Médico que sumiu de atendimento onde paciente morreu, já havia abandonado posto outras vezes
A investigação sobre a falta de médicos na Policlínica José Adelino, no Bairro Ulisses Guimarães, em Porto Velho, continua. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), a escala de trabalho apresentada pela direção da unidade mostra que deveria haver quatro médicos de plantão no dia em que a paciente Rosineide Basan morreu, vítima de infarto sem receber atendimento. Na terça-feira (9), dia do ocorrido, apenas um médico estava no local e abandonou o plantão.
Marcus Vinícius de Oliveira, secretário adjunto da Semusa, afirma que o profissional já havia abandonado o posto de trabalho outras vezes. “A secretaria está mantendo contato com o diretor da unidade frequentemente. E ele nos informou que já tinha chamado atenção do médico várias vezes depois que foi constatado que estava abandonando seus plantões. O último foi quando ele foi embora, a paciente precisou do atendimento e ele não estava lá. No dia que a paciente morreu, na lista de funcionários escalados para trabalhar constavam quatro médicos, mas só estava esse médico que abandonou o plantão, outro plantonista apresentou atestado e não foi trabalhar”, afirma o adjunto.
Nesta segunda-feira, em entrevista à Rádio Parecis FM, o prefeito Hildon Chaves foi além. “O médico abandonou o posto. A uma hora do término do plantão ele foi embora”. Hildon aproveitou para questionar reiterados atestados que são apresentados e muitas vezes depois se comprovam que os médicos estão em plantões da rede privada. Citou caso de um profissional que apresentou atestado para a Prefeitura, mas horas depois foi visto em selfies no Hospital de Guarnição do Exército e se divertindo. Curiosamente, segundo o prefeito, a maioria dos casos de atestado médico acontece aos finais de semana. Ele disse que já exigiu um cruzamento com dados da folha de pagamento do Estado e vai responsabilizar não somente os médicos que pedem, mas também os que concedem os atestados.
O caso da morte da paciente já está sendo apurado pela Semusa, que já instaurou um processo administrativo. “Nós abrimos um inquérito administrativo, assim que tivemos conhecimento do caso para saber o que ocorreu e o porquê esse médico abandou seu local de trabalho. O inquérito tem o prazo de 15 dias para ficar pronto e assim que sair o resultado nós vamos poder tomar as devidas providências que a lei determina”, diz.
Ainda sobre o caso dos atestados, Marcos Vinícius explica que a Semusa vem enfrentando esse grande problema há algum tempo. “Nós constatamos que alguns funcionários estão apresentando vários atestados, principalmente quando o plantão é no fim de semana. Normalmente esses atestados são apresentados por médicos. Esse já é um problema que estamos apurando para tentar resolver e evitar que casos como este do profissional que abandou o serviço se repitam”, diz.
O secretário adjunto lembra que recentemente houve um outro rumoroso caso de um médico que estava de plantão no município apresentou um atestado e foi flagrado trabalhando em outro hospital no mesmo horário em que era para ele estar na unidade de saúde atendendo os pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Controle
Para controlar entrada e saída dos funcionários, a Semusa pretende instalar pontos eletrônicos. “Nós estamos fazendo um plano de ação para ser colocado em prática em fevereiro que é a instalação do ponto eletrônico nas UBS para que a gente possa controlar o servidor em relação ao horário dele e evitar que esses casos de abandono de trabalho aconteçam. Também estamos fazendo o recadastramento dos servidores para saber quem está na cidade e se estão cumprindo sua jornada de trabalho”, esclarece.
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