Rondônia, 22 de novembro de 2024
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Nível do Rio Madeira já é maior que o registrado no início da cheia histórica de 2014

Morador mostra o quanto igarapé subiu nos últimos dias (Foto: Pedro Bentes/RONDONIAGORA)

Com os atuais 12,91 metros, alcançados nesta quarta-feira (3), o nível do Rio Madeira já é maior do que o registrado em janeiro de 2014, início da cheia histórica, quando a cota registrada foi de 12,65 metros. A informação é da Defesa Civil de Porto Velho que esclarece que as chuvas intensas na cabeceira do Rio Beni, na Bolívia, continuam contribuindo para o aumento do nível em Porto Velho, que em menos de 30 dias, subiu mais de três metros.

Conforme a Defesa Civil Municipal, no início da segunda quinzena de dezembro o Madeira estava com a cota de 9,37 metros e nesta quinta-feira (4) registra 12,69 metros. No mesmo período do ano passado, em janeiro de 2017, o nível do rio era 9 metros.

Com os números indicando uma possível cheia, a Defesa Civil já começa a colocar em prática o plano de contingência, que antecipa e trabalha a parte preventiva, mapeando e selecionando as primeiras famílias a serem removidas no caso de uma nova enchente. “Essa medida é essencial caso o rio atinja os 14 metros, cota de alerta estipulada pela Defesa Civil para a retirada de famílias em tempo hábil, antes da chegada das águas. Com esse nível já é possível haver inundação de residências em áreas de risco”, esclarece Marcelo Santos, coordenador da Defesa Civil Municipal (DCM).

Uma parte da ação do plano de contingência foi realizada na tarde desta quarta-feira (3), em comunidades do Bairro da Balsa, em Porto Velho, onde muitas famílias já estão apreensivas com o aumento no nível de canais que cortam as comunidades.

“Depois de dois dias de chuva, vimos que o canal aqui aumentou muito rápido. Antes do Natal, algumas crianças aqui da comunidade chegaram a jogar futebol em um campo que tinha aqui, agora a água alcançou até o alto da trave. Se tiver uma outra cheia, a maior parte da comunidade não tem para onde ir, pois a maioria não foi indenizada pelo Dnit na cheia histórica”, afirma o vigilante Raimundo Sousa, de 50 anos.

Marcelo Santos, coordenador da Defesa Civil de Porto Velho, explica que o órgão está monitorando áreas de risco (Foto: Francisco Abreu/RONDONIAGORA)

Além do Bairro Balsa, outros como o Nacional, São Sebastião e Triângulo também são monitorados. Mais de 800 famílias vivem nessas áreas de risco e podem ser afetadas pela enchente, informa a DCM.

Canais e igarapés
Segundo a Defesa Civil, as chuvas intensas que ocorrem na cidade, junto a cheia do rio, são as causas do aumento no nível dos canais, regiões que o Ministério da Integração define como manchas de inundações. Com esse aumento é comum também a chegada de visitantes indesejados que tem tirado o sono de comunidades a margem desses canais. Moradores do bairro da Balsa afirmam que cobras aparecem com frequência no Canal dos Milagres, que passa ao fundo de muitas casas. Segundo eles, esses bichos já são esperados nessa época do ano.

Com a possibilidade de uma nova cheia do rio Madeira e, consequentemente dos canais, alguns moradores do Bairro da Balsa afirmam que não têm para onde ir. É o caso de Nazareno Paulino da Silva, de 38 anos, que está desempregado. “Se houver uma nova enchente eu, particularmente, não tenho para onde ir com meus dois filhos. Fiz meu cadastro para receber um apartamento no condomínio Porto Madeira I, mas já estou há três anos esperando por isso. Na cheia histórica ficamos em um abrigo. Todo início de ano enfrentamos essa novela do Madeira. Ainda não nos informaram sobre o que farão com a gente, caso ocorra uma nova cheia. Quem tem lugar ou parentes na cidade vai, mas quem não tem ainda não sabe qual o seu destino”, lamenta Nazareno.

No entanto, a Defesa Civil alerta que alguns moradores que se encontram nessas áreas de risco já foram beneficiados por casas e apartamentos de programas sociais e outros que ainda aguardam a entrega das chaves. “Há vários tipos de famílias em situações diferentes. Caso ainda seja registrado um aumento do rio, as famílias que não tenham onde ficar serão encaminhadas para um abrigo único, que está dentro do plano de contingência da Defesa Civil. Essa semana iremos finalizar um levantamento do número de famílias que irão precisar da ajuda da Defesa Civil, caso ocorra uma enchente, além da realização de uma triagem para que possamos ver a quem iremos disponibilizar um apoio logístico para os moradores que já tenham um lugar seguro para ir”, afirma Marcelo Santos, coordenador da Defesa Civil.

Baixo Madeira
O aumento do Rio Madeira e o período de chuvas ainda causam um fenômeno bem conhecido pelos moradores do Baixo e Médio Madeira: “terras caídas”, que é um deslizamento de terra, provocado pela força da água que desestabiliza a parte superior dos barrancos.

Nesse ponto, a Defesa Civil monitora e alerta a população dessas regiões, sinalizando pontos suscetíveis a desbarrancamentos e recomendando descidas e atracagens mais seguras para embarcações.

Nível de igarapés e canais está subindo (Foto: Pedro Bentes/RONDONIAGORA)

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