MILAGRE NA SELVA - CONFIRA A HISTÓRIA DO DESAPARECIMENTO DO JOVEM CONTADA POR PROFESSORES EM CALAMA; VEJA FOTOS
Os professores José do Nazareno, Carlos Moreira e Aldamir Silva contam a história, direto do Distrito de Calama:
No dia 07 de janeiro último, uma quarta-feira pela manhã, Jodeilson Correia Martins, 18 anos, morador da Vila Maici, a aproximadamente 200 km ao norte de Porto Velho, saiu para caçar e desapareceu na mata próxima ao Igarapé Maici, fronteira natural entre os Estados de Rondônia e Amazonas. Já na mesma noite, uma parenta sua comunicou o desaparecimento ao subdelegado de Calama, Gilmar Neves, que avisou às autoridades em Porto Velho. A Vila de Calama, localidade habitada mais próxima do local do desaparecimento, mobilizou toda a comunidade com o objetivo de encontrar o rapaz perdido na Floresta Amazônica.
Várias equipes de mateiros (Senhores Belém, Paredes, Canarana, Ceará, Chico Vilanova, Maneco, Chapéu-do-Papa, entre outros) embrenharam-se na mata, guiando outros moradores e membros do Corpo de Bombeiros da capital e policiais de Calama. Enquanto isso, os moradores da Vila de Calama arrecadavam fundos e donativos para auxiliar as equipes de busca, num esforço conjunto de desprendimento e solidariedade humana. Durante vários dias, mesmo com tantos esforços, os grupos não obtiveram sucesso, apesar de encontrarem pistas de que o rapaz ainda estaria vivo.
Para surpresa de todos, após exatos dez dias de angústia vivida na selva fechada, na tarde do dia 16 de janeiro, por volta das 17 h, Jodeilson encontrou uma rota de fuga: às margens do Lago Jacundá, próximo ao Rio Machado, a cerca de 20 Km do local em que se havia perdido, deparou-se com uma roça de mandioca, o que indicava presença humana. E não deu outra. Ao ouvir latidos, gritou e aproximou-se da casa do lavrador Valmir Tenório, 49 anos, que trabalhava no local junto com familiares. O milagre esperado havia acontecido.
Em depoimento ao delegado de Calama, o rapaz afirmou ter-se perdido enquanto caçava, apesar de ter o hábito de caçar. Corri atrás da caça apenas uns cinqüenta metros dentro da mata fechada, mas me distraí e não soube voltar à trilha, afirmou Jodeilson.
SOBREVIVÊNCIA
Tendo consciência de que estava perdido, o jovem, apesar da pouca idade e de pouco conhecimento da área, utilizou-se muito bem dos recursos oferecidos pela mata, o que lhe garantiu a sobrevivência durante tanto tempo. Perguntado sobre como havia sobrevivido, o mesmo disse ter se alimentado de frutas e frutos (pama, abiu, tucumã, breu, escada-de-jabuti) e ter bebido da água da chuva acumulada nos ouriços da castanha-do-pará, semente bastante comum na região. Dormia em troncos e raízes de sapopemba, árvore também comum na região, de raízes salientes, o que permite uma proteção contra predadores naturais. Segundo o mesmo, chegou a cair de uma árvore ao dormir, sofrendo grande tombo. Em alguns momentos de desespero, pensei em desistir. Mas continuei, afirmou Jodeilson. Cheguei a ouvir os fogos de artifício disparados pela equipe de mateiros, mas não conseguia encontrar o caminho. Mesmo perdido por tanto tempo e diante das condições enfrentadas, o jovem aparentava boas condições de saúde e bastante lucidez. Foi examinado pela equipe de saúde que se encontrava no Distrito de Calama e liberado em seguida. Consciente, já banhado e alimentado, despediu-se das pessoas, agradecendo muito o esforço conjunto, e seguiu para Maici ao encontro de seus familiares.
Não há relato de desaparecimento tão longo na selva com desfecho igual. Vários moradores antigos de Calama ainda estavam surpresos com o reaparecimento de Jodeilson, sem a ajuda de ninguém. No dia 16 ainda chegavam ao distrito de Calama 16 militares do 54 BIS de Humaitá, Amazonas, e as três equipes de mateiros e bombeiros ainda estavam embrenhados na selva, na tentativa de encontrar o garoto. Jodeilson ficou surpreso ao saber que as buscas só seguiriam até domingo dia 18 de janeiro, devido às dificuldades naturais encontradas pelas equipes de busca e salvamento. Eu consegui ser mais rápido do que eles, brincou Jodeilson.
Do acontecido ficaram várias lições, dentre as quais o imenso espírito de solidariedade da comunidade do Distrito de Calama, demonstrando que ainda é possível encontrar e cultivar valores tão esquecidos na sociedade dita moderna. Todos os esforços foram voluntários, e era visível a alegria no rosto de cada morador ao saber do milagre que a selva havia permitido acontecer.
