No Dia das Mães, fotógrafa conta experiência de registrar partos humanizados na maternidade municipal
Poses, sorrisos, cenários diferentes são detalhes usados por muitos fotógrafos em ensaios para registrar momentos especiais da vida dos clientes, como a gravidez, aniversários, festas, união. Com esse olhar diferenciado, mas também com a vontade de eternizar a chegada de um bebê ao mundo, o momento em que mulheres deixam de ser filhas e passam a ser mães, ou são mães mais uma vez, Deise Kelly Dias Rocha, de 21 anos, desenvolve um projeto voluntário na Maternidade Mãe Esperança, em Porto Velho: o projeto ‘Nascer’.
Normalmente às quartas-feiras, o olho não sai do celular esperando pela ligação para registrar momentos de contração, dores, concentração e também de alegrias, de vida nova, de coração batendo acelerado. Detalhes que revelam a grandeza do sentimento que invade a vida das mulheres. A atividade de Deise Kelly é voluntária e iniciou após a frustração de não conseguir fazer o álbum do nascimento do próprio filho, Joaquim Pietro, de 1 ano.
“Era meu sonho ter parto normal e fotografado porque para mim esse é o momento mais especial na vida de uma mãe. Mas eu não consegui e, por isso, decidi me dedicar, aperfeiçoar e fotografar as mães que não têm condições de registrar esse momento mágico e único”, afirma a fotógrafa.
Depois de algum tempo do nascimento do filho, a profissional resolveu tornar esse desejo possível para outras mulheres. Desta forma, em 19 de outubro de 2017, aconteceu o primeiro registro do projeto ‘Nascer’, que beneficia famílias que sonham em ter o parto fotografado, de terem a “emoção do primeiro encontro com o seu filho registrada para a eternidade”, mas que não possuem condições financeiras para pagar.
“Mas não é só chegar e já fotografar. Antes, eu converso com a mulher, e com a família, falando um pouco sobre meu trabalho e deixo bem claro que as fotos serão publicadas nas redes sociais. Feito isso, elas assinam um termo e mesmo assinando esse termo eu tenho todo o cuidado de não denegrir a imagem delas. Eu tenho todo o cuidado de fazer a seleção e depois envio para elas. As mães escolhem, opinam sobre as que podem ser publicadas”, esclarece Deise reafirmando que nenhuma mãe é fotografada sem autorização.
E é pela rede social que a fotógrafa conta e mostra sobre o seu projeto. Para ela, cada nascimento está carregado de emoção, é o início de uma vida contada, também, através de fotos. “São registros que marcam um novo capítulo da vida de um pai, uma mãe e um novo ser que acaba de chegar para completar a vida de ambos”, avalia a fotógrafa que destaca que as imagens são publicadas no Facebook para divulgar o trabalho, mas passam por uma seleção, "até porque são fotos íntimas das mães no momento do parto”.
Em um dos casos registrados, Deise publicou o de Cleidiane, que ela considera ter tido um “parto incrível”. A futura mamãe estava acompanhada, o tempo todo, de sua mãe que dava força e ajuda. Nenhuma das duas sabia o sexo da criança que estava por chegar. A fotógrafa lembra que ao chegar à Maternidade Mãe Esperança, a grávida já estava com nove centímetros de dilatação, mas continuava em pé se movimentando para ajudar na chegada do bebê.
“Ela estava serena, com uma tranquilidade incrível, mas não demorou muito para que seu corpo começasse a fazer força naturalmente, chegando então à fase expulsiva. Até que nasceu Isadora, uma princesinha linda, muito cabeludinha, que se acalmou rápido quando deu o seu primeiro abraço em sua mãe”, recorda-se.
O trabalho é voluntário, mas Deise garante que é recompensada com a alegria e felicidade estampado no rosto de cada mãe. “O carinho que recebo e gratidão de cada mãe e da família delas é muito gratificante pra mim porque me dar forças pra continuar meu trabalho. Cada parto é uma emoção muito grande e única na minha vida porque estou fotografando aquela mãe e o seu bebê no momento mais feliz na vida dos dois. Tudo isso enche meu coração de alegria em saber que eu fiz uma mãe feliz e registrei o momento mais importante da vida dela”, diz emocionada.
O projeto Nascer era para ter duração de seis meses, mas já foi renovado. Como envolve a participação dos profissionais da saúde, Deise garante que o Nascer ainda ajuda a divulgar o trabalho de humanização do parto que a maternidade Mães Esperança vem realizando, mostrando que é possível ter um parto respeitoso e humanizado na rede pública.
Pós parto
O trabalho da fotografa não acaba no momento que a mãe dá à luz. O contato continua depois, pois, após o nascimento do bebê, ela entrega as fotos para as mamães todas editadas. O encontro é na casa da própria fotografada. “O legal de tudo isso é que a gente cria um vínculo com essas mães e fica marcado para sempre toda essa troca de carinho”, diz.
Neste domingo em que é comemorado o Dia das Mães, Deise Kelly destaca que todos os partos são especiais e marcantes, mas a história da primeira mãe fotografada por ela marcou sua vida para sempre. “A primeira mãe que fotografei passou por momentos complicados durante o trabalho de parto que duraram horas. O bebê nasceu com complicações e precisou ir para a incubadora. Após a mãe receber alta com seu filho, eu continuei acompanhando para saber o estado de saúde da criança e fui até a casa dela fazer novas fotos porque esse bebê fui muito forte e lutou pela vida”, finaliza a fotógrafa com um sorriso no rosto.
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