Freira fala da importância de vida religiosa, formação de mulheres e desafios de administrar rede de escolas
Lutas sobre empoderamento feminino, trajetórias de conquistas, destaque no mercado de trabalho com jornada dupla, e até tripla, chegam a ser tópicos comuns quando fala-se de mulher. Porém, existem aquelas que buscam um caminho diferente, mais reservadas e sem muita exposição, mas com responsabilidades enormes. É o caso da Irmã Eunice Ageiar, de 78 anos, sendo 60 deles dedicados à vida religiosa e abdicação de alguns direitos sobre identidade pessoal e hoje é presidente da rede de escolas Santa Marcelina em Rondônia, com mais de 5 mil alunos.
Consagrada em 1962, ela entrou para o convento em 1958. Desde então, nunca mais quis saber de outra vida. “Quando eu escolhi ser freira, aos 15 anos, foi uma vontade muito grande e um chamado de Deus que invadiu meu coração e eu aceitei aos 18 anos. Minha mãe concordou. Mas meu pai, logo no início, não aceitou muito bem a ideia. Antes de eu fazer os meus votos, eu recebi uma carta do meu pai dizendo que aceitava minha decisão, que eu fosse feliz e que eu cumprisse minha missão até o fim da vida”, recorda-se a irmã.
Em todos os 60 anos de vida religiosa, a freira garante que se tornou ainda mais mulher, mais forte e tem mais certeza daquilo que quero. “A minha vida religiosa não me tira da vida profissional. Eu sempre quis ser professora. Eu primeiro fiz o magistério, depois fiz língua portuguesa na PUC de São Paulo. Agora infelizmente eu deixei a sala de aula porque tive que ser a coordenadora da comunidade, o que é mais um desafio, pois temos que viver os problemas dos adolescentes e ajuda-los a ser pessoas melhores”, diz a Irmã Eunice, que está há cinco anos em Porto Velho, mas já passou por outras cidades de outros estados como o de origem São Paulo e Minas Gerais.
A vida religiosa é também de muito conhecimento para Irmã Eunice que coordena toda a rede de escolas em Rondônia. E ela diz que congregação das Irmãs Marcelinas tem como ponto forte a saúde e educação. Ela destaca que a apesar das religiosas fazerem votos de pobreza, castidade e obediência, “não é uma obediência cega. A gente conversa com a nossa superiora e avalia se as mudanças que passamos na vida são as melhores tanto para gente quanto para a comunidade em que vivemos e a qual vamos viver. O Instituto das Irmãs Santa Marcelinas se preocupam em formar a mulher para a vida. Pois a mulher tem o papel mais importante da sociedade, para resgatar valores. A gente vê que muitas mulheres estão competindo com os homens, quando deveria ser um complemento. Ela tem o desejo de trabalhar fora, que ter o espaço dela, mas a mulher que quer ser mãe, que ela seja a melhor mãe, se ela quer ser trabalhadora e mãe, que faça da melhor forma, sem deixar a criança esquecida de lado”, enfatiza a religiosa destacando que na área da saúde, também é uma mulher, freira, responsável pela administração do complexo hospitalar e ainda mais quatro hospitais da rede pública.
De acordo com a irmã, a diferença entre uma freira e as outras mulheres é a forma como ela vive.
“Nós vivemos em comunidade, com outras irmãs, dedicadas a nossa comunidade, trabalhando, dando atenção a quem mais precisa. O que nos torna iguais, todas, é o amor. Quando a mulher tem aquele amor profundo pela família, na vida do homem ela representa aquela preciosidade, ela quem dá o equilíbrio, as opiniões que ela dá ao marido é muito importante, mas quando vai cada um para o lado, algo desaba”, enfatiza.
Sobre a vida pessoal e cuidados com o próprio corpo, Irmã Eunice diz que faz o que é preciso para conservar a saúde e o bem-estar, não dispensa o saltinho desde os 15 anos, um bom creme e um bom perfume. “Eu quando era jovem, era bastante vaidosa. Muitas meninas questionam se a gente usa sempre a mesma roupa, mas a gente explica que é uniforme. Quando a gente a uma praia, usa um maiô discreto, por exemplo”, finaliza a freira.
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