Paz em casa: audiências de violência domésticas estão sendo realizadas em todo estado

Enquanto no auditório do Fórum Sandra Nascimento, homens agressores assistiam ao filme "Vidas Partidas", que aborda justamente o tema da violência doméstica, na sala de audiências do
Juizado especializado no combate a violência familiar contra a mulher, mais casos dessa natureza estavam sendo analisados pelo juiz.
Seria mais um dia de rotina da Justiça não fosse a ênfase dada nesta Semana à campanha da Paz em casa, um esforço concentrado do Judiciário para dar visibilidade aos processos em que as mulheres são vítimas de violência doméstica. A exibição do filme faz parte de uma programação complementar que propõe a reflexão sobre a cultura do machismo e o ciclo da violência familiar.
Como integrantes do projeto Abraço, os agressores participam agora de sessões de terapia em grupo, em uma tentativa de mudança de comportamento com relação a violência. "O filme é um instrumento importante de transformação, que busca, a partir de situações muito semelhantes às vividas por eles, uma tomada de consciência com relação ao tratamento dados as suas companheiras", explicou Maria Inês Oliveira. Aline Sarges e Mariângela Onofre, do núcleo psicossocial do Juizado, também acompanharam o debate feito ao final da exibição.
As audiências concentradas da Semana da Paz em casa ocorrem ao longo de toda semana, em todas as comarcas do Estado. Já a programação cultural se estenderá durante a todo o mês de Março, o Mês da Mulher no Poder Judiciário de Rondônia.
Um dos pontos fortes da programação cultural é a exposição "O nome da resistência é mulher", da fotógrafa Marcela Bonfim, que retrata mulheres negras, ampliando a defesa dos direitos da mulher para o combate ao racismo.
As imagens capturadas pela fotógrafa, ao todo 14, impressas em madeira, abordam a beleza da negritude da mulher e trazem à tona a diversidade de cada universo feminino, revelando um traço em comum entre todas: a resistência.
"Agradeço o reconhecimento do Tribunal ao meu trabalho, que vai ao encontro do que a Justiça preconiza, a garantia essencial dos diretos humanos", disse Marcela na abertura da exposição.
Representando o presidente do TJRO, desembargador Sansão Saldanha, o juiz auxiliar da presidência Ilisir Bueno, destacou a amplitude do papel do Poder Judiciário que inclui a difusão e defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos. "Além de aplicar leis, o Tribunal de Justiça também tem função primordial de levar ao conhecimento as garantias constitucionais. Daí a importância de se promover os direitos da mulher, em data representativa mundialmente, que marca justamente a luta por reconhecimento da igualdade de gêneros no mais amplo aspecto", ressaltou.
O chamado Cine Reflexão (exibição do filme), também ocorreu simultaneamente no auditório do edifício-sede, mas com menos público que a sessão realizada no Fórum Sandra Nascimento. Mesmo assim foi feito debate que teve a participação dos psicólogos do Núcleo Psicossocial do Juizado da Violência doméstica e familiar contra a mulher, Aline Dantas e Cristiano de Paula. A participação de acadêmicos despertou a curiosidade sobre o projeto Abraço, sobretudo pela êxito que o projeto alcança.
"Gostaríamos que os servidores participassem mais, afinal a violência é muito mais frequente do que imaginamos e acontece em todas as classes sociais. Precisamos ainda refletir muito sobre isso", comentou Cristiano.
Na terça-feira, dia 7, às 19h na faculdade Fimca, o filme será exibido e debatido com o público estudantil. Também no dia 7, porém as 8h, as mulheres vítimas que frequentam o projeto Abraço também assistirão ao filme.
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