Secretário garante que não assinou pedido de recolhimento de livros e diz não ter ideia de como documento foi gerado
O secretário de Estado da Educação, Suamy Vivecananda, atendeu jornalistas na tarde desta sexta-feira (7) para apresentar a versão oficial sobre a determinação de recolhimento de livros da rede pública de ensino “com conteúdos inadequados a crianças e adolescentes”, que causou polêmica em todo o Estado na última quinta-feira (6). Entre os autores que teriam obras censuradas em Rondônia estariam nomes como Machado de Assis, Euclides da Cunha, Nelson Rodrigues e Rubem Fonseca.
Segundo o secretário o documento “é apenas um rascunho”, que tramitava internamente, não tinha a assinatura conclusa dele. “O documento não está concluso e não passou pela assessoria técnica que deixaria ele apto para eu assinar. Agora, de onde originou, ele é assinado, mas não com a assinatura conclusa que é a minha e eu não tive acesso a esse documento. O que se tem, é uma assinatura eletrônica. Obedecendo a hierarquia, muitos documentos, a exemplo desse, batem na assessoria técnica, antes de chegar na figura de quem assina convulsivamente e volta. Esse é um que não prosperou e não foi assinado por mim. Agora, lá embaixo, aqueles que estão discutindo a ação, automaticamente encaminharam, mas a assessoria técnica não chegou a ter acesso a isso”, esclareceu.
Questionado se a Seduc sabe de quem foi a ideia de criar o pedido, o secretário disse não saber. “O objeto são denúncias que vem e imediatamente nós vamos apurar. Os técnicos da secretaria, que geralmente encaminham qualquer tipo de pedido para frente ou retira, mas isso não significa que vai prosperar. De onde partiu a ideia da criação do pedido eu não sei”, disse.
O secretário disse ainda que os livros não foram considerados inadequados. “Eles não são considerados inadequados no ponto de vista teórico a meu ver. Agora, quem fez a denúncia entendeu como inadequado e a partir daí puxa-se toda e qualquer denúncia para ser analisada friamente e foi o que aconteceu”, explicou o secretário.
A denúncia recebida, segundo Suamy Vivecananda, afirmava que o livro tinha palavrões. “Mas eu não tenho conhecimento de qual livro se trata e nem de que escola partiu essa denúncia. Isso compete aos técnicos fazerem a avaliação. São clássicos da literatura brasileira, que tem grupos que entendem assim. Mas tem que ser analisado para podermos dar uma resposta sequencial a população. Nesse momento, a centralização dos técnicos em cima do objeto que é uma espécie de denúncia, é analisar e fazer um levantamento”, disse.
Agora, ressalta o secretário, o Governo irá fazer uma apuração do ocorrido. “Nós não podemos acusar ninguém sem avaliar a situação. Precisamos ser prudentes, porque senão a gente termina queimando etapas, agredindo e caluniando alguém que não tem nada a ver. Então, é algo que o Governo vai levantar para saber por onde tramitou isso para podermos chegar a uma razão”, disse Suamy Vivecananda
Sobre o recolhimento dos livros das escolas, o secretário garantiu que nenhuma obra será retirada. “São clássicos da literatura, fomos nós que adquirimos. Não existe a possibilidade de a Secretaria comprar um conjunto de volumes clássicos da literatura brasileira e estrangeira e ao mesmo tempo dizer que não vão ser levado para as escolas”, finalizou o secretário Suamy Vivecananda.
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