"O ESTADO DE S.PAULO": GOVERNO ERRA NÚMEROS DO DESMATAMENTO EM RONDÔNIA
Após consulta do Estado, diretor do Inpe reconhece que números divulgados em outubro estavam errados
Erramos, disse ao Estado o diretor do Inpe, Gilberto Câmara. Segundo ele, houve uma dupla contagem de áreas desmatadas que já tinham sido detectadas pelo sistema Prodes e foram novamente computadas pelo sistema Deter - os dois programas de monitoramento por satélite da floresta. Erramos e corrigimos. Os números (divulgados em outubro) não têm mais validade.
Os números divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em outubro sobre o desmatamento na Amazônia estavam errados, segundo apurou o Estado. Os dados mostravam que a taxa de derrubada da floresta havia aumentado 8% nos meses de junho a setembro em comparação com o mesmo período de 2006 - incluindo um aumento explosivo de 600% dos índices em Rondônia. A área desmatada de fato, porém, foi bem menor do que o divulgado.
Erramos, disse ao Estado o diretor do Inpe, Gilberto Câmara. Segundo ele, houve uma dupla contagem de áreas desmatadas que já tinham sido detectadas pelo sistema Prodes e foram novamente computadas pelo sistema Deter - os dois programas de monitoramento por satélite da floresta. Erramos e corrigimos. Os números (divulgados em outubro) não têm mais validade.
Câmara diz que os novos números do Deter, divulgados quarta-feira, estão corretos. O relatório, que traz dados de agosto a dezembro, mostra um crescimento alarmante do desmatamento nos últimos dois meses de 2007. Os dados foram estritamente checados várias vezes e verificados com todo o cuidado.
Segundo o novo relatório, o desmatamento em agosto na Amazônia foi de 243 km2, e não 723 km², como divulgado em outubro - uma redução de 66%. Com relação a setembro, a estimativa foi reduzida de 1.383 km² para 611 km² desmatados, queda de 56%. O Maranhão, que aparecia antes com 41 km2 desmatados, zera em setembro com a correção. Os números revisados para junho e julho não foram divulgados pelo Inpe, por isso não foi possível calcular a variação acumulada dos quatro meses.
Em Rondônia, o desmatamento foi bem menor do que o originalmente divulgado. Em agosto, foram derrubados 54 km² de floresta, e não 179 km². Em setembro, o número foi corrigido de 295 km² para 84 km². Todos os outros Estados da Amazônia também tiveram desmatamento menor do que o divulgado em outubro. O novo relatório não faz uma comparação com os meses de 2006. O Estado solicitou ao Inpe os dados históricos de desmatamento, mês a mês, mas foi informado de que a única pessoa autorizada a divulgar as informações era o coordenador do Programa Amazônia do instituto, Dalton Valeriano, que está no Japão.
Os dados do relatório de outubro foram amplamente divulgados na imprensa nacional e internacional, quebrando uma seqüência de dois anos de boas notícias sobre a redução do desmatamento. A notícia caiu como um balde de água fria sobre o Ministério do Meio Ambiente, colocando em xeque a competência do governo em conter a destruição da floresta frente ao reaquecimento dos mercados internacionais de soja e carne.
Segundo Câmara, a revisão dos números não altera o fato de que o desmatamento cresceu de forma alarmante nos últimos meses de 2007 e que medidas urgentes são necessárias para controlar a devastação. Em resposta ao novo relatório, o governo decretou corte de crédito para cidade que desmataram, fiscalização de fazendas, recadastramento de imóveis rurais e reforço da Polícia Federal na região.
MÁSCARA
Segundo Câmara, o erro no relatório anterior foi detectado no final de dezembro, quando a equipe do Inpe fazia a consolidação dos dados do Deter de 2007 e percebeu que os números estavam muito altos. O problema, segundo ele, foi uma falha do software que analisa as imagens dos satélites, seguida de um erro humano por parte dos técnicos, que falharam ao não detectar o erro.
O sistema foi projetado para ignorar clareiras antigas e enxergar apenas novos desmatamentos, de modo que as ações de fiscalização possam ser direcionadas para esses locais. Para isso, a cada novo cálculo, uma máscara digital é aplicada automaticamente sobre as áreas já desmatadas. Só que, no relatório anterior, a máscara foi colocada de maneira errada, permitindo que áreas já computadas como desmatadas pelo Prodes ficassem expostas e continuassem a ser contadas como novos desmatamentos pelo Deter. Segundo Câmara, a nota sobre o erro seria divulgada na semana que vem.
A sobrecarga de trabalho no instituto também teria contribuído para o problema, diz Câmara. Até 2005, os dados consolidados do Prodes levavam um ano para serem preparados e divulgados, o que praticamente impedia o governo de reagir às flutuações do desmatamento em tempo hábil. De lá para cá, os dados passaram a ser compilados em poucos meses após o fim do calendário de desmatamento, que vai de 1º de agosto de um ano a 31 de julho do seguinte. O último relatório do Prodes foi divulgado em dezembro, mostrando queda de quase 60% do desmatamento em relação a 2004. Entre agosto e novembro, a ênfase do Inpe foi em fazer o Prodes, disse. A equipe continuou a fazer o Deter, mas não checou os dados com o detalhe que deveria. Segundo ele, o aparato disponível para o monitoramento está aquém do necessário. Para fazer o que a gente faz, com a equipe que a gente tem, é trabalho de herói.
