Rondônia, 28 de dezembro de 2024
Geral

Ministério Público pede anulação da licitação do lixo em Porto Velho

O Ministério Público de Contas pediu a anulação do processo de licitação da prefeitura de Porto Velho, para a contratação de novas empresas para a coleta, transporte e destinação do lixo na capital. A concorrência pública já vinha sendo denunciada pela imprensa desde sua primeira fase, a de habilitação das interessadas, por conta das inúmeras irregularidades, bem como seu direcionamento para duas empresas do Espírito Santo que se uniram para formar um consórcio, o F&M Construtora.


Ao reavaliar o processo, Érika Saldanha disse ter detectado “diversos e gravíssimos vícios atinentes à composição dos preços – além de outras irregularidades -, que, por si só, demandam o desfazimento do processo licitatório, por anulação”.

Em seu parecer encaminhado ao relator do processo no Tribunal de Contas, o conselheiro Wilber Coimbra, a procuradora considerou como os principais a ausência de dotação orçamentaria específica para os serviços e a defasagem na planilha de composição de custos em relação aos preços de mercado. Praticamente todas as irregularidades apontadas já tinham sido objeto de denúncias, inclusive de recursos contra a continuidade da licitação, porém a prefeitura se defendia utilizando sempre o mesmo argumento de que o edital tinha recebido aprovação do Tribunal de Contas.

Ao reavaliar o processo, Érika Saldanha disse ter detectado “diversos e gravíssimos vícios atinentes à composição dos preços – além de outras irregularidades -, que, por si só, demandam o desfazimento do processo licitatório, por anulação”.

A procuradora sugere ainda que a prefeitura induziu o Tribunal de Contas “à errônea interpretação dos fatos”, por meio de “diversas adaptações realizadas no edital e seus anexos”, e conclui que o interesse público “corre seríssimos riscos de ser devorado por condutas patológicas dos gestores públicos e outros”, citou.

No parecer ao conselheiro Wilber Coimbra, a procuradora inclui outras situações, como a não observação dos salários e outros benefícios assegurados aos trabalhadores do setor em convenção coletiva, aumento da tarifa dos ônibus e adicional de insalubridade, calculados sobre o salário mínimo de 2015 e não sobre o vigente atual.

A representante do Ministério Público no TCE levantou também suspeição com relação à algumas empresas. Para ela, causa “estranheza” o fato de que algumas tenham aceitado participar de uma licitação com preços defasados. “Teriam tais empresas acordado previamente com a administração um futuro reequilíbrio contratual? Se não por isso, por quais outras razões aceitaram prestar os serviços por preços abaixo do praticado no mercado”, questiona. Mais adiante, chama à reflexão, em tom de reprovação. “Propositadamente, quis a administração manter o edital com previsão de preços defasados como metodologia para afastar empresas sérias da disputa?”.

Ao final, após longa explanação que preencheu 15 páginas, destacando sempre “confabulações e arranjos” junto aos participantes para “promover uma licitação totalmente viciada na origem, com preços inexequíveis que podem conduzir a desastrosos aditivos”, a procuradora Érika Saldanha acentua não enxergar outra situação que se adeque melhor à proteção do interesse coletivo, “senão a imediata anulação da fase externa do certame, evitando-se assim a contratação danosa e desastrosa aos cofres públicos”.

O parecer da procuradora foi encaminhado no dia 1º de agosto ao conselheiro Wilber Coimbra, que poderá determinar a anulação do processo licitatório que já rendeu tanta polêmica e denúncia na imprensa e na Câmara Municipal.

SIGA-NOS NO

Veja Também

BARRANCO DESABA NA CAPITAL COM MAIS DE 10 CARRETAS

Vídeo mostra local onde barranco desabou com mais de 10 carretas na Capital

Defesa Civil monitora área onde barranco cedeu com 12 carretas e uma camionete

Jean Oliveira novamente cobra muro de arrimo de contenção na margem do rio Madeira