Festcineamazônia leva arte ao Vale do Guaporé

A itinerância do FESTCINEAMAZÔNIA saiu de Guayaramerim, Bolívia, às 13 horas do domingo e 24 horas depois aportou em Surpresa distrito de Guajará Mirim. As águas do Rio Mamoré à medida que a embarcação se aproxima da próxima parada, vai pouco a pouco mudando sua coloração barrenta e tornando-se de cor escura, marca inconfundível do Rio Guaporé.
A equipe de fotógrafos, cineastas, jornalistas, pesquisadores e o pessoal da logística saiu e como ocorre em todas as comunidades visitadas pelo festival, foi desenvolver seu trabalho registrando os aspectos humanos e naturais da região.
Segundo informou a professora o distrito de Surpresa possui uma população de cerca de um mil e seiscentas pessoas, com duas escolas públicas atendendo a alunos do ensino fundamental e médio. A luz elétrica só há bem pouco tempo é que passou a ser fornecida 24 horas por dia. Ligação com a sede do município, Guajará Mirim, só é feita através Rio Mamoré.
A equipe de fotógrafos, cineastas, jornalistas, pesquisadores e o pessoal da logística saiu e como ocorre em todas as comunidades visitadas pelo festival, foi desenvolver seu trabalho registrando os aspectos humanos e naturais da região.
Morador de Surpresa o artesão Vilmar Alves da Silva, capixaba de 41 anos, faz seus trabalhos com as sobras de madeiras encontras por ele, “ não derrubo nenhuma árvore para usar em meus trabalhos, que mostram exclusivamente os animais encontrados nesta região”, afirma Vilmar. A preservação da memória da região é uma preocupação de Elias de Almeida Pereira, 37 anos, que chegou a comprar equipamentos para produzir um documentário sobre os vestígios do desaparecimento de uma tribo. Para Elias o cinema “mostra através do presente um reflexo do passado”.
Sob um sol abrasador muitas crianças ficaram acompanhando os trabalhos de montagem dos equipamentos e alegres participaram da arrumação das cadeiras, enquanto que outras foram espalhar a notícia do espetáculo pelas casas de sua cidade, pois é desta forma que elas se referem à Surpresa lugar onde moram.
O FESTCINEAMAZÔNIA nestas longínquas localidades se mostra como um verdadeiro mensageiro da paz, da alegria e da amizade entre os povos. A apresentação da noite começou com a fala da professora Solange representando os educadores locais, e em seguida falaram os coordenadores do festival, Fernanda Kopanakis e Jurandir Costa. Fernanda dedicou à apresentação em homenagem à dona Rosa Cortez, boliviana de San Joaquim Bolívia, uma das pioneiras da localidade Surpresa, que com seus 105 anos de vida faleceu recentemente. Jurandir emocionado, disse do prazer e da honra em exibir o documentário “A Caçada”no FESTCINEAMAZÔNIA, e, principalmente por ser em Surpresa, região em que moram os seus realizadores.
O secretário de cultura da cidade de Guayaramerim, Juan Carlos Crespo, que acompanha o festival nesta itinerância pelo Vale do Guaporé, abriu a apresentação da noite com a canção de autoria do músico boliviano, Hugo Villa Nueva, em ritmo taquiri chamada “SUR”. Em seguida a plateia foi tomada pela magia do cinema e do circo com a exibição dos filmes: O MAPINGUARI filme de animação com direção de Marcos Magalhães; TEMPO DE CRIANÇA filme de ficção dirigido por Wagner Novais; LEONEL PÉ-DE-VENTO filme de animação dirigido por Jair Giacomini; SOLDADOS DA BORRACHA dirigido por Cesar Garcia Lima e o documentário “ KA’WAYI MOA ( A CAÇADA)” dirigido por Genilson Minai Cao Oro Waje, que mostra o ritual dos indígenas Wari. O documentário foi produzido pelo francês Noé e teve como produtor de elenco o paraguaio Urbano Palácio que atualmente mora na Itália, que tomaram conhecimento da passagem do FESTCINEAMAZÔNIA na região, através de contato pela internet com Jurandir Costa coordenador do festival. A assistência foi levada à emoção quando viram pessoas suas conhecidas na tela, mostrando com o olhar dos próprios índios às realidades que os cerca. Após a exibição foi longamente aplaudidos por todos.
O Palhaço XUXU entra em cena vindo pelo meio do público, suas brincadeiras irreverentes logo tomam conta do público. Mas XUXU, como ele mesmo diz, só fala a verdade, tanto é assim que em dado momento do espetáculo tira do paletó, um papel colorido despertando curiosidades a todos. XUXU ler a Declaração do Riso da Terra tirada em um encontro de palhaços do mundo inteiro realizado na cidade de João Pessoa: “Cultivemos o riso, mas não um riso que discrimine o outro pela sua cor, religião, etnia, gostos e costumes. Cultivemos o riso para celebrar as nossas diferenças. Um riso que seja como a própria vida: múltiplo, diverso, generoso. Enquanto rirmos estaremos em paz”. Desta forma o FESTCINEAMAZÔNIA itinerante se despede de mais uma comunidade de nossa América e segue rumo ao Forte Príncipe da Beira e demais comunidades do Vale do Guaporé até Pimenteiras.
O FESTCINEAMAZÔNIA ITINERANTE 2012 tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal através da Lei Rouanet, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual, Governo de Rondônia, Secel, TAL – Television America Latina, Governo Autônomo Municipal de Guayaramerim/Bolívia e Prefeitura Municipal de Guajará Mirim/Brasil.
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