Rondônia, 26 de dezembro de 2024
Geral

Fábrica de manilhas utiliza mão de obra de presos e produção reduz em até 40% custo de obras em RO

Há quatro anos e cinco meses cumprindo pena no sistema prisional de Rondônia, em Porto Velho, Douglas Pereira da Silva, de 37 anos, trabalha atualmente na fábrica de manilhas do Departamento Estadual de Estradas e Rodagens (DER), que através de convênio com a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), utiliza mão de obra apenada como forma de ressocialização para os reeducandos.

“Este é o segundo convênio que participo, primeiro trabalhei na oficina mecânica do [Presídio] Panda, e lá me aperfeiçoei como soldador. Agora estou fazendo a manutenção das máquinas aqui na fábrica e com certeza vai ser nessa profissão que vou continuar trabalhando quando sair do sistema”, declarou Douglas.

O reeducando acredita que, assim como ele, os companheiros também estão aproveitando a chance de ter um futuro melhor e que 60% deles deverão aproveitar o que estão aprendendo quando forem para o mercado de trabalho. “Acho até que deveria ter mais vagas como estas para dar mais oportunidade a outros que estão parados dentro da unidade”, avaliou.

Na fábrica trabalham 14 apenados, sendo oito monitorados com as tornozeleiras eletrônicas. “Esses são os que podem ir para casa ao final do dia e voltar ao amanhecer. Os demais ficam na Colônia Penal. Um ônibus do DER faz um percurso pela cidade buscando os que são monitorados em pontos estratégicos de cada região e levando após o trabalho. O almoço também é fornecido pelo DER e todos eles recebem um salário mínimo através do convênio”, explicou Nilton Santos da Costa, auxiliar de encarregado da fábrica.

A produção de manilhas começou há um ano em um galpão instalado na área de terra por trás do presídio provisório masculino e já chegou a utilizar até 40 reeducandos no quadro de mão de obra. Nilton diz que “já houve problema com furto de materiais, mas que atualmente a equipe é mais tranquila”. Toda a produção de manilhas, blocos e tijolos é voltada para as obras do governo do estado. “Já teve parceria com a prefeitura para uma demanda específica. Eles entraram com o insumo e a gente com a produção de tampas de bueiros e manilhas”, lembrou Nilton.

Para o encarregado da fábrica, João Nogueira, o mais importante do trabalho desenvolvido no local é a oportunidade dada aos apenados de se profissionalizarem, de terem uma renda, além de ocuparem o tempo ocioso e ainda tem os dias de remissão de pena de acordo com o tempo trabalhado. O estado está dando uma oportunidade para que esses jovens saiam daqui ressocializados, com outra expectativa de vida. Só o salário de um operador de uma máquina dessa lá fora é de R$ 1.500 a R$ 2.000”, considerou.

Economia
O encarregado diz que a produção da fábrica gera uma economia para o estado de 30 a 40% do custo final da obra, dependendo do valor total e da extensão do serviço. São produzidas diariamente 20 manilhas de cada medida, de 20, 40 e 60 centímetros de diâmetro. Das de 80 centímetros e de um metro de diâmetro, são 15 por dia de cada. São mil tijolos feitos ao dia e uma média de 500 blocos diários.

Para ficarem prontas para uso, as manilhas levam cerca de 28 dias para secarem. Já os blocos e tijolos, por terem massa mais firme, levam em torno de 15 dias. A fábrica conta com três bitoneiras de 600 litros, uma prensa hidráulica com misturador, esteira e cilo, duas formas de um metro para as manilhas, duas de 80 centímetros, duas para os tamanho 60, duas para o tamanho 40, e uma para tamanho 20 centímetros.

Quanto à segurança do local, os portões são fechados todos os dias após o expediente, às 17h30, e dois dos 14 apenados que trabalham na fábrica dormem em um quarto no próprio galpão. Não há registros de tentativa de fuga do local de trabalho durante o expediente da fábrica.

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