Erramos, disse ao Estado o diretor do Inpe, Gilberto Câmara. Segundo ele, houve uma dupla contagem de áreas desmatadas que já tinham sido detectadas pelo sistema Prodes e foram novamente computadas pelo sistema Deter - os dois programas de monitoramento por satélite da floresta. Erramos e corrigimos. Os números (divulgados em outubro) não têm mais validade.
Os números divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em outubro sobre o desmatamento na Amazônia estavam errados, segundo apurou o Estado. Os dados mostravam que a taxa de derrubada da floresta havia aumentado 8% nos meses de junho a setembro em comparação com o mesmo período de 2006 - incluindo um aumento explosivo de 600% dos índices em Rondônia. A área desmatada de fato, porém, foi bem menor do que o divulgado.
Erramos, disse ao Estado o diretor do Inpe, Gilberto Câmara. Segundo ele, houve uma dupla contagem de áreas desmatadas que já tinham sido detectadas pelo sistema Prodes e foram novamente computadas pelo sistema Deter - os dois programas de monitoramento por satélite da floresta. Erramos e corrigimos. Os números (divulgados em outubro) não têm mais validade.
Câmara diz que os novos números do Deter, divulgados quarta-feira, estão corretos. O relatório, que traz dados de agosto a dezembro, mostra um crescimento alarmante do desmatamento nos últimos dois meses de 2007. Os dados foram estritamente checados várias vezes e verificados com todo o cuidado.
Segundo o novo relatório, o desmatamento em agosto na Amazônia foi de 243 km2, e não 723 km², como divulgado em outubro - uma redução de 66%. Com relação a setembro, a estimativa foi reduzida de 1.383 km² para 611 km² desmatados, queda de 56%. O Maranhão, que aparecia antes com 41 km2 desmatados, zera em setembro com a correção. Os números revisados para junho e julho não foram divulgados pelo Inpe, por isso não foi possível calcular a variação acumulada dos quatro meses.
Em Rondônia, o desmatamento foi bem menor do que o originalmente divulgado. Em agosto, foram derrubados 54 km² de floresta, e não 179 km². Em setembro, o número foi corrigido de 295 km² para 84 km². Todos os outros Estados da Amazônia também tiveram desmatamento menor do que o divulgado em outubro. O novo relatório não faz uma comparação com os meses de 2006. O Estado solicitou ao Inpe os dados históricos de desmatamento, mês a mês, mas foi informado de que a única pessoa autorizada a divulgar as informações era o coordenador do Programa Amazônia do instituto, Dalton Valeriano, que está no Japão.
Os dados do relatório de outubro foram amplamente divulgados na imprensa nacional e internacional, quebrando uma seqüência de dois anos de boas notícias sobre a redução do desmatamento. A notícia caiu como um balde de água fria sobre o Ministério do Meio Ambiente, colocando em xeque a competência do governo em conter a destruição da floresta frente ao reaquecimento dos mercados internacionais de soja e carne.
Segundo Câmara, a revisão dos números não altera o fato de que o desmatamento cresceu de forma alarmante nos últimos meses de 2007 e que medidas urgentes são necessárias para controlar a devastação. Em resposta ao novo relatório, o governo decretou corte de crédito para cidade que desmataram, fiscalização de fazendas, recadastramento de imóveis rurais e reforço da Polícia Federal na região.
MÁSCARA
Segundo Câmara, o erro no relatório anterior foi detectado no final de dezembro, quando a equipe do Inpe fazia a consolidação dos dados do Deter de 2007 e percebeu que os números estavam muito altos. O problema, segundo ele, foi uma falha do software que analisa as imagens dos satélites, seguida de um erro humano por parte dos técnicos, que falharam ao não detectar o erro.
O sistema foi projetado para ignorar clareiras antigas e enxergar apenas novos desmatamentos, de modo que as ações de fiscalização possam ser direcionadas para esses locais. Para isso, a cada novo cálculo, uma máscara digital é aplicada automaticamente sobre as áreas já desmatadas. Só que, no relatório anterior, a máscara foi colocada de maneira errada, permitindo que áreas já computadas como desmatadas pelo Prodes ficassem expostas e continuassem a ser contadas como novos desmatamentos pelo Deter. Segundo Câmara, a nota sobre o erro seria divulgada na semana que vem.
A sobrecarga de trabalho no instituto também teria contribuído para o problema, diz Câmara. Até 2005, os dados consolidados do Prodes levavam um ano para serem preparados e divulgados, o que praticamente impedia o governo de reagir às flutuações do desmatamento em tempo hábil. De lá para cá, os dados passaram a ser compilados em poucos meses após o fim do calendário de desmatamento, que vai de 1º de agosto de um ano a 31 de julho do seguinte. O último relatório do Prodes foi divulgado em dezembro, mostrando queda de quase 60% do desmatamento em relação a 2004. Entre agosto e novembro, a ênfase do Inpe foi em fazer o Prodes, disse. A equipe continuou a fazer o Deter, mas não checou os dados com o detalhe que deveria. Segundo ele, o aparato disponível para o monitoramento está aquém do necessário. Para fazer o que a gente faz, com a equipe que a gente tem, é trabalho de herói.
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