"Mãos que acolhem" registra altos índices de violência sexual
Cerca de 22 casos de violência contra crianças e adolescentes foram registrados nos dois primeiros meses da implantação da sala especial na delegacia especializada no atendimento à criança e ao adolescente da comarca de Ariquemes, através do projeto "Mãos que Acolhem", de autoria do juiz Rinaldo Forti Silva. Os casos com maior incidência foram de abuso sexual intra-familiar. A sala foi instalada no município para para viabilizar a execução do projeto "Mãos que acolhem", que visa utilizar um ambiente humanizado para atender crianças e adolescentes vítimas de violência sexual diminuindo danos psicológicos, já no primeiro contato da vítima com a delegacia.
De acordo com o idealizador do projeto, juiz Rinaldo Forti, normalmente a família age como um organismo, que na iminência de ser atingido desenvolve meios para se proteger. Geralmente encontra na negação e na busca de desacreditar a criança esse meio. No entanto, isso é terrível para a vítima, pois além de ser violentada ainda tem que suportar o estigma de ser mentirosa e causadora do abalo familiar. Como se não bastasse, tem ainda que continuar convivendo com o agressor e, não raro, suportar a reiteração da violação. A criança violentada pode apresentar problemas com o sono, depressão, isolamento, agressividade, mudanças de conduta, achar que o corpo está sujo, medo de pessoas, lugares. Essa situação causa danos irreparáveis, que perseguirão a vítima por toda sua vida.
O projeto é pioneiro no Brasil e está ganhando força por tem um diferencial:os atendimentos são realizados na primeira fase, considerada a mais crítica, e a vítima recebe apoio psicológico imediato. Órgãos como Ministério do Desenvolvimento Social ficou entusiasmado com o projeto e estuda a possibilidade de enviar representantes para conhecer a realidade do "Mãos que Acolhem".