No dia 07 de janeiro último, uma quarta-feira pela manhã, Jodeilson Correia Martins, 18 anos, morador da Vila Maici, a aproximadamente 200 km ao norte de Porto Velho, saiu para caçar e desapareceu na mata próxima ao Igarapé Maici, fronteira natural entre os Estados de Rondônia e Amazonas. Já na mesma noite, uma parenta sua comunicou o desaparecimento ao subdelegado de Calama, Gilmar Neves, que avisou às autoridades em Porto Velho. A Vila de Calama, localidade habitada mais próxima do local do desaparecimento, mobilizou toda a comunidade com o objetivo de encontrar o rapaz perdido na Floresta Amazônica.
Várias equipes de mateiros (Senhores Belém, Paredes, Canarana, Ceará, Chico Vilanova, Maneco, Chapéu-do-Papa, entre outros) embrenharam-se na mata, guiando outros moradores e membros do Corpo de Bombeiros da capital e policiais de Calama. Enquanto isso, os moradores da Vila de Calama arrecadavam fundos e donativos para auxiliar as equipes de busca, num esforço conjunto de desprendimento e solidariedade humana. Durante vários dias, mesmo com tantos esforços, os grupos não obtiveram sucesso, apesar de encontrarem pistas de que o rapaz ainda estaria vivo.
Para surpresa de todos, após exatos dez dias de angústia vivida na selva fechada, na tarde do dia 16 de janeiro, por volta das 17 h, Jodeilson encontrou uma rota de fuga: às margens do Lago Jacundá, próximo ao Rio Machado, a cerca de 20 Km do local em que se havia perdido, deparou-se com uma roça de mandioca, o que indicava presença humana. E não deu outra. Ao ouvir latidos, gritou e aproximou-se da casa do lavrador Valmir Tenório, 49 anos, que trabalhava no local junto com familiares. O milagre esperado havia acontecido.
Em depoimento ao delegado de Calama, o rapaz afirmou ter-se perdido enquanto caçava, apesar de ter o hábito de caçar. Corri atrás da caça apenas uns cinqüenta metros dentro da mata fechada, mas me distraí e não soube voltar à trilha, afirmou Jodeilson.
SOBREVIVÊNCIA
Tendo consciência de que estava perdido, o jovem, apesar da pouca idade e de pouco conhecimento da área, utilizou-se muito bem dos recursos oferecidos pela mata, o que lhe garantiu a sobrevivência durante tanto tempo. Perguntado sobre como havia sobrevivido, o mesmo disse ter se alimentado de frutas e frutos (pama, abiu, tucumã, breu, escada-de-jabuti) e ter bebido da água da chuva acumulada nos ouriços da castanha-do-pará, semente bastante comum na região. Dormia em troncos e raízes de sapopemba, árvore também comum na região, de raízes salientes, o que permite uma proteção contra predadores naturais. Segundo o mesmo, chegou a cair de uma árvore ao dormir, sofrendo grande tombo. Em alguns momentos de desespero, pensei em desistir. Mas continuei, afirmou Jodeilson. Cheguei a ouvir os fogos de artifício disparados pela equipe de mateiros, mas não conseguia encontrar o caminho. Mesmo perdido por tanto tempo e diante das condições enfrentadas, o jovem aparentava boas condições de saúde e bastante lucidez. Foi examinado pela equipe de saúde que se encontrava no Distrito de Calama e liberado em seguida. Consciente, já banhado e alimentado, despediu-se das pessoas, agradecendo muito o esforço conjunto, e seguiu para Maici ao encontro de seus familiares.
Não há relato de desaparecimento tão longo na selva com desfecho igual. Vários moradores antigos de Calama ainda estavam surpresos com o reaparecimento de Jodeilson, sem a ajuda de ninguém. No dia 16 ainda chegavam ao distrito de Calama 16 militares do 54 BIS de Humaitá, Amazonas, e as três equipes de mateiros e bombeiros ainda estavam embrenhados na selva, na tentativa de encontrar o garoto. Jodeilson ficou surpreso ao saber que as buscas só seguiriam até domingo dia 18 de janeiro, devido às dificuldades naturais encontradas pelas equipes de busca e salvamento. Eu consegui ser mais rápido do que eles, brincou Jodeilson.
Do acontecido ficaram várias lições, dentre as quais o imenso espírito de solidariedade da comunidade do Distrito de Calama, demonstrando que ainda é possível encontrar e cultivar valores tão esquecidos na sociedade dita moderna. Todos os esforços foram voluntários, e era visível a alegria no rosto de cada morador ao saber do milagre que a selva havia permitido acontecer.
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