Mais 304 famílias desabrigadas pela cheia assinam contratos de moradia do Porto Madero III
Representantes da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (Seas), Caixa Econômica Federal (CEF) e Prefeitura de Porto Velho assinaram nesta quarta-feira (25) com as famílias desabrigadas pela cheia de 2014 o contrato de posse de 304 apartamentos no Residencial Porto Madero III, no Bairro Socialista em Porto Velho. Cada imóvel construído com recursos dos Programas Minha Casa Minha Vida (governo federal) e Morada Nova (governo estadual) tem quatro cômodos.
Um pouco ansiosa, a dona de casa e vendedora de cosméticos Daiane Nascimento, 28 anos, deixou na escola os filhos Gabriel e Guilherme e levou dois, Gustavo e George, à reunião em salas de aula da Escola Estadual Major Guapindaia, onde a CEF assinou os contratos. Ela morava numa pequena casa na barranca do Rio Madeira e a enchente transformou-a em vendedora autônoma. Há um ano ela paga R$ 500 por mês de aluguel de um cômodo e uma cozinha. “Imagine o que é criar os filhos nesse aperto”, desabafou.
Equipes supervisionadas pela gerente executiva de habitação da CEF, Elenice Marques, informaram às famílias que dentro de 15 dias os imóveis serão entregues. Segundo Elenice, depois da homologação será emitido o termo de ocupação.
Nesse período, a Eletrobras Distribuição Rondônia providenciará instalações elétricas no residencial. O abastecimento de água já foi feito com poços artesianos.
QUEBRADOR DE PEDRAS
“Trabalho desde oito anos de idade, sei que tenho netos, mas infelizmente ainda não os conheci”, contou Muciolino Ferreira Jordão, 66 anos, dois filhos, ao assinar o seu contrato.
Nascido em Manicoré (AM), onde viveu até o final dos anos 1980, desde 1985 separou-se da mulher e estava sozinho quando as águas do rio Madeira invadiram sua casinha em Cujubim Grande.
“Estou aposentado e agora espero vida nova; é bom saber que já está quase tudo arrumado pra mim e praessa gente toda se mudar”, disse apontando a sala cheia.
Muciolino conta que “fez de tudo” no seringal onde morou e recorda com precisão nomes dos locais onde colheu castanha, extraiu látex e quebrou pedras com marreta. “Trabalhei na Cachoeiras do Inferno, Coatá, Bela Vista, Mingau e Saranzal”, disse.
PAGANDO ALUGUEL
“O governo cumpre o compromisso de entregar moradias dignas e de qualidade às famílias vítimas da enchente, e esse trabalho foi feito com parcerias de êxito”, destacou o gerente de habitação da Seas, José Carlos Gadelha.
Atualmente moradora no Bairro Conceição (zona sul), Débora Letícia, 26, foi expulsa de sua casa de duas peças no Bairro Baixa da União. “Eu nem esperei os bombeiros chegarem, saí por conta”, lembrou. A enchente ficará para sempre em sua memória, ela admite. “Por causa da mudança, que dá algum trabalho, né?”.
Com o filho Heitor, cinco meses, ela paga R$ 250 mensais de aluguel. O marido é servente de pedreiro e a renda do casal se limita ao que ele ganha com seus serviços. O casal tem dois filhos.
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