Rondônia completa hoje 35 anos de instalação e se posiciona como um estado em desenvolvimento
Rondônia saltou de uma região desacreditada para uma das unidades federativas que mais avançam no Brasil. É o que acredita aqueles que acompanharam o período de transição de Território para Estado. Ao refletirem sobre os 35 anos de instalação completados neste 4 de janeiro, a sensação é de orgulho pelos avanços conquistados. Naquela época quando o novo Estado ainda surgia tudo era muito precário. Os moradores relatam que faltava desde alimentos a transportes.
A BR-364, por exemplo, principal via de escoamento e transporte do Estado, na época do Território, era uma estrada de difícil tráfego. Para os que precisavam transitar por ela era preciso enfrentar os atoleiros no inverno amazônico e muita poeira no verão. Coube ao coronel Jorge Teixeira de Oliveira a missão de fazer do Território o novo Estado do Brasil, incumbência que ele cumpriu em 22 de dezembro de 1981 quando foi criado por lei o Estado e que foi festejado em 4 de janeiro de 1982 com a instalação. Teixeira tornou-se o primeiro governador de Rondônia.
Entre as primeiras providências de Teixeira para transformar o Território em Estado foi fazer uma viagem para conhecer todos municípios. A ideia era ter governos itinerantes. O primeiro destino foi Vilhena. Lá Teixeira pode comprovar os graves problemas que precisariam ser superados . No trecho entre Pimenta Bueno e Vilhena havia mais 1.500 carros atolados, inclusive com pessoas doentes. A situação foi levada ao presidente da República por meio de relatório pedindo providências.
Atoleiro na BR-364
Em cada município que Teixeira chegava encontrava novas dificuldades, a principal delas era considerada a falta de energia. Na época, segundo os moradores, a energia gerada por motores a diesel funcionava precariamente. A região também era marcada por brigas por terra que em muitos casos eram ”solucionadas” por pistoleiros. Foi preciso muito esforço de autoridades e da própria população para que o Estado começasse a avançar rumo ao desenvolvimento.
Muitos municípios rondonienses surgiram de uma iniciativa pioneira no Brasil, os Núcleos de Apoio Urbano criados por Teixeira. Outra contribuição para a criação do Estado foi a colonização no início da década de 80 quando Teixeira teve autorização para convidar pessoas para morar em Rondônia. Muitos chegaram nessa época, mas muitos também morreram porque havia muita malária na região. Os que ficaram são marcados pelo heroísmo de ter resistido às peculiaridades e dificuldades de um estado amazônico.
A professora Maria de Nazaré Figueiredo, 67 anos, reforça que foi preciso superar muitos obstáculos ao longo dos anos. Ela chegou a Rondônia em 1972 quando ainda era Território. ‘‘Andei muito nessa BR-364 quando só era dos municípios: Porto Velho e Guajará-Mirim. A infraestrutura do Território era muito pequena e as dificuldades muito grandes’’.
E acrescenta: ‘‘Louvo todo o trabalho do Jorge Teixeira, mas quando ele chegou aqui todo esse trabalho para transformar em Estado, a meu ver tinha iniciado com o governador Humberto Guedes, que inclusive trouxe a Suder para ministrar muitos cursos em Porto Velho. Aqui não tinha nível superior, muitos profissionais vinham de fora’’, conta ela que fez parte da primeira turma de nível superior de iniciativa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1974.
‘‘Com a instalação do Estado melhorou muito. Muitos migrantes já tinham formação. Para se ter ideia da carência de mão-de-obra qualificada na época do Território, eu fazia parte de uma comissão que elaborava as provas e sai daqui de Porto Velho nos núcleos urbanos aplicando as provas. Só a partir de 77, que as provas eram aplicadas pelos profissionais da própria localidade’’, disse a professora.
Para Nazaré, ‘‘as pessoas deviam se sentir honradas de morar nesse Estado’’.
Rondônia é um dos poucos estados a conseguir fechar as contas no azul e tem um dos menores índices de desemprego no país. Tem a sua economia voltada para o agronegócio. O cultivo da soja é considerado um dos produtos de ponta do agronegócio rondoniense, representa cerca de 40% das exportações. Tem o sétimo maior rebanho do país, com mais de 13 milhões de cabeças de gado e é o maior produtor de tambaqui em cativeiro do Brasil. Um estado que avança na contramão da crise.
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