Período de férias escolares faz crescer número de trotes ao Samu em Porto Velho
O grande número de trotes passados ao Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) tem gerado congestionamento nas linhas telefônicas do órgão, dificultando o atendimento a quem realmente precisa de socorro. Somente em 2017, foram 1.337 registros de falsas ligações em Porto Velho. Número maior que no ano anterior, 2016, quando foram registrados 1.303 trotes. No período de férias escolares, essa prática aumenta e muitas pessoa reclamam da demora para ser atendidos.
A diretora do Samu, Marta Cavalcante, explica que existem casos de crianças passarem o dia inteiro ligando para a central de atendimento. Os números mostram que durante as noites do ano passado, o Samu registrou 539 ligações falsas e no período do dia foram registrados 798.
“A gente pede para os pais prestarem mais atenção nos seus filhos e verificarem o que realmente eles estão fazendo no celular, porque tem criança que passa o dia inteiro ligando pra nossa central e isso atrapalha nosso serviço. Já aconteceu da equipe passar mais de 30 minutos atrás de um endereço que não existe enquanto uma vítima pode estar entre a vida e a morte esperando para ser atendida”, explica a diretora.
Apesar da “brincadeira” aumentar no período de férias escolares, a diretora destaca que adultos também costumam ter essa prática. “Final e início de ano geralmente esses números aumentam porque as crianças estão de férias e, como muitas delas, usam aparelhos celulares eles acabam passando trote para o 192 como uma forma de diversão. O que mais nos impressiona é que adultos estão entre essas pessoas que praticam esse tipo crime”, afirma a diretora.
Trabalhando na central de atendimento há dois anos, Bruna Carla, confirma que durante o período da tarde e noite aumentam os números de trotes. “Os mais frequentes são trotes praticados por crianças que ligam de orelhão xingando a gente, principalmente no horário que elas estão saindo das escolas, chegando a ligar mais de 20 vezes. Os adultos também ligam pra central principalmente durante a noite e madrugada falando imoralidades, às vezes passam endereço de acidente que não existe e, infelizmente, nós temos que deslocar uma ambulância quando não conseguimos identificar que é trote”, relata a atendente.
O médico Franc Arruda trabalha no Samu há mais de 10 anos e deixa um alerta para a população. “Nós pedimos que a população não ligue pra gente passando trote porque isso é crime e por causa de uma ligação falsa nós podemos deixar de salvar uma vida. As ligações passam por uma triagem e mesmo assim, às vezes, a gente ainda acaba caindo no trote e se deslocando até o endereço falso. Quero deixar um alerta para os adultos porque, a maioria das vezes, eles não sabem o que seus filhos estão fazendo e eles têm que educar e saber da importância de utilizar um serviço”, alerta.
Em relação a lei aprovada para punir quem passa trote para serviços como Samu, PM e Corpo de Bombeiros, a diretora do Marta Cavalcante diz que é difícil identificar o autor da ação. “Nós sabemos que existe uma lei que pude quem comete esse tipo de crime, mas ela é um pouco falha porque pra gente identificar o dono do aparelho tem que fazer uma solicitação para a operadora. Eles identificam o proprietário e posteriormente nós registramos o boletim de ocorrência para que depois possamos notificar a pessoa. Então, isso é leva um tempo muito grande, mas mesmo assim o procedimento é feito. Todo o mês a gente junta todos os trotes recebidos em nossa central, registra um boletim de ocorrência e faz o que a lei pede, que é punir quem comete esse crime com a multa de R$1.000”, diz.
Neste ano, há projetos que devem ser desenvolvidos para tentar conscientizar a população, como palestras nas escolas para informar aos alunos sobre a importância de não fazer ligações falsas para o Samu e pit stop nos sinais com distribuição de panfletos educativos.
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