Rondônia, 18 de novembro de 2024
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Policlínica Oswaldo Cruz amplia especialidades para garantir saúde e bem estar a idosos

Equipes do Programa de Saúde do Idoso na Policlínica Oswaldo Cruz, coordenadas pelo médico geriatra Christopher Rosa, atendem diariamente pacientes crônicos [hipertensos, diabéticos, portadores de câncer de próstata ou com sinais de demência]. “Até 2050 o mundo terá 131,5 milhões de pessoas convivendo com a demência em países de baixa e média renda, e até lá, um quinto do planeta será formado por idosos”, ele alerta .


– Fumando, o senhor sabe para quem dá lucro?
– Eu sei, é pra fábrica…
– Sim, e para quem mais? …para o coveiro também.

Em tom de brincadeira, mas conscientizando, Christopher mantém animadamente esse tipo de diálogo com pacientes dependentes do cigarro. Infunde em cada um deles o estímulo para viver melhor.

A cada semana a POC elabora um ou dois diagnósticos novos de demência e depressão. Dos 519 mil moradores em Porto Velho, 30 mil (5.78%) são idosos. Doenças crônicas controladas pelas equipes multidisciplinar e interdisciplinar aparecem em pessoas na faixa de 75 a 79 anos.

A POC trabalha em consonância com a Organização Mundial de Saúde, que classifica como idosa a pessoa acima dos 60 anos.

O consultório C-30 e outros da Ala Cupuaçu recebem a clientela durante o expediente das 7h às 19h. Pelo menos 20 por dia, até 150 por semana em trabalho preventivo.

Na visão de Christopher, atualmente a POC oferece o melhor: o tratamento conjunto. “O geriatra não é o dono do paciente, mas sim, o gerente”, ele garante.

Em síntese, segundo ele, quem chega ao geriatra “jamais perderá” seu neurologista, endocrinologista ou o ortopedista. “Essa união de esforços evidencia o alto valor dos cardios, otorrinos, oftalmos e pneumologistas, e brevemente o programa será mais amplo com o empenho total de nutricionistas e fisioterapeutas”, explica Christopher.

Faz parte das equipes o cirurgião osteometabólico, doutor Luiz Fernando Tikle, responsável por diagnósticos para o tratamento adequado das desordens do metabolismo ósseo, especialmente a osteoporose pós-menopausa e senil e outras.

“A POC trabalha no sentido de evitar a refratura [tornar a fraturar um osso que havia sofrido fratura e cujo calo se formou defeituoso]”, ele diz.

Essas e outras situações evitam a ocupação de leitos hospitalares por tempo determinado. Menos comorbidades facilitam o atendimento, entende o coordenador.

Segundo Christopher, a iatrogenia [doença com efeitos e complicações causadas como resultado de um tratamento médico] também deve ser vista com redobrada atenção. “Atendemos diversas situações em que a família deixa de atender o doente, permitindo-se a agressões verbais e psicológicas, e quando isso ocorre entre pessoas de baixa renda, é grave”, comenta.

A filosofia da POC, portanto, atende à avaliação global do idoso, cuja primeira aplicação ocorreu na década de 1930 com a médica inglesa Marjory Warren. Conhecida por “mãe da geriatria”, ela foi chamada para coordenar um grande hospital de doentes crônicos, em Londres, onde notou que idosos ali internados, mesmo recebendo excelentes cuidados de enfermagem, não recebiam alta médica.

Desta maneira, ela sentiu a necessidade de se avaliar de forma global cada um desses pacientes, por meio de diagnósticos mais precisos e identificação de problemas individuais, o que permitia propor a reabilitação multiprofissional mais adequada.

Para o coordenador, o bom senso deve não apenas existir, mas prevalecer. “Não se dispensa ninguém, porque hoje o que mais pesa para esse doente é o abandono e o dissabor de se inclinar à inevitável depressão”.

Sintonia de pensamento e busca de tratamento: em março deste ano, a médica psiquiatra Thaís Campos, da Equipe Multidisciplinar do Hospital de Base Ary Pinheiro comentava a “quase impossibilidade” de se diagnosticar a depressão por exames. “Geralmente, ela é confundida com a tristeza normal, e os sintomas podem passar despercebidos nas famílias”, alertava.

Destacando o artigo 15 do Estatuto do Idoso, Christopher recomenda “trazer para perto o paciente e valorizar o trabalho em conjunto das equipes da POC e do SUS (*)”.

“A pessoa idosa precisa ter dignidade para viver e para morrer, e o Estado lhe oferece isso em sua finitude”, observa o médico coordenador.

Ele chama de terapia alimentar a difusão de dietas na saúde pública. Ou seja, não fornece receitas, enfatizando o estilo e o modo de vida como determinantes para a pessoa só nutrir do necessário.

“Mostro-lhes esses quadros [apontando a parede] com veias e tecidos do coração, pulmão, rins, fígado, intestino e outros órgãos, para alertá-los a respeito dos excessos de qualquer alimento, seja do açaí ou da carne por exemplo. Se o paciente alimentou-se corretamente na juventude, cuidou bem das faculdades físicas, mentais, e teve sono preservado, sua qualidade de vida o fará desfrutar de possível longevidade”.

Conforme o IBGE, a atual expectativa de vida do homem é de 75,5 anos em média, e da mulher, 79,1.

Em janeiro deste ano, o psicólogo da Secretaria de Assistência e do Desenvolvimento Social, Thiago Sitta, disse que a família “acaba superprotegendo o idoso, e com isso a sua liberdade e autonomia ficam fragilizadas, bem como, suas escolhas quanto a sua vida. Essas pessoas precisam de suporte social e inserção comunitária”.

“Os idosos se mantêm ativos fisicamente e sexualmente. As pessoas precisam entender isso, e tranquilizar esse grupo social, colocando-o para frente”, recomendou Thiago.

Um dado de indispensável consideração e tão preocupante quanto demência e depressão é a qualidade de vida. E Porto Velho está a dever nesse aspecto, embora na capital funcionem alguns programas para idosos. Ela é a segunda pior capital para se viver, segundo o estudo Desafios da Gestão Municipal divulgado em abril deste ano. Em primeiro lugar está Macapá (AP). Depois de Porto Velho classificam-se, negativamente, Maceió (AL), Belém (PA) e São Luís (MA).

“Investimentos feitos pelo Governo de Rondônia são bons, essenciais ao bom momento vivido pela POC. Eu sou crítico da frase erroneamente dita e repetida no País: gastos em saúde do idoso; não é gasto, é investimento”.

(*) Art. 15 do Estatuto do Idoso: “É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos”.

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