MAIS DE 2,5 MIL FAMÍLIAS JÁ DEIXARAM RESIDÊNCIAS

Nível do Madeira se mantém acima de 19,40 metros; Governo concorda com decreto de calamidade, mas ainda não mandou recursos
Desde o início do mês de fevereiro, quando as chuvas se intensificaram em todo o Estado, o nível do Rio Madeira subiu uma escala assustadora, se mantendo neste domingo em 19,45 metros. Uma enchente jamais registrada na história em Porto Velho, atingindo Médio e Baixo Madeira, os municípios de Guajará Mirim, Nova Mamoré, e o eixo da Br-364 que abrange os distritos de Abunã, Jaci-Paraná e Fortaleza do Abunã.
Texto e fotos: Vanessa Farias
Desde o início do mês de fevereiro, quando as chuvas se intensificaram em todo o Estado, o nível do Rio Madeira subiu uma escala assustadora, se mantendo neste domingo em 19,45 metros. Uma enchente jamais registrada na história em Porto Velho, atingindo Médio e Baixo Madeira, os municípios de Guajará Mirim, Nova Mamoré, e o eixo da Br-364 que abrange os distritos de Abunã, Jaci-Paraná e Fortaleza do Abunã.
Uma portaria da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional foi publicada na última segunda-feira (17) no Diário Oficial da União, decretando estado de calamidade em Porto Velho, mas nenhum centavo havia chegado aos cofres públicos da Capital até a última quinta-feira (20). De acordo com relatório fornecido pela Defesa Civil Estadual na última quinta-feira (13), o número de atingidos pela enchente do Rio Madeira na Capital é de 1.437 famílias, sendo que 302 delas estão desabrigadas, e 1.084 famílias desalojadas.
As famílias desabrigadas são as que foram retiradas pelo Poder Público de suas residências atingidas e encaminhadas para abrigos públicos, como escolas, igrejas e ginásios. Já os desalojados são aqueles que por conta própria saíram de suas casas e foram para casa de parentes ou outras opções.
No Médio e Baixo Madeira, abrangendo os distritos de Niterói, Nazaré, Curicacas, Papagaios, Lago do Cuniã, Calama e São Carlos, o total de desabrigados é de 391 famílias, o mesmo número de desalojados. Ainda segundo o relatório da Defesa Civil, as necessidades das famílias, como alimentação, água e vestimentas, além do atendimento móvel de saúde, estão sendo providenciadas pelo município e pelo Estado conforme solicitações.
Atingidos em Guajará, Mamoré e na BR-364
Ao longo da BR-364, o relatório dá conta de 60 famílias desabrigadas e 143 desalojadas. O total de afetados, soma-se 203 afetados pela enchente. No município de Nova Mamoré, onde foram realizadas operações de retirada das vítimas pelo Exército, são 15 famílias desabrigadas e 41 famílias desalojadas. Em Guajará-Mirim, não há registro de famílias desabrigadas ou desalojadas, mas 50 casas foram danificadas, e 50 estivadores foram afetados pela alagação.
Até a última segunda-feira (17), o total de afetados pela enchente é de 2.478 famílias, sendo que 779 receberam o encaminhamento para abrigos e 1.699 famílias saíram por conta própria das casas atingidas. O nível do rio na quinta-feira (20) era de 19,34m.

Não é preciso ir muito longe do centro da cidade de Porto Velho para conhecer histórias de famílias atingidas pela enchente. Famílias que não têm expectativas de quando voltarão para suas casas e quais serão os prejuízos que ainda terão que enfrentar. Vanderson Cardoso morava com o filho e a esposa, Valdízia de Souza Lopes, em uma pequena casa na baixada do bairro Arigolândia, região central da Capital.
Na mesma residência, mais oito pessoas, familiares de Valdízia, dividiam o espaço há mais de 10 anos. A família se mudou do distrito de Cuniã e se alojou na região onde, nas proximidades, outros parentes já residiam. “A casa está localizada a mais de 30 metros da margem do rio em níveis normais, e o assoalho tem uma altura de dois metros do terreno, e mesmo assim, tivemos que sair quando a água começou a entrar”, explicou Vanderson. “Ainda não contabilizamos o prejuízos materiais. Faremos isso quando a água baixar”, completou. A família de Vanderson, esposa e filho, está alojada na casa de parentes, na parte alta do bairro. Os demais também procuraram abrigo familiar.
Outras sete casas próximas à residência de Vanderson Cardoso já foram completamente tomadas pela enchente. O tio de Valdízia, Mabel Ferreira Lopes, 60 anos, chegou de Cuniã há 15 dias, e se deparou com a situação calamitosa da família. “Vim passar uns dias enquanto resolvo problemas pessoais na cidade, e quando cheguei já faltavam uns 20 centímetros para a água entrar na casa. É muito triste tudo isso, uma situação precária. Nem meu pai, que tem 89 anos de idade nunca viu enchente como esta”, lamenta.
Além de perder praticamente tudo com a cheia e depender de parentes e dos organismos sociais da Prefeitura de Porto Velho e Governo para abrigar suas famílias, os atingidos pelas cheias também são obrigados a enfrentar um outro problema. Há vários casos de arrombamentos às casas, mesmo fechadas e inundadas, na região central de Porto Velho. Uma comerciante, entrevistada para a GloboNews na última quinta-feira (20), relatou o drama de ter perdido o pouco que conseguiu salvar da cheia para os arrombadores. “Chegaram de barco e levaram o que nós tínhamos”, explicou ela a reportagem. Outro problema detectado é a grande quantidade de animais domésticos deixados para trás e a grande mortandade de peixes. Na última quarta-feira (19), o internauta Géri Anderson publicou nas redes sociais a foto de filhos de Jaú morrendo na Avenida 7 de Setembro próximo da Prudente de Morais.
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