisa realizada na Expo CIEE em 2019, 60% dos jovens têm dúvidas quanto ao futuro profissional. A CPS (Cedaspy Professional School) – rede de capacitação e profissionalização foi responsável pela captação dos dados na ocasião.
É o caso de Emily Silva, de São Paulo. A jovem de 18 anos prestou o Enem pela primeira vez e ainda não definiu qual curso superior vai escolher caso obtenha a nota para o acesso a faculdade.
“Eu estudei muito e pretendo conseguir uma bolsa pelo Sisu ou até pelo ProUni, se for o caso. O problema é que ainda não sei bem o que fazer. Adoro ciências humanas, mas não sei se faço Psicologia para auxiliar as pessoas em suas questões emocionais e racionais, ou se faço Direito, para defendê-las em situações jurídicas. Ainda é uma escolha complicada para mim e sei que já deveria ter definido a essa altura do campeonato”, diz.
Gabriel Lira, co-fundador da agência Gruv em Brasília, tem uma história similar sobre esta situação. Aos 33 anos e dono de algumas empresas pelo Brasil, o destino poderia ter sido diferente.
“Desde pequeno eu desenhava e quando fui crescendo já sabia que queria trabalhar com criações assim, desenvolver marcas, produzir logos, ou seja, desing. Mas quando tinha uns 17 anos, o irmão do meu amigo disse que Publicidade e Propaganda era o caminho. Pesquisei, acabei me identificando com algumas disciplinas e me inscrevi. Na faculdade, descobri que não era bem aquilo, mas continuei no curso e fui aprendendo desing por outros meios”, conta o empreendedor.
Na Gruv, uma de suas empresas Lira disponibiliza um programa para que jovens universitários da área de markting possam transitar em várias áreas e assim escolherem com mais assertividade qual caminho seguir.
“Comigo deu tudo certo, o que aprendi na faculdade acabou me fornecendo uma visão de mercado que apliquei nas empresas que criei, mas poderia ter sido diferente. Baseado nisso, na Gruv temos o Gruv Start, onde selecionamos pessoas para fazer uma espécie de treinee. Nesse projeto, os universitários passam por várias áreas e vivem na pele situações de rotina que os ajudam a escolher a carreira, para que ele consiga ter experiência onde tem mais aptidão, conta.
Para Emily, programas como o implantado na agência fundada por Gabriel Lira são de extrema importância para a educação.
“Eu gostaria muito de ter a oportunidade de atuar em escritórios de advogacia, fóruns e também assistindo sessões de terapia, porque teria mais certeza onde mirar, mas não é assim que funciona, nem sempre as empresas vão abrir as portas pra gente, até por questões burocráticas e contratuais, mesmo que eu nem queira receber dinheiro por isso”, analisa a jovem.
Para Gabriel Lira, respeitar o tempo de escolha e início em alguma carreira é fundamental, independentemente da área de atuação.
“Minha sugestão para quem está começando agora é acreditar no seu próprio potencial, mas sem esquecer que ajudas externas são necessárias para os processos. E não deve comparar o seu início de carreira com o meio de ninguém. As pessoas tendem a se comparar e acabam se espelhando em profissionais com experiência de 10 anos atuando na área, enquanto você ainda está engatinhando. Use as pessoas de inspiração, mas não comparação, pois cada um tem seu tempo.
Segundo dia de Enem
Para Emily e todos os pré-universitários que vão prestar a prova no próximo domingo, vale uma última revisão no conteúdo aplicado, que será matemática, física, biologia e química.
Além de documento oficial com foto, o aluno deve levar uma caneta preta com tubo transparente e um lanche nutritivo, se quiser.
Lápis, borracha e canetas coloridas não são permitidas no dia da prova. O candidato também deve prestar atenção ao horário da abertura e fechamento dos portões, pois como é de conhecimento geral, não existe tolerância para atrasos.