Prefeitas Juliana Roque e Rosani Donadon falam sobre a importância das mulheres na política
A busca por igualdade, reconhecimento e representatividade ainda fazem parte do cotidiano feminino em vários seguimentos. Na política, por exemplo, a maioria dos eleitores são mulheres, 52%, mas presença feminina ainda é reduzida, tanto que precisa de uma lei que estabeleça cotas mínima.
No cenário político de Rondônia, as mulheres ocupam duas cadeiras na Câmara Federal e apenas uma na Assembleia Legislativa. No senado, não há representantes mulheres.
Na parte do Executivo, o estado nunca foi governado por uma mulher, assim como a capital Porto Velho. No universo de 52 municípios, apenas sete são administrados por mulheres: Alto Paraíso (Helma Amorim), Cacoal (Glaucione Rodrigues), Chupinguaia (Dra Sheila), Pimenta Bueno (Juliana Roque), São Francisco do Guaporé (Gislane Lebrinha), Seringueiras (Leonilde Garde) e Vilhena (Rosani Donadon).
O RONDONIAGORA conversou com as prefeitas de Pimenta Bueno e Vilhena sobre o papel da mulher na política e como conciliar os compromissos políticos com filhos, marido e família.
Juliana Roque
Aos 33 anos, casada e com dois filhos, Juliana Roque é a segunda mulher a administrar Pimenta Bueno e tenta dividir os créditos do trabalho com toda a equipe técnica. “Acredito que houve, por parte da população, a vontade de ver novamente uma mulher a frente da prefeitura. E me sinto feliz por ter sito a escolhida! Sinto também muita responsabilidade. Sei da esperança e expectativa que a população tem em nosso mandato. O ponto alto dessa administração que costumo dizer, não é da Juliana Roque, é de todo corpo técnico, dos secretários e de toda administração, se formos bem, todos, inclusive a população será a mais beneficiada”.
Juliana é casada com o deputado estadual Cleiton Roque e destaca que nunca foi vereadora e nem ocupou cargo público. “Eu faço parte, eu diria do ‘novo da política’. Sou jornalista, dona de casa, mãe, acompanhei meu marido em quatro pleitos eleitorais e me familiarizei. Lancei-me candidata a prefeita, nunca fui vereadora e nem ocupei cargo público. E graças a Deus e ao povo de Pimenta Bueno fui vitoriosa. Vivo os frutos da minha primeira campanha”, destaca a prefeita.
Num universo ainda de predomínio masculino, Juliana acredita que esse cenário tende a mudar, mas ainda faltam muitos degraus a serem percorridos, muita evolução para que a mulher ocupe mais ainda papeis de grande representação na sociedade.
“A presença da mulher no poder público fortalece a democracia e creio que sensibilidade feminina faz a diferença no meio político. A mulher como gestora, executa o que falaria pra ser feito, se estivesse na condição de primeira-dama. Tenho procurado consolidar meu trabalho na promoção e garantia dos direitos dos munícipes, oportunizando acessos iguais a carreira para homens e mulheres por meio de uma política pública coletiva”, enfatiza.
E em meio a tantos compromissos, responsabilidades e pessoas para cuidar, Juliana ainda tem tempo para se dedicar a família e a si própria e diz que é prazeroso dividir-se desta forma. “Encontro força na oração, na presença de Deus, que é uma parte minha e do meu esposo que não abrimos mão na nossa vida. Estar no meio do povo, em reuniões, conduzindo assuntos de relevância para o futuro do nosso município é isso que nos propomos em fazer e quero finalizar meu mandato deixando o espaço da mulher na política, inclusive que eu tenha sucessora, porque não? Por isso. neste mês, semana e dia da mulher deixo o convite a todas as mulheres, ano eleitoral mais ainda: lugar de mulher também é na política, participando, colocando o carinho o jeito mulher de fazer política”, finaliza a prefeita.
Rosani Donadon
No Cone Sul de Rondônia, Rosani Terezinha Donadon pertence a uma família conhecida no meio da política e fala, que a discriminação ainda é grande, chegando ao ponto de questionar a capacidade. “Tem outro universo de ser mãe, dona de casa, tudo isso se prende na hora de tomar decisões. Se você não tiver um acordo com seu marido acaba dando brigas. É um universo muito masculino. Mas por causa disso, a gente tem uma responsabilidade enorme que é ser mãe, dona de casa, cuidar da família, abrir mão de tudo isso é difícil, ou tentar conciliar, como eu tento fazer”, afirma Rosani.
Apesar de nunca ter ocupado cargo político eletivo, Rosani participa da política há 25 anos e já foi secretária de ação social de Vilhena. “Sempre ajudei meu marido nas campanhas e na gestão municipal dele em várias prefeituras. Sempre que Melki (Donadon) viajava, ele pedia para eu corresse nas secretarias para acompanhar o andamento do trabalho. Administrar hoje é bem normal, porque já fazia parte do meu dia a dia também”.
Todo o conhecimento, pode ajudar a prefeitura de Vilhena a administrar melhor o município que vem de uma gestão marcada por denúncias de fraudes e com prisão do gestor. “É a primeira vez que uma mulher administra Vilhena. Olha o tamanho da minha responsabilidade. Tenho que administrar para dar certo porque é um exemplo que vai ficar, é meu legado que vou deixar, vai ficar para as outras mulheres”, diz a prefeita que destaca como pontos fortes de sua administração, saúde, educação e ação social.
Sobre a mulher ganhar mais espaço no meio político, se dividir entre cuidar da casa, dos filhos, da família e da cidade, Rosani afirma que é verdadeira, transparente e demonstra que está preocupada com a pessoas, mas admite que é difícil. “Muitas vezes saio com um aperto no coração vendo os filhos reunidos, mas são compromissos reuniões e seu dever, tenho ir. Mas eu tento conciliar, o tempo que tenho procuro ficar em casa, dar atenção a eles (filhos) e conversar sempre, mesmo que seja por telefone ou whatsapp, para estar presente em casa”, finaliza a prefeita.
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